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PATRIMÔNIO
MinC articula cancelamento de leilão da Casa de Afonso Arinos, no Rio de Janeiro
Foto: Filipe Araújo/ MinC
A Casa de Afonso Arinos, localizada no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, deve abrigar o arquivo do Museu da Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), órgão vinculado ao Ministério da Cultura. O anúncio foi feito nesta quarta-feira, 27, pelo presidente da CRB, Alexandre Santini.
A decisão ocorreu após tratativas da ministra, Margareth Menezes, com o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. O imóvel, pertencente hoje à prefeitura do RJ, estava com leilão previsto para ocorrer no dia 17 de outubro. Após mobilização da família de Afonso Arinos, bem como das comunidades cultural, intelectual e artística do Rio de Janeiro e de moradores da região, o MinC buscou interlocução com a prefeitura para analisar outras alternativas e conseguiu que o prefeito anunciasse o cancelamento do leilão.
A proposta é que a casa seja transformada em um equipamento cultural multiuso, com espaço expositivo para o Museu da Literatura Brasileira, com acervos de mais de 150 escritoras e escritores brasileiros, sob a guarda da Fundação. E que abrigue ainda outras iniciativas ligadas à pesquisa, memória, produção e difusão cultural.
De acordo com Santini, era desejo de Afonso Arinos, expresso em vida, que o imóvel tivesse finalidade cultural e suas atividades fossem alinhadas à Casa de Rui Barbosa. “O imóvel foi palco de grandes acontecimentos históricos. Foi lá onde nasceu a Lei Afonso Arinos, a primeira contra o racismo no Brasil”.
O presidente da FCRB conta que foi também lá onde começou a ser gestada a Constituição cidadã de 1988, que neste mês de outubro completa 35 anos. “É neste espírito que celebraremos este gesto que consolida uma aliança histórica entre Afonso Arinos e Rui Barbosa, entre o Ministério da Cultura e a Cidade do Rio de Janeiro”, afirma.
Afonso Arinos – Nasceu em Belo Horizonte, MG, em 27 de novembro de 1905, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 27 de agosto de 1990. Foi jurista, político, historiador, professor, ensaísta e crítico brasileiro. Autor da Lei Afonso Arinos contra a discriminação racial, em 1951. Ocupou a Cadeira 25 da Academia Brasileira de Letras, onde foi eleito em 23 de janeiro de 1958.
Foi eleito deputado federal por Minas Gerais em três legislaturas (de 1947 a 1958). Em 1958, foi eleito senador pelo antigo Distrito Federal, hoje Estado do Rio de Janeiro. Em 1961 ocupou, no governo do Presidente Jânio Quadros, a pasta das Relações Exteriores, iniciando a fase da chamada política externa independente. Foi o primeiro chanceler brasileiro a visitar a África.
Foi nomeado, pelo presidente da República, presidente da Comissão Provisória de Estudos Constitucionais (denominada Comissão Afonso Arinos), criada pelo Decreto n. 91.450 de 18 de julho de 1985, que preparou anteprojeto de Constituição. Eleito senador federal em 1988, participou da Assembleia Nacional Constituinte que preparou o projeto de Constituição como presidente da Comissão de Sistematização Constitucional.
Arinos foi membro do Instituto dos Advogados Brasileiros, sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, membro do Conselho Federal de Cultura (nomeado em 1967, quando da sua criação, e reconduzido em 1973) e professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Eleito Intelectual do Ano em 1973 (Prêmio Juca Pato, da Sociedade Paulista de Escritores); recebeu o Prêmio Luísa Cláudio de Sousa, do Pen Clube do Brasil, pela sua biografia de Rodrigues Alves, e o Prêmio Jabuti, da Câmara do Livro de São Paulo, por duas vezes, quando da publicação de dois dos seus volumes de Memórias.