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Começa no Rio de Janeiro o Seminário Internacional de Políticas para a Economia Criativa: G20 + Ibero-América
Foto: Victor Vec/MinC
Iniciou na manhã desta quarta-feira (7) o Seminário Internacional de Políticas para a Economia Criativa: G20 + Ibero-América, uma parceria com a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI). A atividade, que reúne palestrantes de diferentes partes do mundo, segue até 9 de agosto, na Casa Firjan, em Botafogo, no Rio de Janeiro.
O evento faz parte da programação paralela da segunda reunião do Grupo de Trabalho (GT) da Cultura do G20. O foco do debate é o papel da cultura e da criatividade como vetor econômico de desenvolvimento social, reunindo especialistas no assunto, autoridades, agentes públicos, produtores e fazedores de cultura, e membros da sociedade civil.
Henilton Menezes, secretário de Economia Criativa e Fomento Cultural do Ministério da Cultura (MinC), trouxe em sua fala a importância do desenvolvimento econômico através da potência da encomia criativa no Brasil. “Esse tema foi trazido num primeiro momento pelo ministro Gilberto Gil, depois volta para pauta da ministra Ana de Hollanda, com a presidente Dilma [Roussef], e agora retorna com a ministra Margareth [Menezes], num ambiente politicamente mais adequado”, afirma.
O seminário, explica Henilton, faz parte de uma construção de uma política, fruto de um debate democrático e colaborativo. “E tudo isso vai integrar a Política da Economia Criativa, o Brasil Criativo”, aponta ao detalhar a iniciativa que terá suas diretrizes lançadas na noite desta quarta (7).
Já o secretário-executivo do MinC, Márcio Tavares, ressaltou um movimento constante do governo federal, em olhar pelo e para o coletivo. “O Brasil, depois de alguns anos de costas para o mundo, voltamos a olhar para o planeta e o planeta a olhar para a gente e entender que a construção da solução dos nossos problemas passa pelo diálogo legal, pela amizade, pela fraternidade, pela colaboração e capacidade de entendimento”, frisou.
“É motivo de muita alegria abrir esse espaço onde esse tipo de proposta e de articulação sobre possíveis estratégias compartilhadas para superação de desafios comuns que nós temos, a partir desse ponto que muita coisa se coloca como oportunidade”, destacou Raphael Callou, diretor-geral de Cultura da Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI).
Duas mesas dentro da programação tratarão da remuneração no ambiente digital e a regulação da inteligência artificial, levando em consideração o contexto cultural e os direitos dos autores e artistas sobre suas criações. “Trouxemos essa discussão aqui para o seminário, inclusive, com convidados internacionais, que mostra que esse é um fenômeno que, infelizmente, aflige todos os países do mundo”, alerta Marcos Souza, secretário de Direitos Autorais e Intelectuais (SDAI) do MinC.
Anfitrião do evento, Leo Edde, vice-presidente da Firjan, saudou a ocupação das instalações com uma atividade tão valiosa para a construção do Brasil enquanto nação.
Painéis
Pela manhã foram realizados os primeiros painéis do evento. Participante do debate Experiências Transformadoras em Economia Criativa – Desenvolvimento Sustentável, a fundadora da produtora indígena Originárias Produções, do Rio de Janeiro, Renata Tupinambá, comentou sobre a inserção dos povos originários nesse contexto e o seu trabalho.
“Trabalhar com projetos voltados às populações originárias requer o desafio de adentrar espaços onde até então muitas vezes não havia projetos desenvolvidos por profissionais indígenas. Considero importante falar um pouco das minhas experiências dos últimos 15 anos e como esses projetos, algumas leis e os pontos de cultura foram essenciais para a minha formação. Eu venho de ponto de cultura. E por isso passei por uma capacitação que também me possibilitou estar aqui hoje”, explicou.
E completou: “hoje a gente busca cada vez mais autonomia e também quebrar os padrões pré-estabelecidos dessa economia, para enxergar os nossos conceitos, formas de desenvolvimento, que não é predatório, mas comunitário, onde, na verdade, a palavra central é a tecnologia ancestral”.
A economia criativa também foi o foco da atividade Experiências Transformadoras em Economia Criativa – Inclusão Produtiva com Diversidade e Geração de Renda. Diretora criativa da marca de roupas cearense Catarina Mina, que tem como base o artesanato, Celina Hissa, fez um balanço da participação no evento.
“Nós trouxemos uma visão de vários lugares, que vem de atores mais de instituições governamentais, vinculadas, atores que estão na base fazendo, atores que são mais articuladores. Então foi interessante. E nós temos vários desafios quando pensamos em inclusão num país que de fato é tão desigual”.
O painel Direito dos Trabalhadores de Cultura – Renumeração de Artistas nas Plataformas, com mediação do diretor de Políticas para os Trabalhadores da Cultura do MinC, Deryk Santana, trouxe para o Seminário uma discussão atual e pertinente.
“O mais importante é apostar para mudar as estruturas, de que precisamos melhorar as políticas, precisamos ter leis, mas que todos esses programas ou todos esses marcos garantam prejuízos, indicadores que sejam medidos, mas, sobretudo, precisamos fortalecer ainda mais a participação da sociedade civil. Sem ela, jamais vamos poder garantir o cumprimento desta agenda”, observou o gestor cultural e especialista público Abel Arionátegui, do Panamá.
O gestor cultural mexicano Benjamín González Pérez trouxe uma fala que cativou o público durante a palestra magna Criatividade: a riqueza das nações. Mediada pelo professor e doutora Cláudia Leitão, eles compartilharam experiências e “causos”, que além de aproximar o público dos fatos, demostraram o impacto que uma mensagem simples, mas não simplória, tem na audiência. "O Brasil sempre foi referência para nosso país. Somos dois países enormes, diversos, complexos, e a cultura sempre é um elemento que une e, de alguma maneira, nos aproxima de reconstruir nossas diferenças".
O Seminário Internacional Políticas para Economia Criativa: G20 + Ibero-América é realizado pelo Ministério da Cultura do Brasil e pela Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). Integra a programação paralela da segunda reunião do Grupo de Trabalho de Cultura do G20 e, por meio de seus painéis e experiências em economia criativa, busca reflexão sobre os princípios e desafios da Política Nacional de Economia Criativa - Brasil Criativo.