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BALANÇO
Prêmio Carolina Maria de Jesus recebeu mais de 2600 inscrições de obras literárias inéditas
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A literatura de autoria feminina mostra sua força. É o que aponta o relatório inicial do Prêmio Carolina Maria de Jesus de Literatura Produzida por Mulheres 2023, promovido pelo Ministério da Cultura (MinC). O balanço das inscrições, encerradas no dia 10 de junho, mostra que 2.623 mulheres estão concorrendo. Todas as regiões brasileiras e o Distrito Federal estão representados.
Homenageando uma das mais importantes escritoras brasileiras, o Edital Prêmio Carolina Maria de Jesus vai agraciar 40 obras inéditas escritas por mulheres com um valor total de R$ 2 milhões, sendo R$ 50 mil para cada escritora, o que torna a premiação literária a maior do país. O MinC recebeu 534 obras na categoria contos, 222 crônicas, 659 romances, 14 histórias em quadrinhos e 1.088 poesias.
De acordo com a Coordenadora-geral de Livro e Leitura da pasta, Andressa Marques, é simbólico que um prêmio literário tão representativo da diversidade de vozes e pertencimentos das escritoras tenha recebido um número expressivo de inscrições. “Isso diz muito sobre a potência da literatura criada pelas mulheres e da importância de ampliarmos as possibilidades de circulação dessa literatura”, afirma.
Foram reservadas ao menos 20% das vagas para mulheres negras (oito obras premiadas, no mínimo); 10% para mulheres indígenas (quatro obras premiadas, no mínimo), 10% para mulheres com deficiência (quatro obras premiadas, no mínimo), 5% para mulheres ciganas e 5% para mulheres quilombolas (duas obras premiadas de cada categoria, no mínimo). A iniciativa foi importante para garantir a diversidade de trabalhos inscritos e premiados.
Agora, a comissão organizadora vai se dedicar à habilitação dos trabalhos inscritos, avaliando se as propostas cumpriram todas as regras previstas no edital. Aquelas que não cumprirem os requisitos serão eliminadas automaticamente.
Atendendo aos prazos previstos no edital, a Comissão de Habilitação fará a análise das inscrições até a primeira quinzena de julho. A lista preliminar das obras e autoras classificadas e as não classificadas será publicada no site do Ministério da Cultura.
Edital inovador
O Edital do Prêmio Carolina Maria de Jesus foi o primeiro a ser construído com aplicação de linguagem simples, direito visual e design editorial, o que o tornou mais acessível e inclusivo. O documento em formato inovador foi resultado de uma parceria do Ministério da Cultura (MinC) com o ÍRIS | Laboratório de Inovação e Dados do Governo do Ceará.
As técnicas utilizadas tiveram o objetivo de facilitar o acesso às informações para cidadãs e cidadãos, com recursos para melhorar a experiência de leitura dos usuários. O edital parte dos princípios da acessibilidade, do direito ao atendimento e da facilidade de compreensão como inovações e nova abordagem na entrega do valor público.
Foi veiculada uma versão que evita termos técnicos, jargões jurídicos, estrangeirismos e siglas sem explicar o significado. Com tudo isso, o Ministério pretendeu democratizar o acesso do público às informações e às oportunidades, além de facilitar o entendimento da comunicação escrita do governo como um diálogo para o exercício da cidadania.
Carolina Maria de Jesus
O título do Prêmio homenageia uma das mais importantes escritoras brasileiras do século 20: Carolina Maria de Jesus. Mulher negra, periférica, mãe solteira, catadora de material reciclável e autora de obras reconhecidas dentro e fora do País. Em seu primeiro livro, Quarto de despejo: o diário de uma favelada, publicado em 1960, Carolina demarca questões sociais, resistência e a paixão por escrever. A obra foi traduzida em 13 línguas e vendida em mais de 40 países.
Carolina também foi cantora e compositora, revelou em sambas e marchinhas a sua luta política e cultural. Sua arte também mostrava o cuidado, o amor e a garra para criar seus três filhos: João José de Jesus, José Carlos de Jesus e Vera Eunice de Jesus Lima, que estará presente no lançamento da premiação.
Nascida em Sacramento, Minas Gerais, em 14 de março de 1914, Carolina é autora, dentre outras publicações, dos livros Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada; Provérbios; Pedaços da fome e Diário de Bitita. Faleceu aos 62 anos, em 13 de fevereiro de 1977.