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SÃO PAULO
Seminário sobre economia do audiovisual debate a execução de políticas públicas para a diversidade no setor
Fotos: Tarcisio Boquady/MinC
A execução de políticas públicas para a diversidade na indústria cinematográfica brasileira e a dimensão econômica do mercado foram abordados nesta terça-feira (29) no Seminário Economia Audiovisual e Interseccionalidades, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo.
Promovido pela Secretaria do Audiovisual (SAV) do Ministério da Cultura (MinC), o evento visa ressaltar a força econômica do segmento, direcionando o foco para grupos historicamente sub-representados e as oportunidades da economia criativa.
A iniciativa faz parte do processo de formulação do Plano de Diretrizes e Metas (PDM) do Audiovisual Brasileiro (2025-2034), instrumento que irá estabelecer os caminhos da política de industrialização do setor para os próximos dez anos.
O segundo dia do encontro foi aberto com a mesa Da Constatação à Efetivação de Políticas Públicas para a Diversidade no Audiovisual, mediada pelo diretor de Formação e Inovação da SAV, Rodrigo Antônio.
“Nos interessa muito uma reflexão iniciada no Circula MinC Audiovisual, de que os debates das interseccionalidades de raça, gênero, diversidade e acessibilidade não são um tema à parte, mas questões estruturantes da política pública e transversais aos eixos que regem o PDM”, explicou ele, citando o processo de escuta e coleta de proposições, objetivos e metas realizado nas cinco regiões do país para a construção do Plano.
Para a presidenta da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (Apan), Tatiana Carvalho Costa, o audiovisual tem importância fundamental no modo como forjamos a identidade nacional. “Se no futebol a gente se se entende como nacionalmente pertencente a uma dinâmica própria, desenvolvida em sua maioria por pessoas negras, eu gostaria que esse orgulho de pertencimento também estivesse no audiovisual”.
A fundadora do +Mulheres Lideranças do Audiovisual Brasileiro, Debora Ivanov, elencou dados de pesquisas da Agência Nacional do Cinema (Ancine) para falar sobre a participação das mulheres no audiovisual brasileiro: “Segundo relatório sobre o período 2018-2019, apesar das mulheres representarem apenas 19% da direção das obras lançadas nas salas de cinema, elas fizeram 39% do público e 44,5% da renda. Abrir mais oportunidades para as mulheres não é uma questão de justiça social, mas também de inteligência econômica”, salientou.
Também participaram da conversa a presidenta da Associação de Profissionais Trans do Audiovisual (APTA), Rastricinha Dorneles; a idealizadora do Vidas Negras com Deficiência Importam (VNDI), Luciana Viegas; e a integrante da Katahirine – Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas, Karen Pataxó.
Arte e mercado
O último debate do dia teve como tema Entre Arte e o Mercado: as Dimensões Econômicas do Audiovisual. “Um dos objetivos desse seminário é discutir que tipo de modelo econômico nós queremos construir e com base em que premissas, mas entendendo que constituímos o setor audiovisual com diálogos com outras áreas. Essa conversa traz tanto perspectiva de se pensar o audiovisual com as perspectivas econômicas e industriais a partir de suas interseccionalidades e de que forma isso impacta e é impactado por outros segmentos”, frisou o coordenador-geral de Difusão e Internacionalização na SAV, André Araujo, e mediador da mesa.
“No audiovisual nós temos 90 mil empregos formais. O valor adicionado e o emprego equivalem à indústria química. É hora de vermos o audiovisual como indústria, e também como arte, a partir de processos inovadores, e termos um olhar sobre esse contexto de filmes que têm potência de atrair público”, observou o secretário de Regulação da Ancine, Tiago Mafra.
O supervisor de Audiovisual e Economia Criativa na Gerência de Inovação da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), Christiano Braga, salientou a importância da articulação entre audiovisual e turismo. “Quando você promove o Brasil para atrair o turista internacional está trabalhado com percepção e interesses específicos, e um deles diz respeito à imagem e ao pensamento. A gente entende a importância do audiovisual como uma janela de promoção do país e de mudança de concepção fora do Brasil em relação à nossa imagem”, comentou.
A mesa contou ainda com as presenças da assessora da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda (MFAZ), Ligia Toneto, e do representante da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Luiz Gustavo Medeiros.
Grupos de Trabalho
Na parte da tarde foram realizadas as atividades dos Grupos de Trabalho Interseccionalidades: Negritudes, Indígenas, Gênero, Diversidade e Acessibilidade e Economia, Indústria e Mercado Audiovisual.
Programação
30 de outubro de 2024 (quarta-feira)
Cinemateca Brasileira - Sala Oscarito
10h às 11h30 - Mesa Tendências e públicos para diferentes janelas audiovisuais
11h30 às 13h - Mesa Audiovisual, responsabilidade social, filantropia e sustentabilidade no Brasil
Cinemateca Brasileira (turno vespertino)
Atividades restritas aos Grupos de Trabalho
14h30 às 17h - Reunião de pesquisas, dados e indicadores do Ecossistema do Audiovisual Brasileiro
14h30 às 17h - Reunião Formação, Profissionalização e demandas de qualificação do mercado audiovisual
17h às17h20 - Coffee break
14h30 às 18h - Reunião conjunta do Conselho Superior do Cinema e Comitê Gestor do FSA
Serviço
Seminário Economia Audiovisual e Interseccionalidades
Data: de 28 a 30 de outubro de 2024
Local: Cinemateca Brasileira (Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino – São Paulo)