Notícias
MPB
João Donato: adeus ao mestre das melodias
Foto: @cleverbarbosa
A música brasileira perdeu na madrugada desta segunda-feira (17) um talento nato. Um dos principais nomes da bossa nova, parceiro de João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Moraes, o pianista, acordeonista, arranjador, cantor e compositor João Donato morreu aos 88 anos, no Rio de Janeiro. Ele havia sido internado na semana passada por conta de uma infecção pulmonar.
“O seu legado e as suas contribuições marcam uma revolução na bossa nova, no samba, no jazz e no ijexá. João Donato forjou um estilo jazz/afro cadenciado, dinâmico, harmônico e diferenciando, com uma marca própria, e que influenciou gerações inteiras dentro e fora do Brasil. Obrigada, maestro, por todas as inspirações musicais, por ser referência para nós e pela sua generosidade no palco e fora dele”, declarou a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Gravação aos 15 anos
João Donato nasceu em 1934, em Rio Branco, no Acre, e desde criança expressava sua musicalidade ao brincar com flautinhas de bambu e panelas. Aos 5 anos ele já tocava acordeon.
A primeira gravação profissional foi em 1949, tocando acordeon no disco de estreia do Altamiro Carrilho e Seu Regional. Tinha 15 anos.
Lançou seu primeiro LP em 1956, produzido por Tom Jobim. Dois anos mais tarde, passou a se dedicar somente ao piano e gravou Minha Saudade, parceria com João Gilberto. Morou nos Estados Unidos no final da década de 1950 e lá se aproximou e apaixonou pela música latina e caribenha.
O sucesso veio a partir de 1973, quando alguns de seus temas instrumentais ganharam letras. Entre eles, Ahie, gravada por Nana Caymmi; e A Rã, por Gal Costa, com letra de Caetano Veloso. Ao lado de Gilberto Gil ele fez Lugar Comum, Bananeira, Emoriô e A Paz.
A lista de artistas com quem o acreano colaborou inclui ainda Dorival Caymmi, Eumir Deodato, Astrud Gilberto, Stan Kenton, Nelson Riddle, Herbie Mann, Wes Montgomery, além de Fagner e Martinho da Vila, com quem trabalhou como arranjador.
O reconhecimento veio em forma de premiações. O Grammy Latino, em 2010, quando venceu na categoria de melhor álbum de jazz latino, por Sambolero; o Prêmio Shell de Música em 2000, pelo conjunto da obra; e o Tim, em 2004, pelo disco Emílio Santiago encontra João Donato.