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MinC inicia jornada de seminários sobre a Lei Paulo Gustavo
Foto: Filipe Araújo/MinC
O Ministério da Cultura (MinC) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA) iniciaram, nesta sexta-feira (12), mais uma fase da execução da Lei Paulo Gustavo (LPG). As instituições realizaram, em Salvador (BA), o Seminário Nacional da Lei Paulo Gustavo.
O encontro foi o primeiro de uma série de eventos análogos, a serem realizados em todo o território nacional. Reuniu diversos atores envolvidos na elaboração e execução da Lei, incluindo autoridades e servidores do MinC, representantes de movimentos sociais, da classe artística e de gestores locais. O objetivo foi apresentar a Lei e os seus mecanismos de execução, como a plataforma TransfereGov e as contrapartidas exigidas à utilização dos recursos.
A mesa de abertura foi, também, um momento para relembrar a trajetória de luta do setor cultural não apenas por condições dignas de trabalho, mas também pela democracia. O novo momento da cultura foi reforçado pela ministra Margareth Menezes. "Temos um novo momento no MinC, sob a liderança do presidente Lula, é uma realidade que precisamos aproveitar. Estamos reorganizando as políticas públicas para o fazer cultural. Chegar a esse momento foi uma travessia por tudo que essa conquista representa para o setor cultural brasileiro", relembrou.
O Secretário Executivo, Márcio Tavares, relembrou toda a trajetória de construção da lei, com especial ênfase na articulação social. "Sem a articulação dos comitês, não conseguiríamos fazer a lei ser aprovada. Esse processo foi fundamental para que chegássemos até aqui com uma equipe qualificada. É essa rede que estamos formando que vai permitir que a política cultural se transforme em política de Estado, que ela nunca mais termine, que ela nunca mais se acabe", pontuou.
O compromisso do MinC com o diálogo contínuo foi o ponto central da fala de Roberta Martins, Secretária Nacional dos Comitês de Cultura da pasta. "Nós vamos a todos os estados brasileiros realizar seminários parecidos com esse. Nós vamos executar a Lei Paulo Gustavo no melhor sentido, em parceria com a sociedade e com os gestores locais", afirmou.
Em menos de 24 horas após a assinatura do decreto, um município já havia apresentado o seu plano de gestão para pleitar os recursos da LPG: às sete horas da manhã do dia 12, a cidade de Mandirituba (PR) já havia inserido o pedido no TransfereGov. A agilidade foi celebrada pelo Secretário de Economia Criativa e Fomento Cultural do MinC, Henilton Menezes.
Outros secretários da pasta também relembraram aspectos importantes da lei e reiteraram o compromisso do ministério com o aproveitamento pleno dos recursos. Marcos Souza, Secretário Nacional de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual e um dos autores da lei, rememorou que "a gente lutou por essa lei até o último minuto. Foi no dia 30 de dezembro do ano passado, quando a gente forçou o governo a devolver cada centavo da cultura para a cultura". Joelma Gonzaga, Secretária Nacional do Audiovisual, afirmou que a secretaria estará "totalmente comprometida" com o uso de suas capacidades técnicas para facilitar a execução da lei.
Paulo Miguez, reitor da UFBA, pediu um minuto de silêncio pelas perdas de Gal Costa, Pelé e Rita Lee – e relembrou que, apesar das perdas, o momento é de celebrar. "Celebramos, e vamos durante muito tempo celebrar, o fim da pandemia, do negacionismo, do autoritarismo que se abateu sobre a cultura nos últimos quatro anos", afirmou. Relembrou, ainda, os 20 anos do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura da UFBA.
Bruno Monteiro, Secretário de Estado de Cultura da Bahia, afirmou que o momento é de comemorar, mas, também, de trabalhar pela execução da Lei – e, consequentemente, pelo poder transformador da arte. "Em alguns lugares, a única presença do Estado foi a presença da força. Agora, a Lei Paulo Gustavo nos permite chegar com a força da cultura, e com todo o seu poder de transformação social", elencou.
Para Pedro Tourinho, Secretário Municipal de Cultura e Turismo de Salvador, "a Lei Paulo Gustavo é reconhecimento em forma de fomento. Reconhecimento do papel que a cultura tem na economia, na vida das pessoas, e, principalmente, do potencial que temos para desenvolver mais e mais".
Representando o Fórum Nacional de Dirigentes e Secretários Estaduais de Cultura, a Secretária de Estado de Cultura do Ceará, Luísa Cela, enalteceu o caráter democrático da construção da lei. Relembrou que o processo "foi uma soma de muitas pessoas e de muitas inteligências, com espaço para discordâncias, mas com o exercício da construção de consensos".
Os municípios também estiveram representados na abertura. Ana Castro, presidente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e Presidente do Fórum Nacional de Secretários e Gestores de Cultura das Capitais e Municípios Associados, afirmou que todos trabalharão "juntos e intensamente" pela aplicação da lei. Relembrou, ainda, o potencial econômico da cultura no Brasil. "O setor emprega 7 milhões de pessoas no mercado formal, e movimenta 3% do PIB nacional", frisou.
Maria Marighella, presidenta da Fundação Nacional de Artes (Funarte), colocou que a lei seja, talvez, "a maior política pública feita nos 40 anos de redemocratização do Brasil". Dinorah Araújo, representante da operativa nacional Comitê Paulo Gustavo, relembrou a resistência das minorias. "Só podemos contar com a existência da cultura brasileira porque há grupos, como povos originários, como o povo preto, seguram a cultura brasileira", enfatizou.
Programação
Após as falas de abertura, os presentes participaram de uma intensa programação sobre a Lei. Houve mesas sobre a importância da Lei Paulo Gustavo na retomada democrática do Brasil; as ferramentas disponíveis aos gestores de estados e municípios; o fortalecimento dos sistemas e das políticas culturais locais; políticas afirmativas; e o uso da plataforma TransfereGov.
A programação continuará na manhã de sábado (13), com o encerramento do seminário. Na ocasião, haverá dois encontros para trocas e diálogos: um para dirigentes públicos, outro para a sociedade civil.