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HOMENAGEM
Comitiva do MinC participa de ato no Teatro Oficina, em São Paulo
Foto: Filipe Araújo/ MinC
“Apesar de tanto não, tanta dor que nos invade, é arte, a alegria da cidade”. Parafraseando – com licença poética – um de seus sucessos, Alegria da Cidade, a ministra Margareth Menezes, saudou o público presentes no Teatro Oficina, em São Paulo, na noite desta terça-feira (8). O evento, realizado 32 dias após a morte do dramaturgo, diretor, ator e encenador José Celso Martinez Corrêa, reuniu amigos, admiradores e artistas.
A chefe da Cultura contou que, ela mesma, se beneficiou dos ensinamentos do Teatro. Ainda na infância, Margareth Menezes participou de um grupo amador. “Eu tinha um lugar chamado arte, um universo que expandiu minha maneira de ver a vida”. A ministra usou o espaço junto a importantes e simbólicos nomes do setor, como o ator Pascoal da Conceição, para destacar a importância da valorização artística e seu reconhecimento como vetor econômico. “O fomento à cultura tem um retorno e um retorno importante, gera, pra muito mais do que transformação social, gera também economia, potencializa e auxilia na transformação que estamos querendo pro nosso país”.
“É muito emocionante estar num lugar que, aparentemente, é ferro, tijolo e cimento, mas quanto afeto cabe na possibilidade de fazer política”, provocou a secretária dos Comitês de Cultura, Roberta Martins. “fazer política também é estabelecer afeto e é isso que eu estou encontrando aqui”, completou.
A presidenta da Fundação Nacional das Artes (Funarte), Maria Marighella, trouxe a arte como ferramenta de unidade e confluência em sua fala. “É impossível não lembrar que ainda há um ataque a essa dimensão de brasilidade que vivemos, com os ataques xenófobos e separatistas que tomam as catacumbas do Brasil. Esse gesto de alteridade, quando o povo negro diz: eu sou parte de você, mesmo que você negue, que você não saiba, que você esteja de costas, essa é a tecnologia de brasilidade, que é tecnologia, técnica, estética e ética, como é o teatro”.
Foto: Filipe Araújo/ MinC
Acervo
Marcelo Drummond, viúvo de Zé Celso, disse que voltou ao apartamento um mês após o incêndio que vitimou o companheiro. E que, só agora, pode dimensionar o prejuízo ao acervo do dramaturgo. "Todo o legado do Zé não é só meu, é de todos. Eu tenho material de três décadas de Oficina que foi molhado quando os bombeiros entraram". E completou: "Além de manter o teatro, é importante que a gente consiga recuperar todo esse material com a ajuda de quem puder", disse.
O diretor também falou da disputa pelo terreno vizinho ao Teatro Oficina. Hoje, a área que pertence o Grupo Silvio Santos, é usada como estacionamento, mas, há quatro décadas, uma mobilização encabeçada por Zé Celso pede pela criação do Parque do Rio Bixiga. Em 2020, a Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou o projeto, mas ele foi vetado pelo, então prefeito, Bruno Covas. Um novo pedido foi apresentado logo após a morte do dramaturgo, dessa vez, sugerindo que a área receba o nome dele.
O deputado estadual Eduardo Suplicy, também presente no ato, leu uma carta aberta pedindo pela liberação da área para o projeto. A ministra Margareth aceitou assinar o documento que será entregue ao grupo de comunicação. "A gente, conseguindo realizar isso, vai trazer qualidade de vida para todo o entorno [do teatro]. Será um presente, um pulmão de sustentabilidade para a cidade de São Paulo", pontua a chefe da Cultura.