Notícias
SEMINÁRIO
Reconstrução por meio da Cultura é tema de debate promovido pelo MinC em parceria com o MEC
Foto: Alex Gomes
Tal qual diz a canção do rapper Emicida, o segundo dia de painéis do Seminário Nacional de Cultura e Educação: Aprender para Construir, foi marcado por sorrisos e lágrimas. O evento realizado na manhã desta quinta-feira (15) integra o Seminário Nacional de Cultura e Educação – Aprender para Construir, realizado pelos Ministérios da Cultura (MinC) e da Educação (MEC).
Mediadora da mesa Experiências e boas práticas nas relações entre a educação formal e informal – Tempo Integral e Educação Integrada, Jakeline Sol, iniciou sua participação com um relato forte sobre traumas vividos na infância. Episódios superados com ajuda de seu engajamento social e artístico. “A Cultura é capaz de nos reconstruir”.
Em seguida, a palestra do professor Maurício Virgulino, vice-presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação (ABPEducom), apresentou projetos de educomunicação, como Adeola: Princesas Guerreiras (Sorocaba), Releitura (envolvendo bibliotecas comunitárias em Pernambuco), Educomunicação e Saúde Mental (São Paulo e Minas Gerais), Instituto Mureru (Santarém), Projeto Onda (Distrito Federal).
De acordo com a ABPEducom, o formato tem como conceito “um paradigma orientador de práticas sócio-educativo-comunicacionais, que têm como meta a criação e fortalecimento de ecossistemas comunicativos abertos e democráticos nos espaços educativos, mediante a gestão compartilhada e solidária dos recursos da comunicação, suas linguagens e tecnologias, levando ao fortalecimento do protagonismo dos sujeitos sociais e ao consequente exercício prático do direito universal à expressão”.
Paulo Pires do Vale, filósofo português que participou da elaboração do plano nacional de educação em seu país, foi enfático: “Não sei o que é Educação sem Cultura e Cultura sem Educação”. Para ele, desperdiçamos o uso de nossas potências de múltiplas linguagens, como dança e artes plásticas. “A cultura não foi feita para enfeitar o mundo, mas sim para transformar. Infelizmente, nem todos perceberam ainda a importância da arte e do patrimônio”, lamentou.
“Falta de educação é não entender que a educação vem da cultura”, provocou outro debatedor, Alemberg Quindins, docente com pós-graduado em Arqueologia Social.
Trabalho em Portugal
Desde 2009, segundo Paulo, Portugal já alcançou metade de agrupamentos escolares no desafio de materializar a junção de cultura e educação. Para isso, foram trabalhados quatro eixos. O primeiro trata de negar que a mudança na escola, por si só, promova a verdadeira transformação. “Não podemos pensar uma escola como um lugar fechado. Precisamos da aldeia toda”.
Enraizar o pensamento de que todos os professores são agentes culturais é a ideia do segundo eixo. Já o terceiro, passa pelo conceito de uma democracia cultural, com igualdade de direitos. O último é não fazer apenas atividades eventuais. É preciso permanência.
Reencontro emocionante
Um pouco mais tarde, a mediadora Jakeline se viu em uma feliz coincidência. Acompanhada de Paulo Victor, policial e servidor do Ministério da Justiça, ela abraçou uma participante do evento, a professora Naine Terena, servidora da Secretaria de Formação, Livro e Leitura do MinC. “A família dela nos ajudava na divulgação de dança, teatro, em Cuiabá. Isso começou há 30 anos. Fiquei sabendo que Naine estaria no seminário e vim aqui reencontrá-la”, explicou Paulo. “Eu também fui aluna da Naine”, completou Jakeline. Naine não conteve as lágrimas.