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DIÁLOGO
Ministério da Cultura amplia escuta a povos originários
Fotos: Renato Vaz/Embratur
Lideranças de pelo menos 18 povos indígenas participaram de rodas de conversa com representantes do Ministério da Cultura (MinC) para dialogar sobre as medidas que consideram necessárias para a valorização de sua diversidade cultural, nesta quinta-feira (18), primeiro dia do Circuito Culturas Indígenas - 20 anos da Cultura Viva. Realizado pelo MinC, o Centro de Estudos Universais AUM e a Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, o evento seguirá até sexta-feira (19) no âmbito da 16ª edição da Aldeia Multiétnica, encontro que reúne diversas etnias em uma experiência de troca de saberes e vivências na Chapada dos Veadeiros (GO).
A diretora de Promoção da Diversidade Cultural do MinC, Karina Gama, explicou a importância dessa escuta para subsidiar a elaboração de um Plano Nacional de Culturas Indígenas. “A nossa missão é retomar e reconstruir as políticas culturais para os povos indígenas e implementar um Plano Nacional para a promoção, proteção e valorização dessas culturas”, explicou.
O evento contribuirá também, segundo Karina, para ampliar o acesso às informações sobre as políticas federais. “Outra premissa dentro do Ministério é chegar até a ponta. A gente tem uma série de políticas públicas que estão acontecendo no campo da cultura, mas que ainda precisam chegar até as comunidades. Então, precisamos criar esse elo, para garantir que esse acesso aconteça de forma concreta”.
O diretor de Promoção de Culturas Populares, Tião Soares, completou: “A gente retomou o Ministério da Cultura com toda a força da ministra Margareth Menezes, que tem a intenção, a responsabilidade e o comprometimento de nacionalizar o fomento e fazer as políticas chegarem à base”. Reforçou que as escutas serão imprescindíveis ainda para a construção do Plano das Culturas Tradicionais e Populares devido à intersecção entre as duas pautas.
Conselheiro Nacional de Políticas Culturais, Júnior Xucuru, defendeu a destinação de recursos para a preservação das culturas indígenas. “Se a gente for colocar na ponta do papel para defender os 305 povos que tem nesse país, as 174 línguas ainda restantes e faladas nesse país, a pintura de cada povo, a cultura diferente e o caminhar de cada povo, a dança de cada povo, será que é caro?”, questionou. “Defender meu povo é defender esses povos que aqui estão porque independente de etnia, somos todos parentes. Então temos que ser parentes também na hora de defender a cultura do outro. Somos uma família só, porém com sobrenomes diferentes. Eu não sou da Silva, eu sou Xucuru porque não interessa o nome que nos deram, o nome que nos colonizaram. O que importa é que estamos aqui representando nosso povo”, completou, Júnior Xucuru.
“É muito importante que venham aqui para conhecer a vida dos indígenas e saber a realidade do nosso povo. Essa casa aqui é muito sagrada para nós e importante para o nosso povo se conhecer e fazer a troca de culturas. Espero que o Ministério da Cultura ajude nosso povo para que a gente tenha uma vida melhor”, avaliou Towé Fulni-ô.
“É um prazer para todos nós, indígenas, fazer esse evento porque nós nos juntamos a uma energia sagrada e muito forte de ver todos nossos parentes pedindo ao grande espírito tudo que é bom para nós, para os visitantes e para aqueles que gostam dele. Nós também temos o interesse de mostrar a nossa cultura para todos porque estamos mantendo a nossa cultura, as nossas tradições”, destacou Tanoné Kariri Xocó.
Programação
Neste primeiro dia, os principais temas abordados foram a criação do Grupo de Trabalho (GT) para debater a inclusão dessa população na construção das políticas públicas e a Política Nacional Cultura viva (PNCV), que reconhece, certifica e fomenta grupos culturais como Pontos de Cultura. Na sexta-feira (19), entrarão na pauta a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB) e o Sistema Nacional de Cultura (SNC).