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PATRIMÔNIO CULTURAL
MinC repudia ataques ao Patrimônio Histórico Material e Imaterial do Brasil
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Estarrecida com os atos de vandalismo contra os prédios dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, determinou a imediata diligência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para avaliação e levantamento dos danos causados ao patrimônio histórico material e imaterial do Brasil durante o ataque às sedes do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF).
Todas as Casas são bens tombados pelo Patrimônio Cultural e possuem em seu interior inúmeras obras de artes e um acervo de grande relevância histórica e cultural. Obras de arte de artistas brasileiros consagrados como o quadro “As Mulatas”, de Emiliano Di Cavalcanti; e até mesmo bens de valor inestimado, devido à raridade da peça. Um exemplo é o relógio suíço do século XVII, feito pelo famoso relojoeiro francês Balthazar Martinot, cujo único outro exemplar encontra-se no Palácio de Versalhes, em Paris. A peça foi presente da corte francesa a Dom João VI.
Em nota, a ministra escreveu: “É estarrecedor tudo que estamos vivendo desde os ataques terroristas deste domingo (8) em Brasília. Recebi um telefonema de Marlova Noleto, diretora e representante da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil), e com quem tenho uma relação de amizade e carinho, que generosamente se colocou à inteira disposição para contribuir com a reforma e recuperação das sedes dos Três Poderes e de tudo que foi depredado. Convoquei para a tarde de hoje (9) uma reunião com Maurício Goulart e demais técnicos do Iphan e já contamos também com a colaboração de um grupo de especialistas e restauradores de arte de todo o país. É urgente avaliarmos os danos e começarmos a recuperação e restauro de todo patrimônio que foi brutal e absurdamente arrasado. Um quadro de Di Cavalcanti destruído a facadas revela tamanha ignorância e violência desses atos abomináveis. Brasília é patrimônio histórico material e imaterial do Brasil e vamos trabalhar unidos para a reconstrução de tudo que foi violado”.
A ministra disse, ainda, que os crimes contra o patrimônio cultural — que não pertencem a um ou outro governo, mas à história da nação e a seu povo — não ficarão impunes: “A dilapidação do patrimônio público e da consciência livre de nosso povo não será tolerada. Os culpados serão identificados e rigorosamente punidos na forma da Lei”.
Após o triste 8 de janeiro, muito trabalho e solidariedade têm unido dirigentes e funcionários das Três Casas atacadas, no empenho de recuperar o que foi destruído. A eles somam-se esforços e boa-vontade, inclusive de autoridades governamentais de outros países, como o embaixador da Suíça no Brasil, Pietro Lazzeri, que telefonou à ministra Margareth Menezes oferecendo ajuda de uma empresa de relógios centenária, na Suíça, para auxiliar a equipe técnica brasileira no restauro do relógio quebrado durante a invasão do Palácio do Planalto.
Quatro dias após a invasão aos prédios, o Iphan entregou um primeiro relatório à ministra da Cultura, com um panorama dos danos causados aos bens arquitetônicos protegidos pelo Instituto nas sedes dos Três Poderes e em seu entorno. As avarias foram inúmeras, desde vidraças destruídas, a princípio de incêndio, pisos de mármore quebrados e peças arrancadas, painéis de Athos Bulcão danificados, entre outros estragos. O Iphan entregará ainda um segundo documento à ministra Margareth Menezes, com a relação de todas as ações de restauro a serem realizadas nos bens arquitetônicos.