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Debate sobre estratégias para ampliar espaço artístico no exterior reúne empreendedores do todo o país
Foto: Thiago Gomes
Experiências e orientações para ganhar espaços de apresentações no exterior foram debatidas no Painel de Mercado Turnês Internacionais Independentes Como Bookar sua Primeira Turnê Internacional – Dicas, Método e Expectativas Depois da Primeira Carta-convite.
O músico Raphael Evangelista, do Duo Finlândia, reuniu dezenas de produtores e gestores ligados à área para contar os caminhos que trilhou desde 2010 em apresentações pelo mundo, abarcando mais de 20 países. A partir de 2015, ele ampliou seu trabalho de produção e iniciou o agenciamento de outros artistas brasileiros. O caminho inverso também acontece. Raphael traz artistas do exterior para o Brasil.
“É preciso ter um conceito artístico maduro, coerência do trabalho com o material de divulgação. Pela minha experiência, as rodadas de negócios representam, de forma disparada, a melhor maneira de expandir turnês para fora do país. Eu diria que 90% dessas conversas resultam em parcerias. Claro que não é ali, na hora, mas é um primeiro contato que geralmente evolui”, ressalta.
O debate aprofundado sobre o fazer cultura dentro do Brasil e fora dela foi um dos temas tratados nesse segundo dia do Mercado das Indústrias Criativas do Brasil (MICBR) 2023. Além dele, outros 13 paineis e quatro oficinas com temas como cultura alimentar, ferramentas para construir festivais, metodologia, cadeia produtiva e culturas periféricas, entre outros, integraram a programação desta quinta (9).
A produtora Tania Artur compartilhou sua experiência com o músico Jonathah Ferr, em turnê pelo exterior. O pianista esteve em países da Europa como Portugal, Alemanha, Holanda. Ela contou que, para economizar, contratou músicos em Lisboa e Berlim. Dessa forma, reduziu custos de viagem com profissionais brasileiros. “Plantei muitas sementes. Tive grande medo de sair no prejuízo, mas deu tudo certo”, comemorou.
Outra experiência compartilhada no Painel, sobre turnês, foi do Balé Folclórico da Bahia. Quem revelou foi o produtor Walson Botelho. “É importante o profissionalismo do artista. Temos 35 anos de Balé Folclórico da Bahia, com uma carreira sólida no exterior, com apresentações em mais de 57 países. São 282 cidades apenas nos Estados Unidos. Conquistar o mercado internacional depende muito de profissionalização e competência”.
Reinvenção no pós-pandemia
No ano de 2019, a agência de condução de carreiras de artistas brasileiros no exterior – criada por Raphael Evangelista -, acabou paralisando todas suas atividades no período da pandemia. Depois, voltou-se para a digitalização de seus processos, mas com foco humano, relembra Raphael Evangelista.
No início da carreira, no início de 2000, o violoncelista traçou plano de até 2010 produzir 70% de seus shows com o argentino Mauricio Candussi por meio de Carta-convites, um documento oficial que impulsiona carreiras artísticas no mundo. Mas, já em 2006, a dupla alcançou sua meta.
Na primeira turnê fora do Brasil, chamada de “turnê de desbravamento”, eles passaram por Chile, Argentina, Uruguai, Egito, Dubai, Grécia, Alemanha, França, Portugal. Ampliaram para países da América Central, como Panamá, Costa Rica, Nicarágua. “Plantamos sementes. Só no Panamá estivemos quatro vezes já. Na medida em que voltamos, fortalecemos essa rede”, contou.
Ele aconselha um planejamento passando por etapas de pré-produção, que pode levar de cinco a oito meses, incluindo definição de roteiros e datas, custos de viagens e alimentação. Depois, é necessário pensar na captação (envio de propostas), execução e projeção. O trabalho tem diferentes estratégias para cada local, sendo em países europeus bastante comum profissionais específicos que trabalham com marcação, agendamentos de espetáculos, chamados bookers. “Temos três tipos de linguagem. Para os contratantes, para o público e para a imprensa. É preciso trabalhar com a realidade de cada contratante.”
Aproveitar todas as oportunidades é outra estratégia. Raphael Evangelista lembra que seu primeiro contato com produtores do Panamá foi quando ele teve uma conexão no país por 24 horas.
Realização
O MICBR é uma realização do MinC e OEI e conta com o patrocínio master da Vale e do Instituto Cultural Vale. Também apoiam a iniciativa o Sebrae, o YouTube, a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco da Amazônia (BASA).
A programação das palestras e oficinas é apresentada pela Vale e Instituto Cultural Vale, com apoio do British Council. A Apex-Brasil é parceira nas rodadas de negócios e atividades de formação de redes. Nest quinta (09), foram realizadas mais de 50 atividades.
O Mercado das Indústrias Criativas é realizado, ainda, com apoio do Governo do Estado do Pará, por meio das Secretarias de Cultura e Turismo, e pela Prefeitura de Belém, por meio da Fundação Cultural de Belém e da Companhia de Desenvolvimento da Região Metropoli