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VITÓRIA
Margareth Menezes abre Encontro Nacional de Gestores da Cultura
Foto: Filipe Araújo
O direito constitucional à cultura e as transformações sociais provenientes dela foram temas tratados nesta segunda-feira (14), durante abertura do I Encontro Nacional de Gestores da Cultura, em Vitória, capital do Espírito Santo. O evento contou com a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes e, até amanhã, reúne mais de mil representantes do setor, vindos dos 26 estados do Brasil, além do Distrito Federal.
Convidada de destaque, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia proferiu aplaudida palestra em defesa da cultura. “A cultura não precisa ser democratizada porque, por natureza, ela já tem essa característica. É a democracia que precisa ser culturalizada”, defendeu.
Em sintonia com as palavras da ministra do STF, a chefe da Cultura afirmou que o setor é como o sangue que corre em nossas veias, transportando nutrientes. “Nossa cultura é uma maravilha, mas não pode ficar na ilha. Somos ponte”, parafraseou a canção de Lenine e Lula Queiroga. E continuou: “Temos que defender a cultura como política pública porque é o que ela é”.
Lembrada como relatora da Medida Provisória (MP) 1.135/2022, responsável pelo adiamento de recursos das leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, a ministra do Supremo ressaltou que a medida não foi nenhum “favor”, mas sim, o cumprimento da Constituição Federal, que prevê direito à cultura. Ela também ressaltou que o direito não pode ser visto como algo a temer e que produtores culturais precisam de orientação para desenvolver suas atividades.
Presidente do Fórum Nacional de Secretários de Cultura, Eliane Parreiras agradeceu o esforço do MinC em reconectar agentes da cultura por todo país e comemorou a possibilidade de, com o Encontro, criar soluções inovadoras que possam ser adaptadas à imensa diversidade do Brasil. “Tivemos experiências incríveis na implementação da Lei Aldir Blanc e devemos manter essas conexões vivas. Queremos dialogar também com os diversos fóruns e organizações temáticas que reúnem municípios e organizações representativas da sociedade civil”.
“A nossa unidade está nas nossas diferenças e essas diferenças precisam ser respeitadas e compreendida. Quem vive a cultura jamais vai incentivar violência, uso de armas, polarização violenta e não aceitação de ideias. Quanto mais política cultural, mais ambiente que cultiva a paz”, defendeu Renato Casagrande, governador do Espírito Santo.
Sistema MinC
A presidenta da Fundação Nacional de Artes (Funarte), entidade vinculada ao MinC, Maria Marighella, participou do evento no final da tarde e fez um balanço sobre um conjunto de iniciativas para recuperação da Fundação, fomento setoriais nas áreas de circo, dança, teatro, artes visuais e música. “Como disse a ministra Cármen Lúcia, vamos culturalizar a democracia”.
Além dela, membros do Sistema MinC também integraram a programação como minicursos temáticos. Sobre Lei Paulo Gustavo: Audiovisual na prática participaram Daniela Santana Fernandes, diretora de Preservação e Difusão Audiovisual e André Araújo, coordenador-geral de Difusão, ambos da Secretaria do Audiovisual (SAV) do MinC.
Sobre a IV Conferência Nacional de Cultura, participaram de minicursos Lindivaldo Júnior Afro, diretor do Sistema Nacional de Cultura e Micaela da Costa Zeferino, coordenadora-geral do Sistema Nacional de Cultura, os dois da Secretaria dos Comitês de Cultura (SCC) do MinC.
O Encontro Nacional de Gestores da Cultura contou com várias apresentações de dança e música, como o cantor Silva, que interpretou o sucesso Bloco na Rua, de autoria do capixaba Sérgio Sampaio.
O reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Paulo Vargas, celebrou a superação de uma “fase triste de castigo da cultura” e a “retomada do Ministério”, simbolizando respeito e o reposicionamento dela em um lugar de destaque.
Pai Geová D’Kavungo, conselheiro nacional de Política Cultural, defendeu a valorização da cultura popular. Já a cultura como elemento de reforço da democracia foi destaque no discurso de Renata Weixter, representante dos fóruns estaduais de gestores municipais de cultura e presidente do Fórum de Secretários e Dirigentes Municipais de Cultura do Estado do Espírito Santo. “Cultura é cidadania, afasta a tirania.” Oficial de Projetos do Setor de Cultura na Representação da Unesco no Brasil, Diogo Carvalho, por sua vez, ressaltou a crença de que a cultura transforma realidades.
“A Cultura voltou. Que bom”, abriu seu discurso Hugo Barreto diretor presidente do Instituto Cultural Vale. “Graças à arte, em vez de ver um único mundo, o nosso, vemos esse mundo multiplicar-se”, encerrou sua fala, citando Marcel Proust.
Já o presidente da Fundação Itaú, Eduardo Saron, defendeu a formação, o fomento e o fazer para que “as pessoas possam ser protagonistas e sujeitos de sua própria transformação”.
Outro participante, Raphael Callou, diretor e Chefe da Representação da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) no Brasil, ofereceu apoio para o planejamento de políticas culturais.
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