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Povos originários
Com incentivo da Lei Rouanet, festival cultural de comunidade indígena celebra saberes ancestrais
![bere xikrin 2.jpg](https://www.gov.br/cultura/pt-br/assuntos/noticias/com-incentivo-da-lei-rouanet-festival-cultural-de-comunidade-indigena-no-para-celebra-saberes-ancestrais/bere-xikrin-2.jpg/@@images/f63a2f47-9aa6-448d-a03c-b3f88bc2f9f8.jpeg)
Fotos: Xikus Produções e Sarau Produções
Um momento de resgatar os saberes ancestrais, encontrar parentes de aldeias distantes, celebrar as raízes de seu povo e reforçar a cultura duramente protegida por séculos. Ritual que tem preparação de dias de caçada para garantir o alimento de todos os convidados, o Festival Cultural Berê Xikrin Kwyrykango acontece há séculos na região próxima a Altamira e Anapu, no Pará, onde vive a etnia Xikrin da Terra Indígena Bacajá. Mas este ano, no início de abril, teve a estrutura garantida por incentivo fiscal via Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) - Lei Rouanet pela primeira vez. E deixou registros de um povo que celebra a arte, a natureza e a vida com orgulho.
- Dias antes do início do festival, anciãos e jovens saem à mata para caçar o alimento dos convidados
Antes do início da festa, 30 homens (memure), entre caçadores e guerreiros anciãos (kubenête) e jovens (menonûre), passaram cinco dias na floresta à caça do alimento para suprir os participantes do festival. No percurso, a maior importância é da transmissão de conhecimentos, possível apenas pela convivência com os mais velhos e sábios. O que é capturado chega nas costas dos caçadores, que são recepcionados com cânticos e danças de comemoração. Três crianças aniversariantes são escolhidas para representar a homenagem e suas famílias se encarregam de organizar a aldeia e preparar os banquetes.
De acordo com a coordenadora de comunicação do projeto, Joseane Nogueira, este ano os guerreiros anciãos relataram que o resultado da caçada diminuiu drasticamente, prejudicando o alimento dos convidados. “Tanto a pesca, como a caça estão mais escassos a cada ano. Registros de festivais de alguns anos antes realmente mostram que havia uma maior fartura dos alimentos para o festival”, contou.
- As mulheres xikrin são responsáveis pelos grafismos e pinturas no corpo
Com a escassez, integrantes da Associação Indígena Berê Xikrin da TI Bacajá, que organiza o festival, destacam que somente com os recursos captados com os patrocinadores Equatorial Energia e Banco Itaú por meio da Lei Rouanet foi possível este ano garantir a alimentação e os demais itens necessários para a realização do evento para cerca de 300 pessoas. "O metore (festival) Kwyrykangô tem uma importância muito grande para nós, os Xikrin da Trinxeira Bacajá, e receber esse apoio ajuda no fortalecimento do festival, na união das aldeias Xikrin, na proteção da nossa cultura e do nosso modo de viver", reforçou o cacique Bep Kamati Xikrin, coordenador geral do projeto.
Organização
- .Todo ano crianças são escolhidas para representar a homenagem às raízes
O grupo relata que a execução começou meses antes, com reuniões entre as lideranças da aldeia, que definiram quem iria puxar os cantos e as danças, como seriam os alojamentos, banheiros e transporte para receber os convidados de outras aldeias e quais materiais seriam necessários para a confecção de artesanatos. “Essa preparação já se caracteriza como um ritual, eles buscam seus conhecimentos ancestrais para fazerem com que o evento seja preparado”, relata Joseane.
Com os registros do festival, será produzido um documentário que ficará disponível gratuitamente nas plataformas de streaming e deve ser lançado até o fim do ano. “Nossa intenção é divulgar esses costumes e valorizar o povo indígena, dando visibilidade em todo território nacional para manter a ancestralidade e tradição de uma ação cultural importantíssima para esse povo”, destacou a coordenadora de comunicação. “Esperamos que a arte originária continue ganhando e mantendo seu espaço de direito na cultura nacional brasileira”.