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Oficinas do Seminário Internacional Cultura e Mudança do Clima oferecem espaço para experiências práticas e compartilhamento de vivências
Foto: Maiara Cerqueira
Após dois dias de painéis, o Seminário Internacional Cultura e Mudança do Clima chega a outra fase: as oficinas práticas. Nesta quarta-feira (6), artistas, defensores e produtores culturais, além de lideranças estratégicas para o setor, participaram de vivências dirigidas em encontros realizados no Museu de Arte da Bahia, em Salvador.
A programação do primeiro dia teve a participação de Alison Tickell, fundadora da Julie’s Bicycle. A ativista é referência mundial na mobilização da cultura em torno das mudanças climáticas. Em roda de conversa, bem próxima ao público, Alison falou sobre sua percepção do cenário cultural atual no Brasil.
“Estou muito orgulhosa do trabalho que fazem aqui. Eu já senti que a cultura de vocês é algo ancestral, de vocês, dos pais, dos avôs e bisavôs. Como é importante essa visão de reconhecimento e preservação de territórios, patrimônios, costumes e saberes. Somos todos um movimento, pois apesar de vir de uma cultura um pouco mais colonialista, todos aqui temos a preocupação de enraizar o compromisso com a situação climática. Usar as artes, a moda, a cultura para fazer coisas bonitas e sustentáveis é o que queremos”, declarou.
Figura conhecida na Bahia, o poeta, escritor, jornalista e fazedor de cultura, Clarindo Silva, marcou presença na roda, defendendo ações de proteção para o Pelourinho. Segundo ele, a área no centro histórico da capital baiana é o “coração da cidade” e precisa ser revitalizado. “É com muita felicidade que vejo a preocupação do governo federal em trazer a questão climática para a cultura. Com cultura nós movimentamos o mundo e podemos sim melhorar a questão dos eventos climáticos. Aqui em Salvador, a revitalização nos ajudaria muito”, afirmou. As oficinas acontecem até amanhã e estão abertas ao público.
Jacob Sylvester Bilabel, fundador da Green Music Initiative, da Everywh2ere Hydrogen e diretor administrativo do Green Culture Anlaufstelle des Bundes na Alemanha (GCA / “Ponto de Contato para Cultura Verde), ficou responsável pela oficina Acelerando a transição verde do setor cultural: o Ponto de Contato Cultura Verde da Alemanha.
Já Kunlé Adeyemi, arquiteto, designer e pesquisador, avançou no debate iniciado em um dos painéis do Seminário. E levou aos participantes aspectos do projeto Makoko Floating School, uma estrutura flutuante revolucionária em Lagos, Nigéria, que evoluiu para um sistema construtivo pré-fabricado para edificações sobre água, já implementado em cinco países. Em 2016, recebeu o Leão de Prata na Bienal de Veneza.
As oficinas seguem amanhã. Veja a programação abaixo.
O Seminário Internacional sobre Cultura e Mudança do Clima é uma realização do Ministério da Cultura em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e a Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI), com apoio do Governo da Bahia, da prefeitura de Salvador, do BYD, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e patrocínio do Youtube.
Programação das oficinas
06/11 - 14h às 16h30
Acelerando a transição verde do setor cultural: o Ponto de Contato Cultura Verde da Alemanha
Essa oficina oferece um mergulho interativo na abordagem estrutural do programa Ponto de Contato de Cultura Verde (Green Culture Contact Point - GCCP) desenvolvido para acelerar a transição verde do setor cultural na Alemanha. Como parte da estratégia do Ministério da Cultura do Governo Federal da Alemanha, o GCCP auxilia o setor cultural a enfrentar proativamente os desafios da sustentabilidade, estabelecendo padrões, criando estruturas regulatórias, oferecendo programas de financiamento e disponibilizando ferramentas gratuitas, processos comprovados e suporte intersetorial.
Os participantes irão aprender sobre os sucessos, os fracassos, as boas ideias (e piores decisões!) nas atividades-piloto do primeiro ano desse projeto inovador. E irão descobrir como os números mágicos “1-3-5-7” podem ajudá-los a estabelecer um sistema de gestão estratégica de sustentabilidade para suas instituições culturais. Estão disponíveis 20 vagas.
06/11 - 17h às 18h
Cidades Aquáticas Africanas
Cidades Aquáticas é uma visão de ecossistemas sustentáveis e inclusivos construídos sobre e ao redor da água – abordando a rápida urbanização e as adaptações às mudanças climáticas. Desde 2011, foram realizadas extensas pesquisas e adquirida competência em soluções baseadas na natureza para desenvolvimentos sobre e ao redor da água. Especificamente, por meio do projeto ‘Cidades Aquáticas Africanas’ e da criação do ‘Sistema Flutuante Makoko’ (MFS™) – uma solução única de construção flutuante em madeira sustentável, pré-fabricada, de fácil montagem, produzida localmente, construída em seis países e em três continentes, com mais em andamento.
