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RIO DE JANEIRO
Seminário Internacional: economia do carnaval e fomento às indústrias criativas estiveram entre os temas dos debates do último dia
Foto: Filipe Araujo/MinC
Terminou nesta sexta-feira (9), no Rio de Janeiro, o Seminário Internacional de Políticas para a Economia Criativa: G20 + Ibero-América. O evento promoveu debates sobre o papel da cultura e da criatividade como veículo de desenvolvimento social. A programação, composta por palestras e painéis, reuniu produtores e fazedores de cultura, agentes públicos e especialistas no tema na Casa Firjan, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Mil e vinte pessoas passaram pelo espaço ao longo da semana.
O encontro Economia do Carnaval e suas Implicações nas Cidades trouxe a discussão sobre a festa popular dentro da perspectiva da cultura e da economia criativa. “O Carnaval, muitas vezes, é deixado de lado como linguagem cultural. É importante trazer para o centro dessa discussão dele como linguagem. Que se traduz na mais importante atividade cultural do país, em termos de número e de envolvimento de artistas, pesquisadores e pessoas em geral”, analisou a mediadora da atividade, a jornalista, produtora cultural e presidente da Sebastiana – Associação dos Blocos de Rua do Rio, Rita Fernandes.
Ela frisou que o debate mostrou a força desse setor do ponto de vista tanto da economia quanto da representatividade quando se fala das cidades que produzem a folia o ano inteiro. “Isso mostra que a economia criativa do setor vai além do período carnavalesco, gerando uma capacidade infinita de recursos, de desenvolvimento social, de geração de emprego e de renda. Que a gente possa ter o Carnaval inserido mais vezes, não só nos seminários, nos debates, mas também nas políticas públicas de fomento e na política pública nacional da cultura como um vetor fundamental para a dimensão simbólica e econômica da cultura brasileira e de desenvolvimento social”, aponta.
Mediador do debate Fomento e Financiamento às Indústrias Criativas, o gerente de Cultura e Arte da Firjan Sesi, Antenor Neto, destacou o papel da entidade no estímulo às artes.
“A Firjan trabalha para incentivar a cultura no estado do Rio de Janeiro por meio de programas da Firjan Sesi e de editais de chamamento. Iremos lançar, em breve, o Edital de Cultura Firjan Sesi 2024-2025 para ocupação dos nossos espaços culturais. Na formação cultural, trabalhamos com cursos livres nas áreas artísticas e técnicas de gestão e produção cultural, além de ações curriculares e extras curriculares nas 17 escolas Firjan Sesi espalhadas pelo estado”.
E acrescentou: “Por fim, a Casa Firjan realiza o Mapeamento da Indústria Criativa. Ele prova o potencial das atividades criativas da cultura e de outros segmentos, que geram trabalho, renda, impostos para todo o país”.
O painel Formação para Competências Criativas: Casos e Desafios, teve como objetivo explorar a temática formação para competências criativas, destacando a importância da educação e do desenvolvimento de competências criativas para fortalecer o setor cultural e impulsionar a inovação.
“As competências criativas são essenciais para profissionais em diversas áreas das indústrias culturais e criativas, incluindo artes, design, moda, cinema, música, publicidade e mídia digital”, lembrou a mediadora, a analista de Políticas Públicas no Sebrae Nacional e especialista em gestão de Políticas Culturais e Administração Pública, Cynthia Uchôa.
Participante da conversa, a superintendente do Sesi Lab, em Brasília, Cláudia Ramalho, comentou a importância do debate a respeito do tema nos dias atuais. “Falar de competências criativas é fundamental para esse mundo contemporâneo que vivemos, principalmente porque lidamos com questões relacionadas à inovação, à adaptabilidade, às soluções de problemas. Quando estamos falando no desenvolvimento de competências criativas, é importante pensarmos na abordagem diversificada que considere as necessidades e os recursos disponíveis que nós temos”, disse.
Mediado por Letícia Schwarz, subsecretária de Gestão Estratégica do MinC, o painel Arranjos de Gestão Pública Compartilhada de Equipamentos Culturais Públicos trouxe à tona as diversas possibilidades e desafios dessa abordagem, com destaque para a importância do envolvimento da sociedade civil.
“A gente aproveitou também nessa mesa para anunciar um seminário que deve ser realizado no final desse ano, sobre a gestão de equipamentos, ou seja, sobre a gestão compartilhada de equipamentos culturais”, disse Letícia Schwarz, subsecretária de Gestão Estratégica do MinC.
Rachel Gadelha, diretora presidenta do Instituto Dragão do Mar, compartilhou sua experiência na gestão de um complexo de diversos equipamentos culturais em Fortaleza, Ceará . E apontou sobre como fazer uma gestão que seja ao mesmo tempo comunitária, engajadora e administrativamente eficiente.
Após as falas focadas em experiências locais, o painel avançou para o debate das práticas internacionais, com a participação do André Gribnicow, diretor-executivo da Associação de Amigos do Museu Nacional de Belas Artes da Argentina, que explicou como a mobilização de recursos pela sociedade civil é essencial para a sustentabilidade de grandes museus.
Sandra Sergio, diretora-executiva do Museu de Arte do Rio (MAR), complementou a discussão, enfatizando a necessidade de respeitar o território cultural, ao qual os equipamentos pertencem.
No painel Economia Criativa em Movimento: O Papel dos Festivais como Catalisadores de Difusão e Circulação Cultural, mediado por Melina Hickson, empresária artística do Porto Musical, foram discutidos os impactos dos festivais de música na promoção da diversidade cultural, capacitação e na geração de renda.
A produtora contou sua experiência e destacou a evolução dos festivais, que passaram de eventos puramente musicais para plataformas de capacitação, informação e networking. "Antes, eram apenas festivais de música, mas agora eles precisam atrelar capacitação de uma cena, de um mercado", falou.
A discussão também abordou o papel dos festivais na difusão da música brasileira em toda sua diversidade. Segundo ela, além de fomentar a cena musical, os festivais têm a responsabilidade de promover a música em sua pluralidade de ritmos, gêneros e territórios.
O Seminário Internacional Políticas para Economia Criativa: G20 + Ibero-América é realizado pelo Ministério da Cultura do Brasil e pela Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). Integra a programação paralela da segunda reunião o Grupo de Trabalho de Cultura do G20 e, por meio de seus painéis e experiências em economia criativa, visa a reflexão sobre os princípios e desafios da Política Nacional de Economia Criativa - Brasil Criativo.