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SÍMBOLOS
Guardiões da Cultura vão guiar participantes da 4ª CNC
Representações de parte de nossos Patrimônios Imateriais e das Culturas Populares, os Guardiões da Cultura serão responsáveis pelas boas-vindas aos participantes da 4ª Conferência Nacional de Cultura (4ª CNC). Eles estarão presentes ao longo de todo trajeto de entrada do Centro de Convenções Ulysses Guimarães com objetivo de conduzir os presentes a uma amostra da riqueza cultural do Brasil e de seu povo. A curta imersão busca fortalecer a identidade e reafirmar o lema do encontro: Democracia e Direito à Cultura.
Essas figuras são guardiãs da memória e carregam consigo os símbolos e conhecimentos transmitidos ao longo da construção do Brasil enquanto nação. Eles representam a sabedoria e a experiência dos antepassados, a preservação das tradições e dos valores da nossa cultura.
São eles, também, embaixadores de suas respectivas culturas. Cada um representa uma manifestação, seja através de danças, músicas, trajes típicos, artesanato e inúmeras outras formas artísticas.
Suas presenças são estratégicas, pois, são os guias para a abertura do espaço que irá deliberar os planos culturais de todo país.
Ao destacar essas representações na abertura da 4ª CNC, o Ministério da Cultura (MinC) reafirma seu compromisso de promoção, inclusão e respeito aos nossos mestres e mestras. Fortalecendo a cultura como um direito de todos e todas, sendo a preservação e valorização de tradições fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Portanto, os Guardiões da Cultura não são apenas ricos elementos visuais. São símbolos vivos da identidade cultural e a personificação dos valores que a Pasta pretende promover durante a 4ª edição da Conferência. Presença e representatividade que nos lembram da importância de valorizar e proteger as riquezas culturais que tornam o Brasil um país único e diversificado.
Conheça cada um dos guardiões:
- Caboclos de Lança: é o guardião e representante do patrimônio Maracatu de Baque Solto da Zona da Mata pernambucana. Personagem viril que, empunhando lança pontiaguda, se movimenta com ruidosos chocalhos às costas, flutuante cabeleira e vistoso figurino multicolorido. Na hierarquia da brincadeira do Baque Solto, é o mestre do apito quem comanda a festa. Porta voz do grupo, o poeta ordena as manobras e evoluções do cortejo, conduz o espetáculo, executa as marchas de abertura, as marchas de saída e de chegada, durante o carnaval. E, não apenas isto, durante todo o ano comanda as festas de terreiro: é quem dá o tom vibrante à alegria dos ensaios e à disputa poética de sambadas. Acompanhado dos instrumentos musicais - percussão e sopro - o mestre de maracatu modula a expansão dos caboclos com o fascínio dos versos, palavras aladas que alcançam o corpo cênico do folguedo e atingem a todos os que rodeiam a cena e nela se envolvem.
- Baiana do Acarajé: guardiã e feitora do famoso bolinho Acarajé. O bolinho de feijão-fradinho, cebola e sal, frito em azeite-de-dendê. Uma iguaria de origem africana, hoje está plenamente incorporada à cultura brasileira. Vendido com acompanhamentos como a pimenta, o camarão, o vatapá e, às vezes, molho de cebola e tomate. Também tem sentido religioso, é comida de santo nos terreiros de candomblé. É o bolinho de fogo ofertado puro, sem recheios, a Iansã e Xangô. Bolinho cheio de significados nos mitos e ritos do universo cultural afro-brasileiro. O registro do Ofício das baianas de acarajé como Patrimônio Cultural do Brasil, no Livro dos Saberes, é ato público de reconhecimento da importância do legado dos ancestrais africanos no processo histórico de formação de nossa sociedade e do valor patrimonial de um complexo universo cultural.
- Mestre Sala e Porta-Bandeira: representante das matrizes do samba do Rio de Janeiro. As suas matrizes – representadas pelos gêneros partido-alto, samba de terreiro e samba-enredo – são um patrimônio popular e cultural não só do Rio de Janeiro, mas de todo o país. A música, a poesia, a dança, a religiosidade, os lugares ganharam um livro e um museu vivo com a história do samba. O Museu do Samba, proponente do inventário deste patrimônio, reúne hoje mais de 45 mil itens de acervo, um programa de educação patrimonial premiado, sendo, acima de tudo, espaço de encontro e luta pelos direitos dos sambistas de todas as gerações.
- Sambadeiras: guardiãs e representantes do Samba de Roda. Manifestação musical, coreográfica e poética, o samba de roda permeia atividades econômicas, religiosas e lúdicas, particularmente no contexto cultural do Recôncavo Baiano. Em sua definição mínima constitui se da reunião, que pode ser fixada no calendário ou não, de grupo de pessoas para performance de um repertório musical e coreográfico. Não há ocasiões exclusivas para a realização do samba de roda, mas há aquelas nas quais ele é indispensável. A primeira delas refere-se às festas do catolicismo popular que são associadas, no Recôncavo, às tradições religiosas afro-brasileiras. Em particular, no final de setembro são célebres os sambas nas festas dos santos Cosme e Damião, sincretizados com os orixás iorubanos relacionados aos gêmeos, os Ibeji.
