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Despedida
Léa Garcia: pioneirismo e dedicação à arte
Foto: Acervo pessoal
O Brasil amou odiar Léa Garcia. É que, ao contrário da personalidade gentil e cativante, a atriz ficou conhecida em todo o país com sua personagem Rosa, vilã de “Escrava Isaura”. Intensa e marcante na história da arte, ela se despede de fãs, amigos e admirados nesta terça-feira (15), com um legado que atravessou gerações.
Léa estava em Gramado, cidade na Serra Gaúcha, onde receberia - também hoje - o Troféu Oscarito, durante a 51ª edição do Festival de Cinema. A honraria, concedida aos mais importantes atores e atrizes do Brasil, celebraria os 90 anos da artista. “Nos despedimos de uma mulher com uma história marcante. Gentil e acolhedora, ela sempre viveu com verdade e emprestou às suas personagens um pouco de si, por isso, se tornou única. Hoje, celebramos sua obra e, principalmente, sua vida”, afirmou a ministrada Cultura, Margareth Menezes.
Pioneira no combate ao racismo, Léa sempre defendeu a abertura e a consolidação de espaços para atrizes e atores negros. Em um dos últimos vídeos publicados em uma rede social, já em Gramado, Léa defendeu: “A cultura faz parte do conhecimento, faz parte do desenvolvimento, faz parte da educação. Não sou ativista, sou uma mulher que tem consciência da problemática dentro da sociedade brasileira, tenho consciência plena dessa mazela, dessa sequela dentro da sociedade brasileira.” E completou: “Espero que tudo isso melhore. Que possamos alcançar um mundo mais justo e mais igualitário”.
Vida e obra
Nascida em 1933, começou a carreira no Teatro. Sua primeira peça, “Rapsódia Negra”, pela companhia Teatro Experimental do Negro, foi encenada em 1952. Em 56, em Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes, encantou o público coma personagem Mira, mas foi com Serafina, personagem da mesma obra, que ela estreou no cinema. O longa-metragem “Orfeu Negro”, aliás, foi indicado ao Palma de Ouro em Cannes em 1957 e venceu o Oscar de “Melhor Filme Estrangeiro” em 1960.
A estreia na tevê veio em 1950, pela Tupi. Vinte e dois anos depois, viveu Elza, na novela “Selva de Pedra”. Outra personagem marcante em sua carreira, que foi consolidada em 1976, com a novela “Escrava Isaura”.
Ativa e atual, Léa participou dos longas “Barba, Cabelo e Bigode”, “Pacificado” e “O Pai da Rita” em 2022 e se preparava para voltar à tevê. Essa semana também havia sido escolhida embaixadora do Instituto Bibi Ferreira, no qual já atuava como conselheira.