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Dia Mundial da Poesia: conheça as iniciativas do MinC para a democratização do gênero literário

Foto: Beth Freitas/Casa Tina Martins
Nesta sexta-feira, 21 de março, é dia de celebrar a poesia, enaltecendo o gênero literário e seus autores. O Dia Mundial da Poesia foi criado em 1999, durante a 30ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), para promover a diversidade das línguas e incentivar o intercâmbio cultural. O Ministério da Cultura (MinC), por meio dos Pontos e Pontões de Cultura, Rede Nacional de Escolas Livres de Formação em Arte e Cultura e Fundação Biblioteca Nacional (FBN), entidade vinculada à Pasta, desenvolvem ações voltadas à poesia.
A presidente do Instituto Cultural AbraPalavra, em Belo Horizonte (MG), Pontão Nacional de Cultura de Livro, Leitura e Literatura e integrante da Rede Nacional de Escolas Livres, por meio da Escola Livre de Estudos da Narração Artística (Elena), Aline Cântia, valoriza a homenagem. “É importante quando temos uma data para este gênero literário, porque podemos parar para promover, valorizar e difundir as múltiplas vozes que a poesia abriga”, salienta ela, que é também coordenadora da Elena.
O Brasil celebra ainda, em 31 de outubro, o Dia Nacional da Poesia, instituído pela Lei Nº 13.131, de 3 de junho de 2015. É uma homenagem à data de nascimento do poeta Carlos Drummond de Andrade.
Aline ressalta outros aspectos do gênero literário nos dias atuais. “Ela tem papel importante na ampliação das vozes que ocupam o espaço público: cada vez mais vemos poetas das periferias, indígenas, negros e mulheres ressignificando a tradição e trazendo novas narrativas para o cenário literário. A poesia pulsa no slam, nas redes sociais, nos saraus, nas ruas, na música, nas bibliotecas comunitárias, nos Pontos de Cultura, nos Pontos de Leitura, nas Escolas Livres, em todas as formas de arte”, diz Aline.
Segundo ela, a democratização da poesia está relacionada ao direito à arte. “Para torná-la mais acessível é essencial investir em formas de circulação mais dinâmicas e interativas, como a disponibilização de acervos de livro de poesia para bibliotecas comunitárias e públicas, realização e investimento público em saraus, slams, clubes do livro e outras experiências que aproximem a palavra poética do cotidiano das pessoas”, observa.
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Foto: Igor Cerqueira
Cursos
A Elena, primeira escola de narração artística do país, oferece cursos, oficinas e rodas de conversa sobre escrita literária e criativa, entre outros temas. Em 2 de abril serão abertas as inscrições para duas oficinas literárias gratuitas que também têm a poesia como foco: Escrita Literária: Narrativas de Si e do Cotidiano e Literatura Feminina: Escrita para Mulheres Migrantes.
O Instituto Cultural AbraPalavra, que também é Pontão Nacional de Cultura de Livro, Leitura e Literatura, dentro da Política Nacional de Cultura Viva (PNCV) do MinC, tem vivências, oficinas on-line e atividades culturais envolvendo a poesia. Em maio será promovida oficina on-line de escrita literária, que engloba a poesia, com a escritora Mariana Botelho, do Ponto de Cultura Mucury, Comitê Gestor do Pontão. Também estão programadas oficinas virtuais de mediação de leitura nas quais será trabalhada a mediação da poesia em espaços como bibliotecas.
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Foto: Divulgação
Sarau
Em Piaçabuçu (AL), o Ponto de Cultura Olha o Chico, desde o seu surgimento, em 1999, busca meios de estimular a leitura e desenvolver o gosto pelas artes e cultura. “As nossas ações voltadas para a poesia estão principalmente no sarau, onde disponibilizamos um varal com poemas, onde todos têm acesso. Com esse movimento, poetas da cidade trazem poesias para esses momentos. A instituição também espalha varais pela cidade em datas especiais”, conta Manoel Silvestre, do conta Manoel Silvestre, do Ponto de Cultura Olha o Chico, que integra o Comitê Gestor do Pontão AbraPalavra.
Do espaço saíram vários poetas, músicos, atores, contadores de histórias. O local ainda abriga uma biblioteca comunitária, com acervo de obras de poetas e escritores locais.
“Acreditamos que a poesia, assim como outras linguagens da escrita e oralidade, carregam muitas história e ensinamentos. Queremos tornar a poesia acessível e os interessados mais perto da escrita e da possibilidade de externá-la a partir do sarau”, completa.
Slam
De acordo com a poeta slammer, ativista e educadora social mineira Nívea Sabino a poesia é fundamental nos dias de hoje. “Ela ativa os dispositivos que permitem as pessoas desenvolverem o pensamento crítico e a interpretação de um mundo menos literal. A crescente de movimentos ultraconservadores está ligada, também, a uma grande dificuldade de imaginar ou conceber outras formas possíveis de existência, algo que a poesia nos provoca a pensar”.
Com experiência na organização e atuação em slams, Nívea acredita que eles ajudam a tornar o gênero literário mais popular. “São espaços de escuta que permitem ao indivíduo acessá-la no seu cotidiano. Nestes locais, o poeta é um cidadão comum. Eles contemplam, por exemplo, pessoas semialfabetizadas, que, às vezes, não escrevem o próprio texto, porém, o recitam, locais onde essas pessoas podem e são estimuladas a se expressarem também, e o melhor: com as suas próprias habilidades. Os movimentos de poesia falada diminuem as distâncias que foram criadas ao longo da história da literatura e auxiliam na democratização do acesso”.
Revista
A Fundação Biblioteca Nacional celebra o Dia Mundial da Poesia com o lançamento, nesta sexta, da edição 42 da revista Poesia Sempre. A temática da publicação, em formato digital, é a poesia colombiana.
Para maio, a FBN prepara a estreia da nova temporada da série mensal de entrevistas Memória da Poesia Brasileira, com curadoria do poeta Sergio Cohn.