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ITÁLIA
Com investimento do MinC, Pavilhão do Brasil ganha o Leão de Ouro na Bienal de Veneza
Foto: Rafa Jacinto/Fundação Bienal de São Paulo
Pela primeira vez na história, o Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza é ganhador do Leão de Ouro de Melhor Participação Nacional. A conquista, confirmada neste sábado (20) foi para a exposição "Terra", com curadoria de Gabriela de Matos e Paulo Tavares.
O Ministério da Cultura (MinC), que investiu R$ 1,5 milhão na mostra brasileira, parabeniza os curadores e arquitetos vencedores que ousaram levar a terra do nosso país para cobrir todo o pavilhão e assim fazer os visitantes entrarem em contato direto com as tradições indígenas e quilombolas e com a prática religiosa do Candomblé.
A volta do presidente Lula e a recriação do MinC oferecem um recado inequívoco da mudança de paradigma nas relações internacionais do Brasil com o resto do mundo, além de retomar a valorização do setor de patrimônio histórico material. Em 2023, a área passou a contar com R$ 102 milhões de orçamento discricionário, o maior dos últimos anos.
“Quero parabenizar a Gabriela de Matos e Paulo Tavares pela vitória na Bienal mais importante do mundo. Eles trouxeram uma temática interessantíssima, instigante e necessária que é a influência dos povos originários e do povo negro na arquitetura do Brasil e todo mundo estava falando muito bem sobre o trabalho desses dois jovens arquitetos. A arquitetura brasileira prova, mais uma vez, que é um vetor de projeção internacional do país”, disse a ministra da Cultura, Margareth Menezes, que está em Veneza representando o governo brasileiro na Bienal e discursou na abertura do Pavilhão.
A mostra "Terra" propõe repensar o passado para projetar futuros possíveis, destacando atores esquecidos pelos cânones arquitetônicos, em diálogo com a curadoria da edição, O Laboratório do Futuro". Reflete sobre o passado, presente e futuro do Brasil, com foco na terra como centro de discussão, tanto como elemento poético quanto concreto no espaço da exposição. A exposição demonstra o que várias pesquisas científicas têm comprovado: as terras indígenas e quilombolas são os territórios mais preservados no Brasil. Aponta para um futuro pós-mudanças climáticas, onde "decolonização" e "descarbonização" caminham juntas. As práticas, tecnologias e costumes relacionados à gestão e produção da terra, como outras formas de fazer e compreender a arquitetura, estão situados na terra e carregam consigo o conhecimento ancestral para ressignificar o presente e vislumbrar outros futuros, não apenas para as comunidades humanas, mas também para as não humanas, em direção a um outro futuro planetário.
A mostra vitoriosa foi selecionada por um júri presidido pelo arquiteto e curador italiano Ippolito Pestellini Laparelli, acompanhado de Nora Akawi, Thelma Golden, Tau Tavengwa e Izabela Wieczorek.
Bienal
Também pela primeira vez na história, a curadoria da Bienal de Veneza ficou a cargo de uma mulher negra, a arquiteta, acadêmica e escritora escocesa-ganesa, Lesley Lokko, com quem a ministra da Cultura se reuniu na abertura do Pavilhão do Brasil, (18).
O tema da 18ª edição da Bienal é "O Laboratório do Futuro” e apresenta o continente africano como força motriz na formação do mundo que está por vir e desafia as noções convencionais do que o futuro pode trazer e do que um laboratório pode ser. A Mostra apresenta 63 pavilhões nacionais, nove eventos paralelos na cidade, e 89 participantes, mais da metade da África ou da diáspora africana.