- Cordelistas: Entre versos, rimas e cantoria, a Literatura de Cordel é uma expressão cultural popular que abrange não apenas as letras, mas também a música e a ilustração. É um gênero literário, veículo de comunicação, ofício e meio de sobrevivência para inúmeros cidadãos brasileiros. Poetas, declamadores, editores, ilustradores (desenhistas, artistas plásticos, xilogravadores) e folheteiros (como são conhecidos os vendedores de livros) já podem comemorar, pois, agora, a Literatura de Cordel é Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. Apesar de ter começado no Norte e no Nordeste do país, o cordel hoje é disseminado por todo o Brasil, principalmente por causa do processo de migração de populações. Hoje, circula com maior intensidade na Paraíba, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. Em todos estes estados, é possível encontrar esta expressão cultural, que revela o imaginário coletivo, a memória social e o ponto de vista dos poetas acerca dos acontecimentos vividos ou imaginados.
- Mamulengo: Mamulengo, Babau, João Redondo e Cassimiro Coco são denominações para o teatro de bonecos popular praticado na região Nordeste, cujos nomes estão relacionados respectivamente aos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. O Cassimiro Coco também pode ser encontrado em algumas regiões do Piauí e do Maranhão, e Mamulengo é o termo mais comumente utilizado nos estados do Centro-Sul do país, incluindo o Distrito Federal, para designar o teatro de bonecos de cunho popular com influências do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste.
- Kazumbá, Vaqueiro, Pai Francisco e Mãe Catirina: guardiões da manifestação maranhense Bumba Meu Boi. O Bumba-meu-boi do Maranhão é, antes de tudo, uma grande celebração na qual se confundem fé, festa e arte, numa mistura de devoção, crenças, mitos, alegria, cores, dança, música, teatro e artesanato, entre outros elementos. Considerado a mais importante manifestação da cultura popular do Estado, tem seu ciclo festivo dividido em quatro etapas: os ensaios, o batismo, as apresentações públicas ou brincadas e a morte. Bumba-meu-boi é o termo genérico pelo qual é conhecida a manifestação cultural popular brasileira que tem o boi como principal componente cênico e coreográfico. Há registros de brincadeiras de boi em todas as regiões do Brasil, com as especificidades que dão conformidade diferente a uma mesma expressão cultural cuja denominação pode variar de acordo com o lugar de ocorrência. Bumbameuboi, Boi-bumbá, Boi Surubi, Boi Calemba, Boi-de-mamão, Boi Pintadinho, Boi Maiadinho, Boizinho, Boi Barroso, Boi Canário, Boi Jaraguá, Boi de Canastra, Boi de Fita, Boi Humaitá, Boi de Reis, Reis de Boi, Boi Araçá, Boi Pitanga, Boi Espaço e Boi de Jacá são algumas das terminologias que a brincadeira do boi, com suas diferenças e similitudes, recebe nos mais diferentes estados do Brasil.
- Coureiros e Coureiras do Tambor de Crioula: o conjunto complexo e heterogêneo das manifestações culturais populares do Maranhão, o tambor de crioula se destaca como uma das modalidades mais difundidas e ativas no cotidiano da capital e do interior do Estado, fazendo parte das atividades festivas, da sensibilidade musical e da definição da identidade cultural dos maranhenses. Resumidamente, trata-se de uma forma de expressão de matriz afro-brasileira que envolve dança circular, canto e percussão de tambores, apresentando alguns traços que a aproximam do gênero samba: a polirritmia dos tambores, a síncope (frase rítmica característica do samba), os principais movimentos coreográficos e a umbigada.
4ª CNC
Com o tema “Democracia e Direito à Cultura", o evento deverá reunir mais de 3 mil participantes de todo o Brasil para debater políticas públicas culturais e definir orientações prioritárias para assegurar transversalidades nas ações do setor. As propostas aprovadas durante o evento vão embasar as diretrizes do novo Plano Nacional de Cultura (PNC), que nortearão a pasta na próxima década.
Para a ministra da Cultura, Margareth Menezes, a realização da 4ª CNC tem uma importância estratégica para o setor, principalmente após a reconstrução do MinC. Segundo ela, a política cultural, com a dimensão do Brasil e à altura de sua diversidade e riqueza, só pode ser formulada se os órgãos e gestores de cultura, de todo o país, estiverem em diálogo com trabalhadores e trabalhadoras do setor, que são o tecido vivo desta riqueza.
“Esperamos que a 4ª Conferência Nacional de Cultura (4ª CNC) seja um ambiente de reflexão crítica, mas também de proposições inventivas que farão fortalecer os direitos culturais e o estado democrático de direito em nosso país”, destaca Margareth Menezes.
A 4ª CNC é realizada pelo MinC e pelo Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), e co-realizada pela Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI). Além disso, conta com apoio da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso Brasil).