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RIO DE JANEIRO
Roda a saia, gira a vida: Flup 2024 homenageia Beatriz Nascimento
Foto: Aline Reis/Flup
A 14ª edição da Festa Literária das Periferias (Flup) segue até o dia 17 de novembro, no Rio de Janeiro. Com mais de 90% da programação composta por mulheres negras, a iniciativa celebra o caminho aberto por Beatriz Nascimento, mulher quilombola, historiadora, professora e poeta que está sendo homenageada nesta edição.
O Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Formação, Livro e Leitura (Sefli), participou da abertura, na segunda-feira (11), e da mesa Políticas Culturais do Livro e Leitura, na terça-feira (12). O debate promoveu trocas sobre a Política Nacional de Leitura e Escrita (PNLE) e a construção do novo Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL).
"A Flup é cria e criatura da periferia brasileira, da bibliodiversidade da literatura brasileira, uma literatura territorial também que traduz esse Brasil naquilo que o Paulo Freire dizia "para aprender a ler para escrever a nossa própria história. E muito mais naquilo que a Conceição Evaristo ensina para gente da escrevivência, do escrever, ver e viver”, aponta o Secretário de Formação, Livro e Leitura do MinC, Fabiano Piúba.
Para ele, a Festa é um ambiente de políticas públicas. E cita a presença da Lei Rouanet. “A Flup acontece, independente ou apesar do Estado, mas ela acontece. E existe com essa vibração porque tem um Ministério da Cultura, porque tem a ministra Margareth Menezes, e tem uma lei como essa tão importante e que traz uma forte relação de parceiros”, aponta o secretário do MinC.
Reconhecida em 2023 como patrimônio cultural de natureza imaterial pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, a Flup tem programação gratuita e para todas as idades.
“A Flup não existiria se, em outras gestões, não houvesse políticas populares, inclusivas, transformadoras. Esta gestão tem uma agenda particularmente relevante para duas pautas que estão no DNA da Flup: o livro e a questão racial, esta última particularmente importante neste novembro negro”, afirma o idealizador da Flup, Julio Ludemir.
Mesa
A mesa sobre as Políticas Culturais do Livro e Leitura foi realizada no dia 12, na Casa dos Processos Formativos Flup e Malê (Casa de Luzia), na Lapa (RJ). E contou com a participação da escritora Eliana Alves Cruz, do secretário de Formação Cultural, Livro e Leitura (Sefli), Fabiano Piúba, e do diretor do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas, Jéferson Assumção. A mediação foi do produtor cultural e escritor Raphael Ruvenal.
“A Flup mais uma vez dá mostra de sua força, como espaço fundamental das vozes periféricas criativas e críticas. Com 90% de mulheres em sua programação, a edição de 2024 aprofunda cada vez mais o debate sobre temas emergentes da sociedade brasileira. Na mesa de ontem, debatemos políticas culturais para o livro e a leitura e a construção do PNLL neste contexto”, afirma o diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas, Jéferson Assumção.
O diretor frisou ainda que a “casa estava cheia de vozes que estão construindo um Brasil de baixo para cima. A presença da escritora Eliana Alves Cruz em nossa mesa também foi fundamental para mostrar a potência de uma literatura que ao contrário de outros momentos não pede mais passagem, mas é o próprio espaço de inovações e possibilidades para a literatura contemporânea brasileira”, finaliza.
Saiba mais
A edição 2024 da Flup vem reverenciando o legado ancestral de Beatriz Nascimento, quilombola, historiadora, professora, poeta e ativista, que fez da palavra a sua maior ferramenta de revolução. A palavra que fala em primeira pessoa, marca seu tempo, rompe estigmas, instiga outras narrativas e novas possibilidades de existir. A palavra de Beatriz convoca a ação, a reflexão e o movimento.
“A Lapa se transforma em um quilombo. Com representantes de periferias regionais, raciais, étnicas e de gênero que se encontram em mesas de debates, batalhas de rima e nos shows que compõem a programação do festival. Um festival que este ano é composto por 90% de mulheres negras, herdeiras de um caminho aberto por Beatriz Nascimento”, afirma Daniele Salles, porta-voz da Flup, que, na solenidade de abertura, dividiu o palco e a fala com a artista Amanda Gabriela.