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LIVRO E LEITURA
"A cultura é uma alavanca de restauração", afirma ministra durante abertura da 70ª Feira do Livro de Porto Alegre
Foto: Eduardo Fernandes/CRL
A 70ª Feira do Livro de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, começou nesta sexta-feira (1). Este ano, o evento que é realizado no Teatro Petrobras Carlos Urbim adquire um caráter especial: simbolizar a recuperação do setor livreiro, que sofreu os impactos da enchente que atingiu o estado. A cerimônia de abertura contou com a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes, do patrono desta edição, o escritor Sérgio Faraco, além de autoridades e convidados.
“Sete décadas se passaram desde que esta feira abriu suas portas pela primeira vez e, desde então, se consolidou como um verdadeiro patrimônio imaterial desta cidade e, pode-se dizer, também do nosso país”, destacou a ministra.
Em seu discurso, ressaltou ainda que “Porto Alegre abraça a leitura com aqueles que apoiam o velho amigo". "Essa feira representa a conexão com o tempo, com o passado e com a construção do futuro”, disse Margareth Menezes.
A titular da Cultura também enfatizou que o país está em um momento importante para a cultura brasileira.
“A leitura, a literatura, a escrita e a educação são fundamentais para a construção democrática e a emancipação do povo brasileiro. A cultura é uma alavanca de restauração, nossa arma para seguir em frente. É na arte que reside a substância mais potente para mover a alma humana, especialmente em tempos de recomeço. O livro é o grande guardião das memórias, das travessias que a humanidade já passou”, citou.
Maximiliano Ledur, presidente da Câmara Riograndense do Livro, celebrou a importância do evento, especialmente em tempos de desafios.
“Este é um momento apropriado para reafirmar nossa solidariedade aos colegas e empresários do livro que enfrentaram dificuldades extremas. A Câmara do Livro se empenhou ao máximo para socorrer, mas continuamos em campanha de apoio para seu fortalecimento, apelando ao poder público e a entidades privadas”, contou.
Ele acrescentou: “O livro continua sendo e sempre será um instrumento imprescindível de promoção da cultura e do conhecimento e, mais do que isso, uma ferramenta indispensável na educação em todos os níveis”.
Sérgio Faraco, patrono desta edição, compartilhou sua visão sobre a relevância dos livros na preservação da cultura.
“Chegamos a nós mesmos através dos livros; nenhum homem é capaz de guardar na memória tudo o que sua geração produziu nas artes e nas ciências. Um homem só poderia herdar de outro homem o tanto que ele soubesse. O livro é um repositório do saber e das memórias”, frisou.
O escritor fez uma crítica ao acesso, ao conhecimento e à cultura na sociedade contemporânea.
“Não se incendeiam livros, mas se fecham bibliotecas, livrarias; assim, desativam-se locais que poderiam transmitir conhecimentos valiosos às novas gerações”, analisou.
O prefeito da capital, Sebastião Melo, destacou a importância da parceria entre governo e iniciativa privada para a realização da feira.
“A Feira é da retomada e também da superação, porque nós, juntos, somos muito fortes. Que ela reafirme nossa parceria”, disse.
A secretária de Cultura do estado do Rio Grande do Sul, Bia Araújo, refletiu sobre os momentos difíceis enfrentados nos últimos meses.
“Passamos por momentos muito complexos e esta feira, na sua 70ª edição, é de extrema importância. Ao caminharmos pelas alamedas da praça, lembramos do triste período em que não pudemos ali passear; precisávamos passar de bote. Foram momentos difíceis, e é uma alegria estarmos aqui”, salientou.
Convidado de honra
A Paraíba é o estado convidado da feira, Naná Garcês de Castro Dória, representante do governador João Azevedo, marcou presença na abertura do evento. Estiveram presentes também Tabajara Ruas, patrono da 69ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre. O cordelista se tornou um símbolo da literatura popular nordestina.
A Feira
Nos 20 dias de Feira, os visitantes poderão conhecer as novidades do mercado literário em 72 bancas, sendo 62 na área geral e 10 na área infantil e juvenil. Ao todo, mais de mil eventos culturais gratuitos ocorrerão das 10h às 20h. A Feira do Livro de Porto Alegre espera receber cerca de 1,5 milhão de visitantes.
Um dos grandes destaques da Feira do Livro de Porto Alegre é a programação cultural e literária para todos os públicos. Neste ano, quase dois mil autores devem participar da edição. Serão mais de 700 sessões de autógrafos, individuais ou coletivas. Na área infantil e juvenil, são 45 escritores nacionais e 44 gaúchos. Já na programação para os adultos, haverá 270 escritores gaúchos, 29 nacionais e 13 autores internacionais.
Os visitantes poderão prestigiar encontros com autores, oficinas literárias, saraus, além de uma programação musical e teatral. Outra novidade deste ano é a primeira curadoria dedicada à Literatura e Cultura Negras, coordenada pela escritora e musicista Lilian Rocha.
Além das atividades literárias, a programação incluirá expressões artísticas através de saraus poéticos e apresentações musicais, mostrando a diversidade e a riqueza da cultura afro-brasileira.