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IPHAN
Confira o resultado definitivo das ações vencedoras do Prêmio Rodrigo 2024
Nesta quarta-feira (11), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) divulgou o resultado definitivo do 37º Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade. O concurso deste ano teve como tema “Visibilidade de Gênero na Economia do Patrimônio” e vai contemplar 18 ações com a premiação de R$ 30 mil cada. Foram recebidos três recursos contra o resultado preliminar, todos indeferidos.
O edital previa a premiação de 15 propostas, no entanto, a Comissão Nacional de Mérito considerou classificadas à premiação 18 propostas finalistas, considerando o apoio orçamentário recebido do Ministério da Cultura e do Ministério das Mulheres.
As ações selecionadas são de 13 estados diferentes, sendo cinco do Norte, cinco do Nordeste, três do Centro-Oeste, três do Sudeste e dois do Sul. Das 18 ações, seis foram propostas por associações; quatro por pessoas físicas; três por grupos ou coletivos não formalizados; dois por microempreendedores individuais; dois por demais empresas e institutos privados e uma por entidade da administração pública federal.
Em 2024, o Prêmio recebeu um total de 274 inscrições, das quais 244 propostas foram habilitadas para a etapa estadual. Após reuniões das 27 Comissões Estaduais, 123 ações foram classificadas para a etapa nacional, cuja Comissão Técnica indicou, dentre essas, as 30 finalistas. Na última fase de avaliação do concurso, a de Análise de Mérito, foram selecionadas as 18 ações vencedoras.
Conheça as ações vencedoras
Categoria 1 – Pessoas físicas ou grupos e coletivos não formalizados
Dona Miúda Memórias - Centro fortalecimento da identidade e das tradições comunidade Mumbuca (TO) - Ação de promoção e salvaguarda do Patrimônio Cultural da comunidade Mumbuca, localizada na zona rural da cidade de Mateiros, região do Jalapão, no Tocantins, por meio de atividades interativas como oficinas, parcerias com a Escola Quilombola e eventos culturais envolvendo toda a comunidade, de aproximadamente 300 pessoas, e turistas. Contribui para divulgação do artesanato do capim dourado com palha de buriti como elemento da identidade do território e colabora com a transmissão do saber dentro da comunidade e fora dela.
Formação Continuada para Orquestra Feminina de Capoeira no Amapá (AP) - A ação é caracterizada pela formação continuada de mulheres para participação na bateria da roda de capoeira, com ênfase para a orquestra de berimbaus, se estendendo para um processo de inclusão e visibilização feminina em um ambiente marcadamente masculino. É conduzida pelo Coletivo Mulheres que Gingam no Meio do Mundo, agregando mulheres de diversos grupos de capoeira e atuando como multiplicador em rede no segmento da capoeira no estado do Amapá.
Tranças no Mapa (DF) - Ação de pesquisa e formação que busca documentar e apontar caminhos para definição de políticas públicas para a prática cultural tradicional do ofício de trançar cabelos afro no Distrito Federal. Por meio da mobilização de mulheres negras trancistas e lançando mão de metodologias bem estruturadas, foram elaborados mapas georreferenciados, colaborativos e afetivos a fim de subsidiar a proposição de políticas públicas de profissionalização e patrimonialização voltadas para esse ofício tradicional.
Troca de Saberes: Tecendo Redes (PE) - A ação promove a articulação entre parteiras, instituições e a sociedade em geral, com mediação do Museu da Parteira, que fomenta a salvaguarda do Ofício, Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais do Brasil, bem cultural registrado como Patrimônio Cultural do Brasil em 2024. É um museu vivo, cujos saberes, práticas e a atuação das parteiras tecem as redes de seu acervo para além de um espaço físico. O projeto é coordenado pelas Associações de Parteiras Tradicionais de Jaboatão dos Guararapes e de Caruaru, pelo Departamento de Antropologia e Museologia da UnIversidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pelo Grupo Curumim.
Bumba meu Boi Canarinho (CE) - Criado em 2021, o Bumba Meu Boi Canarinho é uma releitura de uma tradição local de mais de um século. O projeto integra dança, música e narrativas performáticas, enfatizando a visibilidade e o protagonismo de comunidades negras, LGBTQIAPN+, e de terreiro. A ação possui raízes na tradição afro-indígena e realiza apresentações públicas e encontros comunitários, promovendo também um diálogo intergeracional e a valorização da memória coletiva.
