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PATRIMÔNIO CULTURAL
Patrimônios imateriais do Brasil, modo de fazer a viola de cocho e o queijo minas avançam para revalidação
Modo de fazer a viola de cocho (MS e MT) e modo de fazer o queijo de minas (MG) estão de processo de revalidação do título pelo Iphan. Crédito: Iphan
Dois patrimônios culturais imateriais brasileiros estão em processo de revalidação do título: o modo de fazer a viola de cocho e o modo artesanal de fazer o queijo de minas. Os patrimônios imateriais, que foram registrados em 2004 e 2008, respectivamente, são símbolos de arte, cultura e tradição, além de forte indutores da economia familiar e do turismo nas regiões onde estão inseridos.
Os dois processos de reavaliação de bem para revalidação do título foram aprovados, por unanimidade, durante a 39ª Reunião da Câmara Setorial do Patrimônio Imaterial e agora serão encaminhados para deliberação final do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão colegiado de decisão máxima do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para as questões relativas ao patrimônio brasileiro material e imaterial.
Segundo o Iphan, a revalidação de bens culturais acontece a cada dez anos como forma de preservar as características do bem, investigar sobre a atual situação do patrimônio cultural e para levantar informações, averiguar a efetividade das ações de salvaguarda, verificar mudanças nos sentidos e significados atribuídos ao bem, assim como o interesse dos detentores na manutenção do título, entre outras questões.
“Este é um importante instrumento de preservação da nossa história e da nossa cultura. São saberes únicos que passam de geração em geração e são o sustento de famílias inteiras. Precisamos cuidar destes patrimônios como tesouros culturais do nosso país", declarou o ministro do Turismo, Gilson Machado Neto.
VIOLA DE COCHO - A viola de cocho é um instrumento musical brasileiro que tem origem nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Semelhante a um violão, o instrumento é singular quanto à forma e sonoridade, produzido exclusivamente de forma artesanal com a utilização de matérias-primas da Região Centro-Oeste. Seu nome deve-se à técnica de escavação da caixa de ressonância da viola em uma tora de madeira inteiriça, mesma técnica utilizada na fabricação dos cochos (recipiente em que é depositado o alimento para o gado).
A viola é produzida por mestres cururueiros e é o principal instrumento das rodas de cururu e siriri, manifestações culturais populares nas zonas rurais e ribeirinhas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O instrumento pode ser decorado, desenhado a fogo e pintado. Os músicos também enfeitam a viola com fitas coloridas amarradas no cabo que indicam o número de rodas de cururu em que a viola foi tocada em homenagem a algum santo – que possui, cada qual, sua cor particular.
QUEIJO MINAS - Já o modo artesanal de fazer queijo de minas presente nas regiões do Serro, da Serra da Canastra e do Salitre, em Minas Gerais, foi inscrito no Livro de Registro dos Saberes do Iphan em 2008. O bem imaterial constitui um conhecimento tradicional e um traço marcante da identidade cultural dessas regiões. A produção artesanal do queijo de leite cru representa uma alternativa bem-sucedida de conservação e aproveitamento da produção leiteira regional, em áreas cuja geografia limita o escoamento dessa produção.
Em cada uma das regiões, os detentores do conhecimento forjaram um modo de fazer próprio, expresso na forma de manipulação do leite, dos coalhos e das massas, na prensagem, no tempo de maturação (cura), conferindo a cada queijo aparência e sabor específicos.
PATRIMÔNIO IMATERIAL - Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito às práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas).
Atualmente, existem 48 bens nacionais registrados no Iphan como Patrimônio Cultural Imaterial e 35 estão em processo de registro.
Na próxima terça-feira (31.08), o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural se reunirá para decidir sobre a revalidação do título dos bens Frevo (PE), Tambor de Crioula do Maranhão (MA) e Ofício das Paneleiras de Goiabeiras (ES). O colegiado também vai avaliar a solicitação de registro da Ciranda do Nordeste (PE).
REGISTRO - Para registrar um bem cultural, o pedido pode ser apresentado por associações da sociedade civil ou por instituições governamentais, e deve ser encaminhado à Presidência do Iphan. Assim como acontece no tombamento, o Iphan também promove a notificação para o registro do bem cultural que o protege até à decisão do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural e a homologação publicada no Diário Oficial da União (DOU). O processo termina com a inscrição do bem imaterial no Livro de Registro e a entrega do certificado à comunidade detentora do bem.
*Com informações do Iphan*
Ascom/Secult