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Enecult comemora 20 anos com debates sobre os desafios contemporâneos da cultura
Foto: MinC
A vigésima edição do Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Enecult) começa na próxima segunda-feira (19). Com programação até sábado, dia 24, o evento que será realizado na Universidade Federal da Bahia (UFBA) tem o objetivo de discutir temas sensíveis para o campo cultural na atualidade. A programação, em modalidade híbrida, reúne gestores, artistas e pesquisadores em debates, mesas de trabalho, lançamentos de livros e atividades culturais. Os interessados podem se inscrever até o dia 16 de agosto por meio do endereço (clique aqui). O Encontro conta com o apoio do Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Formação, Livro e Leitura (Sefli).
Essa edição especial, que marca as duas décadas de existência do evento, busca dialogar com assuntos que estão no centro das atenções a partir das perspectivas do campo cultural. De acordo com Sophia Rocha, coordenadora do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (CULT) e responsável pela realização do evento, o Enecult é construído de forma sintonizada com os debates contemporâneos. “Esse é um espaço que não apenas documenta e celebra a memória do campo cultural no Brasil e na América Latina, mas também se coloca na vanguarda de estudos e pesquisas em torno de temas muito diversos”, comenta.
As primeiras atividades acontecem já na segunda (19) e terça-feira (20) com mesas de discussão virtual. As atividades serão transmitidas pelo canal do encontro no Youtube.
Pesquisadores e agentes culturais como Alexandre Barbalho (Uece), Angela Andrade (UFBA), Deborah Rebello Lima (UFPR), Tomás Peters (UChile - Chile), María Elena Díaz (Unam - México), Beá Tibiriça (Coletivo Digital) e Drica Veloso (Unesco/MinC) são convidados a falar sobre a geração de conhecimento nas políticas públicas de cultura, a cultura digital na política nacional do Cultura Viva e o futuro das políticas culturais na América Latina.
Na quarta-feira (21), às 9 horas, será realizada a cerimônia de abertura do 20º Enecult no Salão Nobre da Reitoria da UFBA. Juntamente com uma intervenção artística, o público acompanha uma produção audiovisual que destaca o legado do evento durante as duas últimas décadas.
Na sequência, às 10 horas, a mesa de abertura debate Cultura, Direitos Humanos e Desenvolvimento Sustentável, o papel central da cultura no desenvolvimento sustentável, frente aos impactos da crise climática e do racismo ambiental nos territórios de povos originários, comunidades tradicionais e periféricas, às violações aos direitos humanos e culturais. São expositores dessa mesa Mestre Aderbal Ashgun, da Rede Afroambiental, a defensora pública da Bahia, Aléssia Bertuleza Tuxá e a gestora pública do MinC Márcia Rollemberg. A mediação é realizada pela professora Lourivânia Soares (UFSB) e o debatedor é o professor José Roberto Severino (UFBA).
Na quinta-feira (22), às 9 horas, ainda no Salão Nobre, a mesa Guerras Culturais vai debater os acirramentos políticos-ideológicos e os movimentos antidemocráticos no Brasil. Para isso, são convidados o professor João Cezar de Castro Rocha (UERJ), a professora Letícia Cesarino (UFSC) e o secretário de Formação, Livro e Leitura do MinC, Fabiano Piúba. A mediação é realizada pela professora Ohana Boy (UFBA) e Alexandre Barbalho (Uece) é o debatedor da mesa.
Já na sexta-feira (23), a Faculdade de Comunicação da UFBA (Facom), recebe a mesa Desafios para o novo Plano Nacional de Cultura. O professor Guilherme Varella (UFBA), a secretária dos Comitê de Cultura (SCC), Roberta Martins, e a coordenadora-geral, Sofia Mettenheim, ambas do MinC, bem como a conselheira nacional de política cultural, Fernanda Morgani, buscam refletir sobre os desafios e as perspectivas para a formulação e implementação desse dispositivo. A mediação é da pesquisadora Sophia Rocha (UFBA).
