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QUINTA EDIÇÃO
Importância dos territórios culturais é tema central de debate durante Seminário na Chapada do Araripe
Foto: TV Casa Grande, Fundação Casa Grande Memorial do Homem Kariri
O segundo dia do V Seminário Internacional Bacia Cultural Sociobiodiversa da Chapada do Araripe Patrimônio da Humanidade celebrou a participação e a valorização dos territórios culturais em duas mesas temáticas nesta quinta-feira (6). O evento segue até o dia 8 de junho e, além de reunir pesquisadores, gestores e estudiosos do tema, conta em sua programação com dirigentes e representantes do Sistema MinC (Ministério da Cultura), como o secretário Fabiano Piúba, de Formação, Livro e Leitura (Sefli); da presidenta do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Fernanda Castro; e Deyvesson Gusmão, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A iniciativa tem transmissão ao vivo pelo canal TV Casa Grande.
Nesta quinta edição do Seminário, aberta ontem (5) pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, o objetivo é fomentar o diálogo e o intercâmbio de conhecimentos, a fim de fortalecer as ações de gestão participativa do Território Cultural da Chapada do Araripe. A iniciativa é uma realização do Sistema Fecomércio Ceará, por meio do Serviço Social do Comércio (Sesc), e organização da Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri.
A mesa Gestão Participativa e o Território Cultural marcou a abertura dos trabalhos nesta quinta e contou com a presença de Alemberg Quindins; da arqueóloga Conceição Lopes; e Fabiano Piúba. Juntos, eles destacaram a importância da participação ativa da comunidade e de diferentes atores sociais na administração, preservação e valorização do patrimônio cultural.
O criador da Fundação Casa Grande, Alemberg Quindins, lembra do poder da partilha. O próprio nome do evento, segundo ele, já aponta para a oferta. “Temos isso no título desse encontro, é a Chapada do Araripe, um patrimônio que nos dá humanidade”, afirma.
“Entre monólitos e mandacarus, num sol a pino de um sertão central, surge um homem cabisbaixo, como se procurasse a si mesmo. Sobre pedras espalhadas no chão, pretas, brancas e rajadas. Assim confessam elas, perguntando ao viajante o que delas querem: quero vida”, completa versado e ritmado.
A palestra segue com a presença da arqueóloga Conceição Lopes, que fez uma fala pauta na importância da ação coletiva, pertencimento e colaboração para uma gestão mais participativa nas decisões e nas reflexões.
“Temos uma geografia poética, trazida por Patativa do Assaré e por Luiz Gonzaga, que nos permite, que, de alguma forma, possamos dizer que esse processo da Chapada do Araripe é um projeto que todo dia nós nos renovamos e que todos esses seminários que nós participamos, e ainda vamos participar, têm esse papel de reafirmar o patrimônio, não como um setor negociável para a economia, mas como algo inegociável e que é protegido por aqueles que os constroem e sabem transmitir”, afirma a arqueóloga.
Em uma convocação à poética, Fabiano Piúba abordou “o tempo todo escutando o chão, esse chão do sertão do Cariri, que nos remete sempre à canção do Gil, quando ele pergunta de onde vem o baião, vem de baixo do barro do chão”. Ele continua ressaltando que temos dois importantes tradutores dessa cultura, Patativa do Assaré e Luiz Gonzaga. E finaliza afirmando que a “Chapada é sim patrimônio da humanidade, mas é também patrimônio da natureza”.
O evento seguiu com a palestra da presidenta do Ibram, Fernanda Castro; e Deyvesson Gusmão, do Iphan.
Patrimônio da Humanidade
O Seminário é mais um passo nessa empreitada de reconhecimento da Chapada como Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O objetivo, além do debate e da reflexão, em torno desse grandioso projeto, é renovar o compromisso político e a corresponsabilidade institucional dos governos com as prefeituras e instituições acadêmicas, sociais e culturais da região para integração de esforços e pactuação pelo reconhecimento internacional da candidatura; bem como para a gestão compartilhada deste território mágico, sagrado de expressão e de pertencimento de nossa identidade cultural.
Em uma ação articulada com o Iphan e demais gestões, em fevereiro de 2024, a Chapada do Araripe foi inscrita na Lista Indicativa da Unesco de locais que podem se tornar Patrimônio da Humanidade Cultural, Natural e Misto. A inscrição na referida lista é vista como uma etapa prévia, que serve como instrumento de planejamento e preparação para as futuras candidaturas a Patrimônio Mundial.