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Misoginia
Ministras debatem parceria para campanha em respeito às mulheres
Foto: Filipe Araújo/MinC
Ações para frear os alarmantes números de violência contra a mulher. O debate sobre como estabelecer uma campanha conjunta interministerial foi realizado nesta quarta-feira (26) entre as ministras da Cultura, Margareth Menezes, e das Mulheres, Cida Gonçalves.
"Pelos motivos mais idiotas as mulheres são espancadas. Que negócio é esse?’, indignou-se a chefe do MinC. Margareth Menezes chamou a atenção para o fato de, historicamente, haver a construção de uma “cultura” da mulher como um objeto, em que é permitido submetê-la a uma violência, a um contexto de dominação. “Primeira coisa: desconstrução da ideia colonizadora da submissão da mulher, isso foi naturalizado. Para chegarmos onde queremos, não adianta uma construção de cima para baixo. Precisamos chegar no centro da questão com envolvimento de homens e educação de jovens”.
O recorde de feminicídios no ano de 2022, com 1.400 mulheres mortas (uma a cada seis horas), faz parte de uma triste realidade a ser combatida, defendem as ministras. Outro dado lamentável é o número de estupros em 2022: quase 75 mil casos (205 por dia).
“O combate à violência faz parte das ações culturais. A gente não faz nada sem visualizar isso, visualizar ações positivas, na verdade. A cultura já tem esse escopo natural. Fazendo essa soma [entre ministérios] potencializamos isso. É uma luta que a sociedade precisa entender e queremos envolver todo Brasil nesse debate”, defendeu Margareth Menezes.
Cida Gonçalves contou que, além da participação da sociedade, são necessárias parcerias com empresas privadas para a construção de uma cultura de respeito às mulheres. Ela analisa como fundamental o trabalho em conjunto com a cultura. “Um Brasil sem ódio contra as mulheres não há de passar sem a cultura. A cultura é fundamental, é estratégica para que nós possamos construir, de fato, um Brasil com valores de respeito, de dignidade e de cidadania. Precisamos falar com a massa”, sustentou a ministra das Mulheres.
A valorização das mulheres faz parte de uma diretriz do Governo Federal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou 11 ministras de um total de 37 pastas. Além de Margareth e Cida, integram o primeiro escalão Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Nísia Trindade (Saúde), Anielle Franco (Igualdade Racial), Esther Dweck (Gestão), Simone Tebet (Planejamento), Marina Silva (Meio Ambiente), Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Ana Moser (Esporte).
Mulheres no MinC
Do total de servidores e comissionados lotados no MinC, 55% são mulheres (284 de 517). Considerando-se apenas nomeações, são 43 mulheres em um universo de 80 comissionados no MinC: 53,75% do total. No ano passado, esse percentual era de 26%.
Políticas de valorização das mulheres também são ações do MinC nas áreas de audiovisual e literatura. O edital Ruth de Souza de Audiovisual irá selecionar 10 longas-metragens realizados por mulheres estreantes, com recurso de R$ 2 milhões para cada filme. A atriz Ruth de Souza é referência na dramaturgia brasileira. Já o Prêmio Carolina Maria de Jesus, destina R$ 2 milhões divididos em 40 prêmios de R$ 50 mil para obras literárias inéditas, produzidas por mulheres brasileiras. Escritora, Carolina ficou famosa pelo seu livro Quarto de Despejo.
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