Mapeamento Ausência-Presença da Mulher no Fandango e na Ciranda Caiçara (SP) - A Mulher do Baile é uma coletiva de mulheres pesquisadoras sobre o fandango e a ciranda caiçara do território litorâneo localizado entre o sul do Rio de Janeiro, o norte de São Paulo e do Paraná. A coletiva surge para dar visibilidade às mulheres que participam dos bailes de fandango e da ciranda caiçaras, visto que os registros oficiais e informais omitem a presença feminina, e o universo caiçara ainda se reveste do domínio masculino em suas atividades. A proposta de mapeamento se realiza por meio de vivências e entrevistas com mestras tocadoras e integrantes de bailes nos territórios. São realizadas também oficinas de escrita de editais, fotografia e legenda para auto documentação.
Casa Memória da Mulher Kalunga: Centro Cultural de Resistência e Valorização dos Saberes e Fazeres Ancestrais das Mulheres Quilombolas da Chapada dos Veadeiros (GO) - Localizada na cidade Cavalcante (GO), a Casa da Memória da Mulher Kalunga é um espaço de transmissão de saberes e fazeres ancestrais da cultura feminina quilombola, tais como tecelagem, culinária, rezas, danças e folias. Além das oficinas, a casa oferece também uma biblioteca física e um espaço de venda de produtos feitos por mulheres do território Kalunga. A Casa está conectada com saberes comunitários femininos, gerando visibilidade para atividades e práticas tradicionais, atraindo tanto turistas quanto moradores da comunidade.
Categoria 2 – Cooperativas e associações, Microempreendedor Individual (MEI) ou Microempresa (ME)
Artesanato com palha de butiá de Torres: um fazer próprio das mulheres como patrimônio imaterial do Rio Grande do Sul (RS) - A iniciativa propõe a identificação, a preservação e a valorização do modo de fazer com palha de butiá, destacando o chapéu como símbolo cultural de comunidades rurais do Rio Grande do Sul. A ação busca transmitir esse saber às novas gerações, enfrentando desafios como o desinteresse juvenil e a baixa rentabilidade econômica. Com ênfase no protagonismo feminino, o projeto reforça a importância do patrimônio imaterial, promovendo parcerias com a administração local para a continuidade das práticas.
Potências Negras Criativas (MT) - A iniciativa busca promover as heranças culturais, patrimoniais e históricas da população negra em Mato Grosso, resgatando a ancestralidade e ampliando o impacto de afroempreendedoras locais. Entre suas ações destacam-se intervenções artísticas, oficinas, produção de materiais educativos e fortalecimento de redes de afroempreendedores. O projeto dá visibilidade à história e às vivências das mulheres negras, articulando passado e presente em ações de educação patrimonial e memória cultural. Envolveu diretamente mais de 500 mulheres em atividades formativas e identitárias, ampliando suas capacidades econômicas e profissionais.
48ª Festa das Filhas da Chiquita (PA) - Realizada há quase 50 anos, a Festa das Filhas da Chiquita é um bem associado ao Círio de Nossa Senhora de Nazaré, reconhecido como Patrimônio Cultural brasileiro desde 2004 e como Patrimônio Cultural da Humanidade da Unesco desde 2013. A Festa é realizada desde 1970 em Belém do Pará, após a passagem na Berlinda, durante a Transladação do Círio.
Bumba Minha Vaca (AL) - A iniciativa se desenvolve como um espaço de empoderamento feminino e inclusão social, promovendo cursos e oficinas que integram a educação patrimonial com discussões sobre gênero, direitos reprodutivos e protagonismo feminino. Trata-se de uma releitura do tradicional Bumba Meu Boi, composta exclusivamente por mulheres e participantes LGBTQIAPN+. O ateliê atua como incubadora para jovens mulheres do Pontal da Barra, em Maceió, oferecendo capacitação artística e profissional.
Trilhas do Quilombo Monte Alegre (ES) - Trata-se de um conjunto de projetos que tem como foco o Caxambu Santa Cruz, parte do Jongo do Sudeste, bem registrado pelo Iphan. A ação tem antecedentes na década de 1990 e envolve todos os habitantes do Quilombo Monte Alegre e populações de comunidades vizinhas. Dentre os projetos que dela fazem parte, destacam-se a promoção do Inventário de Referências Culturais do Raiar da Liberdade, a produção de audiovisual, o desenvolvimento de site, a criação de e-book contando as trajetórias das mulheres mais velhas e o Ponto de Memória Quilombola.
