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RESTAURAÇÃO
Referência mundial de arquitetura, Capanema recebe visita de comitiva do MinC
Foto: Filipe Araújo/MinC
Ícone da arquitetura moderna brasileira, o Edifício Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, recebeu uma comitiva do Ministério da Cultura (MinC), liderada pela ministra Margareth Menezes, na manhã desta terça-feira (11). Também conhecido como Palácio Capanema, o prédio passa por um processo de restauro desde 2018. A conclusão das obras está prevista para 2024, quando o edifício poderá se candidatar a patrimônio cultural reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
“Vamos entregar essa obra para a sociedade com todo esse potencial histórico que temos aqui. Vamos entregar isso ao povo e ao Brasil. Vai ser uma grande festa”, prevê a ministra.
Ela defendeu que a restauração do Palácio Capanema deve ser registrada em imagens, conservando, dessa forma, a trajetória da obra arquitetônica entregue à população em 1945. “É o resgate da memória, é o resgate da cultura moderna, o ponto principal da nossa arquitetura moderna. E essas histórias precisam ser recontadas”, defendeu.
O presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, explicou o motivo do atraso na entrega da obra. As dificuldades envolvem a gestão anterior do Poder Executivo Federal. A venda do Palácio foi anunciada em 2021, porém, a proposta de venda do Edifício Gustavo Capanema foi rechaçada por setores culturais e representantes da sociedade civil. “É um edifício de grande relevância para o modernismo e, principalmente, para a cultura do nosso País. A superintendência do Iphan aqui no Rio não deu a devida importância aos servidores. Nosso primeiro movimento foi de escutar os trabalhadores que estavam trabalhando aqui ”, detalhou ao comentar, também, o isolamento dos servidores do MinC sediados no Capanema.
Grass adiantou que o prédio, referência mundial de arquitetura, voltará a ser ocupado pelos servidores da Cultura advindos do MinC, Fundação Cultural Palmares, Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e o próprio Iphan. A obra, avalia, devolve ao Capanema uma de suas funções históricas: “Historicamente, foi aqui que as pessoas se reuniram para defender a cultura. E é também um lugar que reuniu as representações da gestão cultural ao longo da história brasileira, ou seja, daqui desse prédio nasceu Brasília, nasceu um conjunto importante de bens culturais. Daqui nasceram projetos e políticas públicas da cultura brasileira”.
Servidora do Iphan envolvida na obra da restauração, Danielli Cristina Borelli Cintra diz que a expectativa é de encerrar os reparos em maio de 2024. Uma primeira etapa envolveu, dentre outras áreas, os jardins. A segunda, trabalhou a fachada do prédio. A terceira e última fase trata da estrutura interna.
Participaram da visita e a secretária dos Comitês de Cultura do MinC, Roberta Martins; a presidenta da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Maria Marighella; o diretor Executivo da entidade, Leonardo Lessa; e o superintendente do Iphan no Rio de Janeiro, Paulo Vidal.
O Edifício
A construção do Palácio começou em 1937, durante o governo Getúlio Vargas, para abrigar os ministérios da Saúde e Educação. Entre os envolvidos no projeto e realização estão renomados arquitetos, como Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Lúcio Costa e Jorge M. Moreira. Seu nome é uma homenagem ao ex-ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema. Na chefia de seu gabinete, estava o poeta Carlos Drummond de Andrade.
Tombado pelo Iphan em 1948, o Palácio Capanema ocupa uma área de 27.536 metros quadrados, possui 16 pavimentos e tem como projetista de seus jardins o reconhecido artista plástico e paisagista Burle Marx.