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Diversidade e debate sobre participação social marcam encerramento do I Encontro Regional Norte de Agentes Territoriais de Cultura

Foto: Bruna Machado / MinC
Espaço para socialização, oportunidade de formação, consolidação de debates e encaminhamentos para futuras ações dentro do Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC). Esse foi o balanço do I Encontro Regional Norte de Agentes Territoriais de Cultura. Realizado pelo Ministério da Cultura (MinC) em parceria com o Instituto Federal do Pará (IFPA), o evento reuniu agentes territoriais de todos os estados da região Norte durante três dias em Belém (PA).
No encerramento, que ocorreu nesta quinta (20), a coordenadora-geral da Secretaria dos Comitês de Cultura do MinC, Mirela Araújo, fez uma avaliação positiva do Encontro.
“Os agentes territoriais trouxeram muita diversidade. Foi um momento de troca, de construção coletiva e de participação. A gente teve uma programação muito intensa e sai daqui com muito mais trabalho, com uma grande perspectiva de futuro pela frente em preparação pro nosso encontro nacional”, concluiu.
A coordenadora pedagógica do PNCC pelo Instituto Federal do Pará, Suelen Santos, destacou a importância de um encontro presencial.
“A gente conseguiu trazer mais afetos, mais diálogos e mais conexões. Agora, todos os agentes retornam para os seus territórios, fortalecidos, compreendendo melhor ainda o programa e fazendo conexões entre eles e sabendo que eles não estão sós”, avaliou.
Para alguns agentes territoriais não foi simples chegar à capital paraense. Fidelis Baniwa, por exemplo, enfrentou mais de 20 horas de viagem. Ele mora no munícipio de Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas. Mas, teve que passar um tempo na capital do estado, Manaus, esperando barcos que só passam duas vezes por semana. Para ele, valeu a pena.
“Neste primeiro encontro de agentes territoriais, vemos a diversidade que somos. Estamos aqui representantes de sete estados da região Norte, e já dá para perceber a grandiosidade e a riqueza cultural que temos. O Programa nos permite conhecer outros agentes culturais que antes nem sabíamos que existiam. Enquanto fazedores de arte, podemos chegar mais longe”, destacou.
Participação social
Ao fazer um balanço das ações institucionais, Pedro Pontual, diretor de Educação Popular, da Secretaria-Geral da Presidência da República, enfatizou que “uma das principais diretrizes desse novo momento de Governo Federal deveria ser a participação social acompanhada indissociavelmente de processos de organização popular”. Ele reforçou a importância de programas que promovam mudanças reais no pensamento e na vida da população.
“Vocês têm uma tarefa histórica muito importante como agentes de território. É no território que as pessoas vivem, é no território que elas se associam, que elas se organizam”, afirmou, explicando o Programa Nacional dos Comitês de Cultura como uma estratégia para fortalecer essa participação.
O papel desempenhado pelos agentes territoriais de cultura também foi destacado pela Secretária dos Comitês de Cultura (SCC), Roberta Martins.
“A gente só muda a sociedade se a gente conseguir mudar dentro do nosso território. A nossa função é estabelecer um programa que se proponha dar esta ferramenta, para que a gente consiga melhorar os processos de aproximação e de acesso à cultura, a partir das possibilidades de políticas públicas com os nossos territórios”, concluiu.
Diversidade
O terceiro e último dia do I Encontro Regional Norte de Agentes Territoriais de Cultura foi marcado também por uma experiência imersiva nas narrativas negras e LGBTQIA+ da cidade de Belém. Durante o Rolezinho Cultural, os agentes territoriais participaram de um passeio pelas ruas da capital, com caminhadas guiadas e apresentações artísticas.
A Caminhada Belém Negra, conduzida pela historiadora quilombola Roberta Tavares, do projeto Guia Negro Afroturismo, promoveu um mergulho na histórica presença da população negra na cidade, passando por pontos emblemáticos como a Igreja do Rosário dos Homens Pretos e a Pedra do Peixe, no bairro da Campina.
“O olhar da presença negra, e presença não só física, mas cultural também, traz uma outra visão da cidade que não é uma visão propagada pelo turismo de mercado. Então, é importante porque traz um um olhar real, um olhar que possibilita pensar uma Belém de uma outra maneira que não seja essa do senso comum e do mercado de turismo”, afirmou Roberta.
A exposição-performance Presença LGBTQIA+ na cidade de Belém, organizada pelo coletivo Filhas da Chiquita, também fez parte do último dia do Encontro. A programação aconteceu no Teatro Waldemar Henrique e contou com uma exposição de fotografias e figurinos da tradicional Festa da Chiquita, que acontece junto à Trasladação de Nossa Senhora de Nazaré, conhecida também como Romaria das Luzes.
“Espero que as nossas vozes possam ser escutadas, que consigamos, através do conhecimento das pessoas, ser reconhecidos como algo positivo, como um evento que traz benefícios, inclusive, para a saúde mental da comunidade. Espero que a mensagem que enviamos tenha sido compreendida e que possamos contar com apoio para manter esse evento vivo, pois, a cada ano, enfrentamos grandes desafios para realizá-lo”, defendeu Elói Iglesias, multiartista paraense e um dos fundadores da Festa da Chiquita.