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Cultura Viva é destaque no Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura
Foto e edição: Mariana Passos e Iris Morena
A programação desta quarta-feira (21) da 20ª edição do Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Enecult), realizado em Salvador (BA), foi marcada por debates e apresentações de artigos sobre a Política Nacional Cultura Viva (PNCV). A mesa Cultura Viva: Programa, Política e Poesia reuniu os gestores do Ministério da Cultura (MinC), que partilharam suas produções de conhecimento e experiências no tema.
Ao participar das discussões, a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC), Márcia Rollemberg, reforçou a importância da pesquisa para acompanhamento e monitoramento da política nessas duas décadas de existência.
“As universidades são muito preciosas no âmbito da Cultura Viva. Não é por acaso que são 20 anos de Enecult e 20 anos de Cultura Viva. É uma sinergia que está acontecendo aqui. Nós estamos revitalizando a relação com as universidades no Brasil, mas também precisamos fortalecer essa rede no Ibercultura Viva”, defendeu Márcia, que também está na presidência do IberCultura Viva, programa de cooperação técnica entre países ibero-americanos onde são desenvolvidas políticas culturais de base comunitária inspiradas na experiência brasileira. “Ter dados, estudos, evidências, críticas, um processo saudável de avaliação e de construção de conhecimento em torno dessa pauta é da maior importância para todos nós”, completou.
A pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Deborah Rebello Lima fez a mediação da mesa. “A PNCV é um símbolo dessa agenda contemporânea da política pública de cultura não apenas pela virada do conceito de cultura e na forma de relação entre Estado e sociedade, mas essencialmente por privilegiar o reconhecimento, a participação e o olhar para sujeitos historicamente subalternizados no território”, explicou.
O programa Cultura Viva foi criado em 2004 e, dez anos depois, se tornou a Política Nacional de Cultura Viva, por meio da Lei Federal 13.018/2014. Considerada a política de base comunitária do Sistema Nacional de Cultura e uma das principais ações de promoção da diversidade cultural no Brasil, a PNCV fomenta ações de entidades, coletivos e agentes culturais de diferentes territórios. Desde sua criação, tem sido objeto de pesquisas e reflexões.
Programação
O Enecult começou na última segunda-feira (19) e seguirá até sábado (24), na Universidade Federal da Bahia (UFBA). O objetivo é discutir temas sensíveis para o campo cultural na atualidade, com gestores, artistas e pesquisadores. A edição deste ano incorporou em sua programação o Encontro Internacional de Pesquisa sobre a Cultura Viva.
Essa é uma iniciativa da UFBA, da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR). As três instituições formam o Consórcio Universitário que formalizou uma parceria com a Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura para desenvolver ações de pesquisa e formação com foco nos 20 anos da Cultura Viva.
Trabalhos apresentados na mesa “Cultura Viva: Programa, Política e Poesia”
“Cultura Viva: rede de poema e poema em rede”, por Leandro Anton, coordenador de Articulação da Cultura Viva da SCDC/MinC.
“A dimensão econômica solidária na Cultura Viva”, por Juliana Caetano, chefe de divisão da Articulação da Cultura Viva, e Carolina Freitas, coordenadora de Planejamento da Cultura Viva da SCDC/MinC.
“Cultura Viva e Pontos de Cultura celebram 20 anos com o maior investimento da história”, por João Pontes, diretor da Política Nacional Cultura Viva.
Cultura, Direitos Humanos e Desenvolvimento Sustentável
A secretária Márcia Rollemberg também participou da mesa “Cultura, Direitos Humanos e Desenvolvimento Sustentável”, nesta quarta-feira (21), ao lado do Mestre Aderbal Ashogun, da Rede Afroambiental, e dos pesquisadores da UFBA José Roberto Severino e Lourivânia Soares.
Os participantes debateram a contribuição da cultura no atual contexto da emergência climática e a importância dos povos originários e comunidades tradicionais como guardiões da sociobiodiversidade.
“Temos o compromisso de promover e respeitar as práticas culturais que produzem uma relação mais harmônica com a natureza e, ao mesmo tempo, a capacidade delas serem transmitidas. Embora a cultura não seja um Objetivo do Desenvolvimento Sustentável especifico, ela lê e dá significado a todos eles porque a cultura é a forma de compreender o mudo, a nossa existência, o que vai definir o nosso futuro e o nosso desejo de desenvolvimento”.
Para o Mestre Aderbal, a sociedade precisa compreender e valorizar os saberes ancestrais nesse momento de “emergência para salvar a terra e a humanidade”. E reforçou: “Nós, os povos tradicionais, somos diferenciados ao lidar com a natureza. O que a sociedade contemporânea, eurocêntrica, judaico-cristã pensa como recurso, nos pensamos como sagrado. A gente esta aqui na casa do saber, é de vital importância que um homem como eu, de outra construção e outra produção intelectual, seja recebido com respeito”. Também destacou o papel dos Pontos de Cultura nesse processo. “A Cultura Viva é a única possibilidade de capilarizar pela emergencia climática uma ação. Precisamos dos Pontos de Cultura e clima. É de vital importância uma politica de educação climática para o povo brasileiro”, completou.
As atividades do Enecult são transmitidas pelo canal do encontro no Youtube. A programação completa está disponível aqui.