Seja para habitação, hospitalidade, saúde, educação, cultura, agricultura, ecossistemas de água doce, silvicultura ou para proteger o meio ambiente pela água, acreditamos que a infraestrutura, arquitetura e os espaços construídos para apoiar essas indústrias devem incorporar valores sustentáveis, fazendo parte e se adaptando aos seus ambientes. ‘Por que lutar contra a água, quando podemos aprender a viver com ela?’
Destinada a profissionais, pesquisadores e estudantes de arquitetura, design e de desenvolvimento urbano, 20 vagas serão disponibilizadas.
07/11 - 9h30 às 12h00
Arranjos de governança para ação climática - desafios para a gestão do patrimônio cultural
Os efeitos das mudanças climáticas sobre o patrimônio cultural impõem desafios de uma gestão articulada entre as esferas de governo e da sociedade civil no território. Promover arranjos de governança colaborativa no território pode ser uma estratégia de planejamento para adaptação do patrimônio material e imaterial aos efeitos provocados pelas mudanças climáticas. Nesta oficina iremos propor uma atividade de elaboração de mapa de atores do território, bem como pensar arranjos possíveis para promover gestão de dados, definição de competências e planejamento de protocolos de intervenção no caso de desastres climáticos.
Serão abertas 20 vagas com foco em gestores públicos e membros da sociedade civil.
Palestrante: Rafael Passos é superintendente do Iphan no Rio Grande do Sul.
07/11 - 13h30 às 16h00
Oficina de Lançamento Pesquisa "Cultura e Clima" (C de Cultura e Outra Onda Conteúdo, Brasil)
Sobre a pesquisa e a oficina: concebida pelo C de Cultura e pela Outra Onda Conteúdo, com apoio técnico do Instituto Veredas, o relatório "Cultura e Clima" surge da necessidade de integrar a cultura brasileira à agenda climática global.
A pesquisa foi desenvolvida a partir de uma metodologia participativa e aborda a intersecção das agendas de Cultura e Clima, no intuito de informar atores, governos e instituições interessadas na temática sobre a importância de criar e promover políticas públicas culturais focadas em soluções para a crise climática. Incluindo a preservação de bens culturais e educação climática de agentes públicos.
Na primeira parte da atividade, a apresentação vai abordar a relevância das evidências encontradas no estudo inédito, que reforçam a intersecção das agendas de Cultura e Clima. Na segunda parte da atividade, será conduzida uma oficina dividindo os participantes em grupos, cada um destes promovendo a análise de perguntas orientadoras formuladas no desenvolvimento da pesquisa.
O objetivo desse momento é potencializar reflexões e experimentações sobre a integração dos saberes e recursos culturais nas políticas de combate à crise climática. As 50 vagas disponíveis tem como público alvo gestores, fazedores de cultura, agentes políticos e culturais, além de estudantes.
07/11 - 16h30 às 19h00
Construindo através do processo: justiça climática nas artes, cultura e comunicação
Esta oficina convida os participantes a explorar maneiras de reformular nossa comunicação e processos criativos, focando menos em resultados perfeitos e mais no crescimento e cura contínuos — para nós e para nossas comunidades.
Usando o seu podcast ‘Mothers of Invention’ como exemplo, Thimali Kodikara irá convidar os participantes a reimaginar juntos a arte e a cultura para além de estruturas tradicionais, elitistas e colonial-capitalistas, que muitas vezes limitam a criatividade e o impacto. Tomando como ponto de partida as tensões sociopolíticas nos EUA, Thimali irá comentar sobre as tensões emocionais e espirituais presentes em suas escolhas editoriais, estratégias de construção de comunidade, estratégias de relações-públicas e até de seleção de colegas de equipe.
Os participantes são convidados a trazer projetos próprios ou ideias existentes para discutirem em conjunto as tensões presentes em cada trabalho, e propor estratégias práticas de descolonização para aprofundar o impacto e conectar mais profundamente com nossos ancestrais humanos e não-humanos. A sessão é projetada como um diálogo aberto de desconstrução de ideias convencionais e construção por meio do processo conjunto. A atividade é destinada a gestores, fazedores de cultura, agentes políticos e culturais. Os participantes devem trazer projetos próprios ou ideias existentes para serem discutidas em conjunto. Estão disponíveis 10 vagas.
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