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PATRIMÔNIO
MinC e Iphan apresentam plano de ocupação para o Palácio Gustavo Capanema
Foto: Filipe Araújo/MinC
Por Iphan e MinC
Referência para a arquitetura e as artes brasileiras, o Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro (RJ), deverá ser entregue à população em 2024. A nova proposta de ocupação do edifício foi apresentada à ministra da Cultura, Margareth Menezes, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) nesta segunda-feira (15). Do térreo ao terraço, o prédio receberá um conjunto de espaços para exposições sobre temas associados à arte e à formação da sociedade brasileira, da cultura popular às manifestações afro-brasileiras. O local também abrigará atividades administrativas dos órgãos vinculados ao Ministério da Cultura (MinC).
No encontro foram debatidas as propostas de uso do edifício que está em reforma desde 2018, reunindo as instituições que possuíam atividades nos pavimentos do prédio; além de uma nova perspectiva para a edificação. A reunião contou com a presença do secretário executivo do MinC, Márcio Tavares, do presidente do Iphan, Leandro Grass, da presidenta da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Maria Marighella, do presidente da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Marco Lucchesi, da presidenta do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Fernanda Castro, e de representantes da Agência Nacional de Cinema (Ancine) e da Fundação Cultural Palmares (FCP).
A ministra da Cultura e o secretário executivo parabenizaram o trabalho realizado. “A proposta está muito bem delineada. Retomar e resgatar esse prédio faz parte do nosso compromisso com a memória e com a importância histórica do Capanema. O Palácio diz muito sobre a cultura brasileira, sobre a resistência do setor e o nosso projeto de país. Sem o Capanema não haveria Brasília”, ressaltou a ministra Margareth Menezes.
O presidente do Iphan destacou que a nova gestão, desde o início, priorizou o acompanhamento das obras do Palácio Capanema. “Hoje tivemos uma reunião importante com o Ministério da Cultura e entidades vinculadas para encaminharmos a forma de ocupação”, contextualizou Grass. “Esse é um símbolo nacional, um importante bem do patrimônio moderno, e que em breve estará novamente acessível à população, por meio de exposições, ações de Educação Patrimonial e outros projetos importantes.”
A proposta
A nova proposta visa abrir o espaço à população, ao mesmo tempo em que abriga as atividades administrativas do MinC e das instituições vinculadas. Dentre as sugestões, está a de tornar o “pavimento do ministro”, onde há um terraço jardim e o espaço Cândido Portinari, num pavimento visitável. O nono pavimento, por exemplo, que antes recebia apenas aulas vinculadas ao Mestrado Profissional do Iphan, deverá se tornar um espaço multiuso aberto ao usufruto da sociedade.
A perspectiva é de que os quatro últimos andares do prédio recebam exposições do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, da FCP, do Ibram e da Funarte. No terraço, com a vista da cidade do Rio de Janeiro, serão mantidos um café e um restaurante.
“Essa reunião é um passo fundamental para concluir e entregar o Palácio Capanema para a sociedade brasileira”, explicou o diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização (Depam) do Iphan, Andrey Schlee. “Marco da arquitetura brasileira e internacional, o Capanema também se refere a um momento importante do Brasil no sentido da integração das artes. Há um conjunto de obras de arte de vanguarda associadas ao prédio”, completa ele.
O Palácio
O prédio foi projetado para receber o Ministério da Educação e Saúde, tendo sua construção iniciada em 1937 e concluída em 1945, durante o governo de Getúlio Vargas. A edificação é considerada um marco na elaboração da arquitetura modernista brasileira, responsável por alçar o Brasil a referência internacional. De sua concepção, participaram arquitetos como Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy e Jorge M. Moreira, tendo à frente Lucio Costa. O projeto também contou com a consultoria do arquiteto francês Le Corbusier.
Foi posteriormente nomeado Palácio Gustavo Capanema, homenagem ao então ministro da educação e saúde, quando da execução do projeto. O local também se tornou recanto de importantes referências artísticas nacionais. Ele guarda quadros e murais de Cândido Portinari, esculturas de Bruno Giorgio, Adriana Janacópulos, Celso Antônio e Jacques Lipchitz, além dos jardins de Burle Marx.
Recentemente, a edificação esteve envolvida em dois movimentos de fortalecimento da cultura brasileira. Em 2016, o palácio Capanema foi ocupado por movimentos sociais e artistas contra o fechamento do Ministério da Cultura. Já em 2021, foi anunciada a venda de prédios públicos à iniciativa privada, o que incluía o Palácio Capanema, proposta que foi rechaçada por setores ligados à cultura e da sociedade brasileira de maneira mais ampla.