A mesa Democracias e Culturas na América Latina, por sua vez, é formada pelos professores Albino Rubim (UFBA), Carlos Yanes (Colômbia), Eduardo Nivón (México), Rubens Bayardo (Argentina) e Guillermo Valdizán (Peru), com mediação de Lia Calabre (FCRB). A composição acontece no sábado (24), às 9 horas, também na Facom. E propõe uma reflexão sobre culturas nas contraposições entre democracias e autoritarismo no território latino-americano.
A vice-coordenadora do Cult e professora da UFSB, Lourivânia Soares, avalia que o Enecult sempre buscou inovar e fortalecer o diálogo junto à sociedade. Para o futuro, o evento quer “ampliar ainda mais a diversidade de vozes e perspectivas, considerando os desafios da conjuntura brasileira e a cultura como lugar central de produção de conhecimento, de afetos e de resistências, para a fortalecer a cidadania e a democracia”, explica.
O 20º Enecult promove ainda outras sete atividades entre os Grupos de Trabalho Cultura Viva, Patrimônios Culturais e Memórias, Culturas e Identidades, Diversidade Cultural e Culturas e América Latina.
Lançamentos de livros
Na sexta-feira (23), às 19 horas, será realizada a confraternização dos 20 anos do Enecult na Casa Rosa Salvador, no Rio Vermelho. Na ocasião, está previsto o lançamento de 15 livros ligados aos temas discutidos no evento e uma sessão de autógrafos com os autores: João Cezar de Castro Rocha, Adelaide Cristina Rocha de la Torre Chao, Viviane Cristina Pinto, Renata Pitombo, Bernardo Novais da Mata Machado, Albino Rubim, Guilherme Varella, Priscila Seixas da Costa, entre outras e outros. Para ritmar esse momento, o grupo Roda de Samba Mulheres de Itapuã apresenta seu repertório que se conecta às matrizes do samba da Bahia e busca evidenciar o protagonismo feminino no gênero. O DJ Luciano Matos (El Cabong) também é uma das atrações musicais confirmadas. Essa programação é aberta e gratuita, mas a entrada no espaço será priorizada aos inscritos no encontro.
O 20º Enecult é realizado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), por meio do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Cult), em parceria com o Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (Pós-Cultura) do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC) e Faculdade de Comunicação (Facom), e pelo Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Formação, Livro e Leitura (Sefli). O evento conta este ano com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), através do Auxílio à Promoção de Eventos Científicos, Tecnológicos e/ou de Inovação e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), através do Programa de Apoio a Eventos no País (Paep).
Sobre o Enecult
Mais de 10 mil participantes já passaram pelo evento ao longo das últimas duas décadas. Mais de 4 mil trabalhos foram apresentados, além da presença de mais de 300 pesquisadores e pesquisadoras de referência mundial, a exemplo de Mia Couto (Moçambique), Antonio Lafuente (Espanha), Armand Mattelart (França), Armando Silva (Colômbia), Daniel Gonzalez (Argentina), Daniel Mato (Venezuela), Eduardo Nivón Bolán (México), George Yúdice (EUA), Gonzalo Carámbula (Uruguai), Manuel Garretón (Chile), José Miguel Wisnik (Brasil), Massimo Canevaci (Itália) Muniz Sodré (Brasil), Natália Ramos (Portugal), Nestor Gárcia Canclini (México/Argentina), Renato Ortiz (Brasil), Rocío Ortega (Paraguai), entre muitos outros.
Importantes políticas públicas para o campo da cultura brasileira foram impulsionadas a partir de debates no Cult-UFBA e no Enecult, como os Pontos de Cultura, o Sistema Nacional de Cultura e Planos Municipais de Cultura. Iniciativas como essas nasceram do compromisso com a geração de conhecimento, contando com pensadoras e pensadores da cultura no país, a exemplo de Lia Calabre, Isaura Botelho, Albino Rubim, José Márcio Barros, Leandro Colling, Renato Ortiz, Juca Ferreira, Gilberto Gil, Paulo Miguez, entre outros.