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ARTES CÊNICAS
Dia Nacional do Teatro: setor vê com otimismo as ações do MinC
Foto: João Gabriel/Divulgação
“Teatro é a minha religião, é a minha política. É uma arte que humaniza o ser humano. A construção de uma sociedade mais justa e igualitária é um papel do teatro”, diz a atuadora do grupo porto-alegrense Tribo de Atuadores Oi Nóis Aqui Traveiz, Tânia Farias. A afirmação expressa a relevância e o significado das artes cênicas para seus profissionais, principalmente neste 19 de setembro, Dia Nacional do Teatro.
“Essa data serve para lembrar da grande quantidade de trabalhadores e trabalhadoras do setor no país e de que é preciso de políticas públicas para eles. Estamos vivendo o momento de reconstrução [do Ministério da Cultura], é um momento de esperança, de fé”, emenda Tânia.
Diretor de Artes Cênicas da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Rui Moreira dos Santos, lembra da importância da celebração não apenas por homenagear os profissionais do setor. “O período é comemorativo ainda em função da sanção da Lei 13.442/2017, que institui a data como o Dia Nacional do Teatro Acessível: Arte, Prazer e Direitos. Portanto, também é um dia propício à reflexão sobre a importância da inclusão de todos aos direitos culturais, afinal a arte possui um valor inexprimível e todos têm o direito de experimentá-la”, salienta.
As iniciativas da entidade vinculada ao Ministério da Cultura (MinC) para o segmento nestes primeiros oito meses de gestão são destacadas por Rui. “A Funarte, com sua missão de orientar a construção de política específica para as artes, tem criado mecanismos que atuam em eixos prioritários que possibilitam que as artes do palco desenvolvam suas etapas de existência. O total previsto pelo Ministério é de R$ 100 milhões para a reconstrução da Política Nacional das Artes. A Fundação lançou cinco programas até o momento”, lembra. “No conjunto destes programas, uma série de medidas implementadas pela entidade, em sua primeira etapa, teve o investimento de R$ 52 milhões”, completa.
Políticas para a cultura
Produtor da Cia. Casa Circo, de Macapá, Jones Barsou vê com bons olhos as ações do MinC. “As coisas estão mudando. A gente sente vontade de produzir. Agora, temos que nos organizar para as novas políticas para a cultura”.
E completou: “No Amapá nós temos uma dificuldade muito grande. Há poucos incentivos. Temos que ficar atentos ao que é feito no restante do país, ir atrás de festivais, mostras, para termos um outro subsídio”, revela ele, que se diz esperançoso com a retomada do diálogo entre Ministério e trabalhadores da cultura e a questão do acesso ao fomento.
Sobre o tema, o secretário de Economia Criativa e Fomento Cultural do MinC, Henilton Menezes, cita iniciativa recente da Pasta. “Historicamente, as artes cênicas figuram como a área cultural que mais recebe recursos da Lei Rouanet, com 25% dos investimentos do orçamento total. O desafio agora é descentralizar esse volume de recursos entre os estados brasileiros. Por isso estamos lançando o Programa Rouanet Norte, que beneficiará agentes culturais dos sete estados da região Norte do Brasil, com investimento de quatro estatais brasileiras”, explica.
Nos últimos dez anos, segundo dados da Secretaria de Economia Criativa e Fomento Cultural (Sefic), a Rouanet, por meio do seu mecanismo de incentivo fiscal, apoiou 7.743 projetos voltados ao teatro, totalizando um montante investido de R$ 3.359.106.828,30 no setor.
Foto: Mariana Rotili/Divulgação
“Estamos retornando de um período de inexistência de políticas culturais. Temos uma expectativa grande com relação às ações do Ministério, da Funarte”, afirma o ator, encenador, produtor e professor no Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Thiago Pirajira.
Ele, que integra os grupos Pretagô e Usina do Trabalho do Ator, em Porto Alegre, analisa o panorama em seu estado. “O teatro no Rio Grande do Sul, mesmo diante das dificuldades, tem artistas geniais que resistem e que apesar de não estarem no centro do país, onde há maior concentração de riquezas e de recursos, vêm tentando manter os seus trabalhos e as suas produções de qualidade, de ousadia, de extrema qualidade estética e de muita reflexão”, justifica.
Para Tânia, os desafios que se impõem para o segmento são grandes. “Ainda estamos no campo da emergência em decorrência da pandemia da Covid-19. Precisamos superar esta fase e construirmos políticas públicas permanentes para o setor, para que os profissionais do teatro tenham condições de trabalho”, conclui.
Teatro no Brasil
O hábito de assistir espetáculos teatrais teve início no Brasil com a chegada da família real portuguesa, em 1808. O rei Dom João VI convidava companhias estrangeiras a se apresentarem por aqui.
No século 19 surgiu a comédia de costumes. Os destaques eram os textos de Martins Pena, como O Noviço. Em 1943, com Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, nasceu o teatro moderno brasileiro. A peça rompia com os paradigmas das montagens da época. Na sequência foram criados vários grupos no Rio de Janeiro e em São Paulo. O mais célebre deles foi Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), do qual participaram nomes como Cacilda Becker, Paulo Autran, Walmor Chagas, Tônia Carrero e Fernanda Montenegro.