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LEI ROUANET
Comissão do MinC realiza visita técnica ao projeto Jovem de Expressão
Foto: Victor Vec/MinC
O Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Economia Criativa e Fomento Cultural (Sefic), realizou, na última sexta-feira (13), uma visita técnica ao projeto Jovem de Expressão, na Praça do Cidadão, na região administrativa de Ceilândia (DF). A atividade, que marcou o encerramento da 351ª reunião ordinária da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC) — a CNIC Itinerante —, objetiva promover o diálogo e o conhecimento cultural dos comissários com iniciativas beneficiadas pela Lei Rouanet.
Durante a visita, que contou com a presença do secretário de Economia Criativa e Fomento Cultural, Henilton Menezes, comissários e agentes culturais de diferentes regiões do país conheceram o espaço e os responsáveis pelo projeto cultural.
O coordenador do programa Jovem de Expressão, Antônio Pádua, destacou o impacto do projeto na vida de jovens da Ceilândia. “A cultura é um vetor de transformação social, especialmente em um cenário de violência urbana, trânsito e doméstica. É por isso que o Jovem de Expressão existe. E não há dúvidas que a Lei Rouanet foi extremamente importante para a construção deste espaço”, afirmou.
Desde 2010, o programa já ofereceu 111 oficinas, com foco no mercado de trabalho e no audiovisual. Com nove projetos submetidos e aprovados no mecanismo de incentivo à cultura, o Jovem de Expressão já captou mais de R$ 2,42 milhões via Lei Rouanet.
“Temos oficinas de roteiro, direção, atuação, fotografia e edição. No final, as turmas se unem para produzir curtas. Alguns foram premiados, mostrando a qualidade do trabalho”, disse Pádua. Além das atividades culturais, o programa também aborda saúde mental e terapia comunitária. "Temos o apoio de uma psicóloga, a Yasmin, que auxilia os jovens com questões relacionadas ao bem-estar emocional. Isso é fundamental em uma região que carrega um histórico de deslocamentos e desigualdades desde a construção de Brasília", pontuou.
O coordenador realizou um resgate da história de Ceilândia, formada após a remoção de milhares de pessoas das proximidades de Brasília, e destacou a força cultural local, centralizada na Praça do Cidadão. “O espaço é um ponto de referência para eventos culturais, ajudando a movimentar a economia e fortalecer a comunidade”, destacou.
"O Jovem de Expressão é um exemplo de como políticas públicas bem estruturadas, como a Lei Rouanet, podem transformar vidas e fortalecer comunidades. Investir na cultura é investir no desenvolvimento social e econômico, especialmente em regiões como Ceilândia, onde o impacto de projetos como esse vai muito além do âmbito artístico, gerando emprego, renda e inclusão social, declarou Henilton Menezes, secretário de Economia Criativa e Fomento Cultural do Ministério da Cultura. O secretário também destacou ao público a criação e avanço de outros programas de fomento, como o Rouanet Norte, o Rouanet Nordeste, Rouanet da Juventude, que formam jovens como novos agentes culturais, e o mais recente, a ampliação da Rouanet nas Favelas.
Poder transformador
A iniciativa é coordenada pelo Instituto Referência da Juventude e visa promover a saúde de jovens de 18 a 29 anos, realizando ações de terapia comunitária, prevenção à violência, ao crime e ao uso de drogas e incentivo à prática de atividades saudáveis e empreendedoras. Para isso, o programa promove o empoderamento da juventude, por meio de atividades variadas com foco em quatro eixos temáticos: educação, cultura, empreendedorismo e promoção à saúde mental.
O Jovem de Expressão nasceu em 2007, na Praça do Cidadão, e funciona atualmente também em dois prédios ao redor dela, que possuem dez espaços físicos integrados. A infraestrutura é composta por teatro de bolso, infocentro, biblioteca, escritório compartilhado, sala de aulas e galeria de artes.
A praça, onde adolescentes e jovens hoje encontram acolhimento e expressão artística, nem sempre foi sinônimo de tranquilidade e criatividade. Por anos, o local foi marcado pela violência, com tiroteios frequentes entre gangues rivais que disputavam território. O espaço, que atualmente abriga a única galeria de arte de Ceilândia, já serviu como posto policial.
“Antes, as brigas e os tiroteios eram intensos. A polícia ocupava o espaço para aplacar os confrontos, mas acabou abandonando o local”, relata Nenzin MC, representante do projeto. Sem estrutura ou segurança, a praça permaneceu por anos como um símbolo de abandono, até que movimentos comunitários reivindicaram um novo propósito para o espaço.
A mudança não aconteceu de imediato. “A própria comunidade demorou para perceber que este era um local de acolhimento para os jovens. Um espaço onde eles poderiam se sentir à vontade”, explica Nenzin. Com o tempo, iniciativas culturais trouxeram nova vida ao local, ao promover oficinas, shows e eventos que alteraram a dinâmica social da praça.
Hoje, o espaço simboliza resistência e superação. "O que antes era palco de conflitos se tornou um centro de cultura e convivência. Isso impacta não só os jovens diretamente envolvidos, mas também toda a comunidade", afirma.
A praça, que já foi associada ao medo, é agora um ponto de referência para a cultura em Ceilândia, uma prova de como iniciativas comunitárias ressignificam espaços urbanos e fortalecem o tecido social.
CNIC Itinerante
A CNIC Itinerante é uma iniciativa do Ministério da Cultura (MinC) que visa promover a troca de experiências entre comissários e agentes culturais de diferentes regiões do país, além de aprimorar o uso do incentivo fiscal do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). Em 2024, a Comissão já visitou os estados do Espírito Santo, Mato Grosso e Ceará.
Composta por 21 comissários de setores culturais e por sete autarquias vinculadas ao MinC — incluindo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Fundação Nacional de Artes (Funarte), Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Fundação Cultural Palmares (FCP), Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) e Agência Nacional do Cinema (Ancine) —, a CNIC tem como objetivo subsidiar o Ministério nas decisões relacionadas à Lei Rouanet. O presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Cultura dos Estados também integra a comissão.