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PATRIMÔNIO CULTURAL
Cais do Valongo: começa a retomada das obras de valorização do sítio arqueológico
Foto: Filipe Araújo/MinC
Uma visita de comitiva do governo federal ao Cais do Valongo, localizado na região portuária da cidade do Rio de Janeiro, no dia 9 de março, deu início às ações de retomada da valorização do sítio arqueológico, antigo porto de entrada de africanos escravizados no Brasil, tombado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio da Humanidade, em 2017.
A comitiva formada pelas ministras da Cultura, Margareth Menezes, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, pela primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, e pelo presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES), Aloizio Mercadante; informou sobre a recriação do Comitê Gestor Participativo do Cais do Valongo, uma das obrigações do governo brasileiro assumidas com a Unesco e que estava paralisada desde 2019.
O Comitê deve ser formado por representantes da cultura afro-brasileira, por órgãos e instituições envolvidas na conservação do espaço e tem o objetivo de dirigir e planejar a valorização do sítio arqueológico. Entre as medidas urgentes a serem tomadas, conforme destacou o procurador do Ministério Público, Sérgio Suriana, está a realização de obras para evitar os constantes alagamentos no local, bem como melhorias na infraestrutura turística e na iluminação pública.
A comitiva de autoridades federais também informou sobre a decisão do governo federal em erguer um museu sobre a história da escravidão no Brasil no local. O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, disse que o banco irá financiar a construção do museu, que deve ocupar um prédio de armazém que fica em frente ao antigo porto.
Informações mais detalhadas sobre o projeto de recuperação do Cais do Valongo deverão ser anunciadas no dia 25 de março, adiantou a ministra Anielle Franco. Entre as propostas de preservação e valorização do sítio, previstas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan/MinC), estão a implantação de um Centro de Referência da Celebração da Herança Africana no Brasil; um Centro de Acolhimento Turístico e Espaço de Reflexão sobre o legado do povo afrodescendente; e um Projeto Educativo Sítio Arqueológico Cais do Valongo, dirigido a crianças e adolescentes das escolas brasileiras.
O Cais do Valongo é considerado o maior porto de entrada de escravos nas Américas, por onde passaram cerca de 1 milhão de pessoas. O porto funcionou até 1831, ano em que o tráfico negreiro foi proibido; submergiu dos olhos da história no início do século passado, quando obras de modernização do Centro do Rio de Janeiro aterraram o local. Voltou à superfície durante as obras de escavação para revitalização da zona portuária, no ano de 2011.