Cidade de Afetos (AL) - O projeto é promovido pelo Instituto para o Desenvolvimento das Alagoas (Ideal) e propõe oficinas de educação patrimonial com foco nos bairros de Bebedouro, Bom Parto, Farol, Mutange e Pinheiro, em Maceió (AL), fortemente impactados pela mineração de sal-gema e pelo acidente na mina da Braskem. A ação visa ressignificar as memórias de uma comunidade diaspórica afetada pelo maior desastre socioambiental em área urbana no mundo, utilizando a arte e a curadoria cartográfica digital como ferramentas de preservação cultural.
Estabelecimento e Funcionamento do Fundo de Artes e Artesanatos Wëriton Iyeripo pela AMITIKATXI/APITIKATXI (PA) - Ação da Articulação das Mulheres Indígenas Tiriyó, Katxuyana e Txikiyana (AMITIKATXI), formação feminina da Associação de Povos Indígenas Tiriyó, Katxuyana e Txikiyana (APITIKATXI). A Articulação foi pensada e é gerida pelas indígenas e incide na porção oeste da Terra Indígena Parque do Tumucumaque, no extremo norte do Pará, fronteira com o Suriname. A ação tem o objetivo de reunir mulheres, crianças, jovens e anciãs para reforçarem e retomarem seu saber fazer relacionado à arte e ao artesanato, realizados com miçangas, sementes, algodão e demais espécies vegetais. Há também o resgate de grafismos em sítios arqueológicos locais para reinserção desses elementos no repertório artístico. São realizados encontros, reunindo mulheres de cerca de 50 aldeias da região, a fim de fomentar a produção de artes e artesanatos.
Ninho de Suceiras: pesquisa e criação de material artístico-pedagógico sobre a suça de Natividade/TO com foco no protagonismo das meninas e mulheres negras (TO) - Ação de educação patrimonial, com protagonismo de meninas e mulheres negras relacionadas à prática da suça em Natividade (TO). A ação contribuiu para a preservação, salvaguarda e divulgação desta manifestação cultural de origem africana. Foram realizadas atividades especialmente entre os meses de abril de 2021 e dezembro de 2024, que foram consolidadas em um webdocumentário interativo intitulado “Ninho de Suceiras”. Também foi publicado um livreto de mesmo título, com imagens das meninas/mulheres dos grupos locais, com textos que abordam a história das mulheres da suça.
Categoria 3 – Demais empresas e institutos privados
Programa de Inclusão do Espaço Força e Luz para Promoção da Diversidade de Agentes na Economia Criativa (RS) - A Fundação Força e Luz é uma iniciativa vinculada ao Espaço Força e Luz criada para promover ações educativas e profissionalizantes feitas para e pela comunidade LGBTQIAPN+. A Fundação também tem a missão de garantir a conservação e difusão de dois acervos de instituições alocadas no mesmo edifício, que é centenário, tombado na instância estadual e localizado no centro de Porto Alegre. A Fundação é protagonizada por pessoas LGBTQIAPN+ e oferece editais e chamamentos públicos para essa mesma comunidade, voltados para a inserção dos atendidos no mercado da economia criativa. Nesse sentido, são oferecidas formações de qualificação para redação de editais e profissionalização em produção artística.
De menina da pastinha a uma das maiores escritoras do Brasil: Cassandra Rios faz 90 anos (RJ) - Ação relacionada a um museu comunitário virtual criado em 2020 e dedicado à salvaguarda do Patrimônio Cultural e visibilidade de personalidades LGBTQIAPN+ no Brasil, composta por exposição aberta em 2022 que homenageia os 90 anos de nascimento da escritora Cassandra Rios. A escritora abordou em seus livros o tema do amor lesbiano e se destacou no cenário brasileiro de seu tempo.
Categoria 4 – Entidades da administração pública direta e indireta municipal, estadual ou federal
A menina do lugar (AL) - Ação educativa desenvolvida com crianças pelo Instituto Federal de Alagoas, via projeto de extensão. A ação busca contribuir para a exposição de histórias em municípios rurais alagoanos, contadas por crianças, gerando espaços de escuta e sentimento de pertencimento e referenciamento cultural. São utilizadas estratégias de educação patrimonial e inventários participativos a fim de se prospectar os lugares de memória e as características da narrativa e das personagens. A partir desta mobilização, uma publicação é elaborada e posteriormente entregue para a comunidade junto de outros produtos, tais como jogos e atividades, movimentando assim uma cadeia na economia do patrimônio.