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ANCESTRALIDADE
Ministras Margareth Menezes e Sonia Guajajara debatem cultura e direitos no VI Acampamento Terra Livre na Bahia
Foto: Filipe Araújo/MinC
Na tarde desta segunda-feira (4), a minist,ra da Cultura, Margareth Menezes, e a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, participaram da abertura do 6º Acampamento Terra Livre (ATL) Bahia, realizado pelo Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba), uma organização que desempenha um papel crucial na articulação e defesa dos direitos culturais e sociais dos povos indígenas da região. O evento, de 4 a 7 de novembro em Salvador, tem como tema O Nosso Marco é Ancestral e reúne líderes, representantes e simpatizantes de mais de 33 povos indígenas da região.
O 6º ATL Bahia iniciou suas atividades com a mesa de discussão Dialogando com os povos indígenas da Bahia e estado brasileiro, que trouxe reflexões sobre a importância da cultura, tradições e direitos dos povos originários.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, destacou a relevância de reconhecer e valorizar a sabedoria ancestral dos povos indígenas, ressaltando seu papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da identidade cultural do país. “Quero saudar a todas as representações dos povos indígenas dessa terra sagrada que é a Bahia. Nossa terra não seria tão sagrada se não houvesse esse sangue indígena na base do que somos. Então, a saudação e o meu respeito a todos os povos indígenas da Bahia, do Brasil e do mundo, porque precisamos sim respeitar e poder tirar as qualidades que hoje estão faltando na maioria dos seres humanos: saber tratar a natureza. E os povos originários preservam isso como um tesouro e um valor inestimável”, declarou.
A ministra complementou seu discurso falando da importância das políticas públicas para valorização dos povos indígenas. “Mas para que a gente consiga ouvir e aprender, é preciso ter humildade de reparar e de fazer cumprir os marcos regulatórios necessários para que as pessoas sejam respeitadas em sua dignidade”, falou.
Para a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, o papel central do Ministério dos Povos Indígenas é pela garantia de direitos e políticas públicas para essas comunidades, numa perspectiva de luta e conquista. “Temos toda a força para estar discutindo de igual para igual e foi isso que nossas lideranças sempre disseram para nós: vamos seguir com nossas urnas, mas queremos também a caneta, queremos também lutar com a caneta. Hoje, temos esse lugar à mesa para trazer a pauta indígena para a centralidade do debate público. Sei que depois de toda a violência, massacres e tentativa de extinção, estamos aqui de pé, resistentes, vivos, cantando, dançando, falando nossa língua”, afirmou a ministra.
Resistência
A superintendente estadual de Políticas para os Povos Indígenas da Bahia (Sepromi), Patrícia Pataxó, reforçou a diversidade e a riqueza cultural dos povos indígenas na Bahia. “O ATL é o momento! Esse é o momento que a gente soma as lutas, esse é o momento que a gente soma nossa cultura, porque somos mais de 33 povos indígenas na Bahia”, afirmou Patrícia.
Celebrando a abertura do evento, o coordenador-geral do Mupoiba, Agnaldo Pataxó, enfatizou a importância da mobilização coletiva. “Estamos aqui iniciando essa empreitada de dizer ao mundo que tudo é possível, mesmo com muita dor, mesmo com muito sofrimento. E nós estamos aqui iniciando, então, parabenizando todas essas pessoas importantíssimas para nós”, disse Agnaldo.
Políticas Públicas
Ainda durante o evento, Margareth Menezes detalhou as ações que estão sendo implementadas pelo MinC para promover a inclusão dos povos indígenas nas políticas culturais. “No Ministério da Cultura, estamos de portas abertas para os povos indígenas. Em todas as nossas políticas, há uma cota destinada aos povos indígenas, seja na Lei Aldir Blanc, na política Cultura Viva, no audiovisual, entre outros programas”, explicou.
A participação ativa de lideranças femininas também foi destacada pela ministra Sonia Guajajara, que reafirmou a importância de se ter mulheres à frente das superintendências e secretarias. “Sabemos que ainda não é fácil aceitar nossos cocares no meio a tantos colarinhos brancos. Não é fácil aceitar nosso urucum manchando as cadeiras brancas de vermelho, mas seguimos firmes, mostrando que podemos estar sentados na mesa de tomada de decisão. Este Ministério é fruto dessa luta de resistência”, afirmou.
ATL
O Acampamento Terra Livre (ATL) na Bahia é um evento anual promovido pelo Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba), reunindo indígenas de diversas etnias para exigir políticas públicas, discutir direitos e fortalecer suas comunidades.
Em junho de 2023, a edição realizada em Salvador contou com a presença de aproximadamente 1.500 representantes de 30 etnias. A programação incluiu assembleias, mesas de debate sobre temas como demarcação de terras, educação e saúde, além de manifestações para dar maior visibilidade às demandas indígenas.
O evento, que já se consolidou como um dos mais importantes para as comunidades indígenas da Bahia, também contou com atividades culturais, como apresentações artísticas e venda de artesanato, promovendo a troca de experiências e o fortalecimento das identidades locais.