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ATRAÇÕES
Ritmos latinos com o tempero pernambucano da Academia da Berlinda embalam quarta noite do Festival da Cultura
Foto: Paulo Cavera
Música angolana, ritmos latinos e cultura popular nordestina. Foi com essa mistura que os integrantes da Academia da Berlinda embalaram o público que lotou o estacionamento do Centro de Convenções Ulysses Guimarães para celebrar mais um dia de Festival da Cultura, nesta quinta-feira (7). Matheus Prado, morador do Guará, região administrativa a 15 quilômetros do centro de Brasília, era uma das pessoas que esperava na plateia, animado com a possibilidade de ver os pernambucanos. “É uma banda que tem uma inspiração popular muito legal, com ritmos interessantes do nordeste do país, eu curto muito”, admitiu.
Fernanda Estevão saiu de mais longe. Ela mora em Samambaia, a cerca de 40 quilômetros do centro da cidade. Ela comemorou a oportunidade de ver, em Brasília, músicos do circuito alternativo do Nordeste. “Algo que é fora desse eixo Rio-São Paulo é muito necessário. É uma banda muito boa, só prova que a cultura está cada vez mais viva. Ver a Academia da Berlinda aqui, é pensar no futuro do Brasil que envolve muita cultura, cultura negra, popular, nordestina”, celebrou.
O vocalista do grupo, Tiné, se mostrou honrado em subir no palco do Festival da Cultura em mais uma noite de ingressos esgotados. “Nosso trabalho é totalmente influenciado pela cultura do nosso país. A gente bebe de outras culturas também, como a cultura latina, como a cultura africana, mas a gente tem um pé atolado na nossa cultura nordestina. É muito importante isso aqui que está acontecendo. Estar tocando numa noite em que o público está vindo para ver a Academia da Berlinda em um evento desse porte, é muita responsabilidade”. No palco, Tiné também reverenciou o retorno das políticas de cultura no país. “O Brasil nunca que pode ficar sem o Ministério da Cultura. O Brasil é a cultura!”
Diversidade cultural
As atrações artísticas no penúltimo dia da 4ª Conferência Nacional de Cultura (4ª CNC) foram uma demonstração de toda a diversidade que compõe a identidade nacional. Grupos de afoxé, apresentações de sincronia labial de drag queens, Hip-Hop baiano, rap indígena e o Boi de Parintins passaram pelo palco nesta quinta (7). UDI Santos, rapper e produtora cultural de Salvador, apresentou as músicas recém-lançadas em seu primeiro álbum como artista independente. Com versos que estimulam o empoderamento feminino e a autoestima da mulher negra, a cantora está otimista com os rumos da cultura. “A maior parte das mulheres que trabalham com a cultura Hip-Hop não vivem da cultura. Então, a minha luta, a minha vontade, é que esse fomento e que esse ‘acreditar’ volte, sabe? E que a gente não só acredite, mas que a gente viva da arte, do trabalho que a gente faz”, declarou.
Os integrantes do Brô MC´s, formado por cinco indígenas da etnia Guarani Kaiowá, também levantaram a plateia. O primeiro grupo de rap indígena do Brasil nasceu em 2009, misturando a cultura urbana e os versos de protesto do Hip-Hop, com o cotidiano da aldeia em que vivem, no Mato Grosso do Sul.
Bruno Veron, conta que aos oito anos de idade se encantou pelo rap, ouvindo Racionais MC´s e GoG, no rádio do pai, na aldeia. Desde então, escreve músicas para enaltecer a cultura indígena e denunciar preconceitos. “A gente sentia essa necessidade do povo Guarani ser ouvido, de serem escutados, sabe? Eu via que o meu povo estava precisando de alguma coisa, que pudessem falar por eles. Estamos aqui, trazendo um pouco dessa nossa realidade, porque aqui é um lugar da cultura. Trazer um pouco do nosso trabalho para cá, mostrar para eles que o nosso trabalho também está aí na cena. Não só como um rap, mas como um rap indígena cantando na sua língua, cantando na sua originalidade”, comemorou.
Parintins
O vermelho e o azul do Boi de Parintins também coloriram o Centro de Convenções Ulysses Guimarães no quarto dia de Conferência. Caprichoso e Garantido dividiram o palco para celebrar a cultura amazônida e emocionaram as delegações do Norte do país.
Beatriz Calheiros saiu do Amazonas para participar da 4ª CNC e estava orgulhosa de ser ver representada no evento. “Aqui a gente consegue traduzir, para além da possibilidade de uma apresentação artística, aquilo que é a nossa história, a nossa memória, a nossa identidade”, festejou.
Realização
A 4ª CNC é realizada pelo MinC e pelo Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), e correalizada pela Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI). Além disso, conta com apoio da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso Brasil).
O Festival da Cultura, que também integra a programação, é apresentado e patrocinado pelo Banco do Brasil, com realização do MinC e do CNPC, correalização da OEI e apoio da Flacso Brasil.