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PALMARES
João Jorge Rodrigues toma posse como presidente da Fundação Palmares
Foto: Filipe Araújo/MinC
Foi realizada, nesta quinta-feira (27), a cerimônia de posse do presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), João Jorge Rodrigues. O evento aconteceu no Palácio do Itamaraty, em Brasília (DF), e contou com a presença de representantes do movimento negro, dos povos de terreiro, do corpo diplomático internacional e de autoridades brasileiras.
Os laços históricos entre Brasil e África permearam toda a cerimônia. Além do hino nacional brasileiro, foi executado o hino da África do Sul, em homenagem ao Dia Nacional do país, o Dia da Liberdade. Celebrada no mesmo dia que a posse, a data relembra as primeiras eleições democráticas sul-africanas: realizado em 27 de abril de 1994, o pleito resultou na eleição de Nelson Mandela, o primeiro presidente negro do país.
O respeito à ancestralidade e aos povos de terreiro também marcou a abertura da solenidade. O Grupo Obará executou o Canto de Saudação para Exu, abrindo os caminhos da nova gestão da Palmares, e o maestro José Barbosa Filho cantou a música Rio Profundo.
O embaixador Laudemar Gonçalves de Aguiar Neto, secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Educação e Cultura do Ministério das Relações Exteriores afirmou que receber a cerimônia foi uma “grande satisfação” para a pasta. Ressaltou, ainda, a importância da missão institucional da fundação. “Em um país que sofreu e ainda sofre os efeitos perversos do falso mito da democracia racial, defender a tradição cultural do povo negro brasileiro é um ato de resistência incontornável, que justifica o poderoso nome da Fundação Cultural Palmares”, afirmou.
Após assinar o termo de posse, João Jorge relembrou o histórico de resistência do corpo de servidores da fundação. “A Palmares não é minha, não é nossa, é do povo brasileiro, da sociedade brasileira. Foi por isso que essa instituição republicana, federativa, tem sido tão perseguida e tão caçada, a ponto de se pensar em trocar o nome da fundação”, relembrou.
Na ocasião, o presidente também anunciou a retomada da logomarca tradicional da instituição - o machado de Xangô - e o desuso da marca antiga, elaborada pelo governo anterior em desconsideração com a herança cultural afro-brasileira. “O símbolo da fundação é um machado, é o símbolo da justiça, imaginado por vários povos africanos. Mas também é o símbolo de um poderoso orixá, Xangô. Ontem, para a honra e glória nossa, este símbolo voltou à Palmares. Temos um símbolo poderoso para lutar por justiça e por igualdade. Nós venceremos essa luta!”, celebrou.
Ao relembrar a trajetória de luta do dirigente, tanto pela igualdade racial quanto pelo direito à cultura, a ministra Margareth Menezes afirmou que “a chegada de João Jorge Rodrigues à presidência da Fundação Palmares certamente é como uma poesia”.
A chefe da pasta enfatizou, ainda, a importância da cultura para mudar mentalidades, e, consequentemente, combater o racismo. “Neste novo momento da Fundação Palmares, o Ministério da Cultura está também voltado às políticas públicas e às ações de afirmação para o povo negro e para o povo indígena. A missão do ministério é fazer cumprir o que está na Constituição do Brasil”, afirmou.
O encerramento da solenidade também foi realizado pelo Grupo Obará, com capoeira e uma menção ao Xerê de Xangô.
A Fundação Cultural Palmares
Fundada em 1988, a Fundação Cultural Palmares é uma entidade vinculada ao Ministério da Cultura. É a primeira instituição pública voltada à promoção e à preservação dos valores culturais, históricos, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira.