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AUDIOVISUAL
Brasília recebe mostra e exposição A Cinemateca é Brasileira
Foto: Hugo Lira e Júnior Aragão/ Secec-DF
A Cinemateca Brasileira está percorrendo o país com a mostra e a exposição A Cinemateca é Brasileira, com o objetivo de apresentar parte da rica produção audiovisual, levando uma seleção de títulos importantes para a história do cinema no Brasil. Em Brasília, 15 títulos da Mostra serão exibidos em sessões gratuitas no Cine Brasília, de 23 de novembro a 05 de dezembro.
É a primeira vez que a Cinemateca Brasileira realiza uma mostra de seu acervo na capital federal junto com a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura. A mostra e exposição itinerantes já passaram por Curitiba, Belo Horizonte, Vitória, Vila Velha, Rio de Janeiro, Porto Alegre, João Pessoa, Recife, Brumadinho e Fortaleza, e vai visitar espaços culturais e salas de Belém, Canaã dos Carajás (PA), Salvador (BA) e São Luís (MA).
“O Instituto Cultural Vale está ao lado da Cinemateca por entender a importância da casa da produção audiovisual brasileira, uma das maiores instituições do gênero no mundo, que preserva, também, um retrato da nossa própria identidade. Por isso, atuamos, juntos, em iniciativas pela sustentabilidade e modernização do espaço e pela salvaguarda de seu acervo, em especial, a coleção de filmes em nitrato de celulose, de valor inestimável”, diz Hugo Barreto, diretor-presidente do Instituto Cultural Vale, que é patrocinador estratégico da Cinemateca Brasileira.
O evento faz parte do Projeto Viva Cinemateca, lançado em junho, que reúne os grandes projetos da Cinemateca voltados à recuperação de importantes acervos, além da modernização de sua sede e infraestrutura técnica.
“Com o compromisso constante de transformar vidas, entendemos ser fundamental o fomento à cultura como ponte para o desenvolvimento e a cidadania. O papel que a Cinemateca tem para a construção, fortalecimento e memória do audiovisual brasileiro é inestimável e poder contribuir para um projeto como esse é o nosso legado de parceria junto à sociedade brasileira”, comenta Glauco Paiva, gerente executivo de Comunicação e Responsabilidade Social da Shell Brasil, patrocinadora master do projeto Viva Cinemateca.
Curadoria De Filmes
Para a Mostra, a curadoria da Cinemateca Brasileira preparou uma seleção que perpassa diferentes momentos históricos, propostas estéticas e abordagens temáticas, demonstrando a riqueza do cinema brasileiro ao longo dos mais de 120 anos de história.
Dos primeiros tempos do cinema brasileiro, está São Paulo: a sinfonia da metrópole (Rodolfo Lustig e Adalberto Kemeny, 1929), que sintetiza sua vocação para o documentário, e o mitológico e vanguardista Limite (Mário Peixoto, 1931). O desejo de estabelecer uma indústria cinematográfica forte no Brasil, que culmina na fundação dos estúdios Atlântida e Vera Cruz, pode ser visto em Carnaval Atlântida (José Carlos Burle, 1952),
com a “dupla do barulho” Grande Otelo e Oscarito; em Jeca Tatu (Milton Amaral, 1959), título no qual Amácio Mazzaropi desenvolveu a figura do caipira, seu personagem mais conhecido; e na superprodução da Vera Cruz O cangaceiro (Lima Barreto, 1953). Cinco vezes favela (Marcos Farias; Carlos Diegues; Miguel Borges; Joaquim Pedro de Andrade; Leon Hirszmann, 1962) mostra a preocupação do Cinema Novo em representar a classe trabalhadora e as desigualdades sociais, enquanto o Cinema Marginal e seu O Bandido da Luz Vermelha (Rogério Sganzerla, 1968) desafiam a estética e linguagem cinemanovista.
O pagador de promessas (Anselmo Duarte, 1962), a partir de uma narrativa clássica aprimorada desde as produções da Vera Cruz, evoca o sincretismo religioso e a cultura popular. Produzido por Oswaldo Massaini, o filme conquistou a única Palma de Ouro no Festival de Cannes para o Brasil. Por sua vez, com suas produções independentes, José Mojica Marins cria seu icônico personagem Zé do Caixão em À meia-noite levarei sua alma (1964).
Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andrade, cineasta associado ao Cinema Novo, se afasta das propostas do movimento para realizar um filme influenciado pelo tropicalismo, baseado na obra clássica de Mário de Andrade. Na década de 1970, Dona Flor e seus dois maridos (Bruno Barreto, 1979) adapta outro grande autor – Jorge Amado – e faz números de bilheteria impressionantes. Integram a seleção dois documentários de grande impacto nos anos 1980: Cabra marcado para morrer (Eduardo Coutinho, 1984) e Ilha das Flores (Jorge Furtado, 1989).
Uma das obras mais importantes da chamada retomada do cinema brasileiro, nos anos 1990, é Central do Brasil (Walter Salles, 1998), que venceu o Urso de Ouro e o prêmio de melhor atriz para Fernanda Montenegro no Festival de Berlim de 1998. Título mais recentes da seleção, Bacurau (Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho, 2019), prêmio do júri na competição oficial do Festival de Cannes, mistura crítica social e distopia para contar a história de um povoado nordestino que subitamente some do mapa.
Exposição A Cinemateca é Brasileira
Com curadoria da Cinemateca Brasileira e da Sociedade Amigos da Cinemateca, a exposição reconta os mais de 70 anos de história da instituição.
A exposição acompanhará a mostra de filmes em 15 cidades do país, apresentando uma linha do tempo construída por cerca de 200 imagens - documentos, fotografias, cartazes e frames de filmes, além de recursos de realidade aumentada. O projeto expográfico é assinado por Renato Theobaldo. É um convite à imersão nas camadas da trajetória da Cinemateca Brasileira, que se misturam aos feitos e às agruras de nosso cinema e, ao mesmo tempo, evocam os avanços e retrocessos do país.
Projeto Viva Cinemateca
O Viva Cinemateca foi lançado em junho como continuidade ao processo de retomada iniciado em 2022. O projeto pretende ampliar e modernizar a Cinemateca Brasileira, fazendo com que ela ocupe definitivamente o seu relevante lugar na história do cinema. Está prevista a ampliação dos espaços de laboratórios da instituição, garantindo que mais filmes e documentos possam ser preservados. Assegura-se, dessa maneira a sobrevivência de mais de 120 anos de história do cinema e do Brasil. Outra importante frente do projeto contempla o restauro das edificações históricas, melhorando as instalações disponíveis para o público. Desde 1997, a Cinemateca Brasileira está instalada em seu prédio atual: uma valiosa edificação em tijolos aparentes, remanescente da arquitetura industrial de São Paulo do século 19.
Além da mostra e da exposição A Cinemateca é Brasileira, as ações de difusão neste projeto também incluíram o Festival Cultura e Sustentabilidade, nos dias 10 e 11 de julho, e a Mostra Povos Originários da América Latina, de 11 a 16 de julho.
Patrocinadores
O Projeto Viva Cinemateca conta com o patrocínio estratégico do Instituto Cultural Vale, com o patrocínio master da Shell, e Itaú Unibanco, como copatrocinador.
Aprovado na Lei Rouanet, o projeto permite a empresas e pessoas físicas destinarem parte do imposto de renda para a iniciativa (Art. 18 da Lei Federal de Incentivo à Cultura).
Sobre o Instituto Cultural Vale
O Instituto Cultural Vale parte do princípio de que viver a cultura possibilita às pessoas ampliarem sua visão de mundo e criarem novas perspectivas de futuro. Tem um importante papel na transformação social e busca democratizar o acesso, fomentar a arte, a cultura, o conhecimento e a difusão de diversas expressões artísticas do nosso país, ao mesmo tempo em que contribui para o fortalecimento da economia criativa. Nos anos 2020-2022, o Instituto Cultural Vale patrocinou mais de 600 projetos em mais de 24 estados e no Distrito Federal.
Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está. Visite o site do Instituto Cultural Vale.
Sobre a Shell Brasil
Há 110 anos no país, a Shell é uma empresa de energia integrada com participação em Upstream, no Novo Mercado de Gás Natural, Trading, Pesquisa & Desenvolvimento e no Desenvolvimento de Energias Renováveis, com um negócio de comercialização no mercado livre e produtos ambientais, a Shell Energy Brasil. Aqui, a distribuição de combustíveis é gerenciada pela joint-venture Raízen, que recentemente adquiriu também o negócio de lubrificantes da Shell Brasil. A companhia trabalha para atender à crescente demanda por energia de forma econômica, ambiental e socialmente responsável, avaliando tendências e cenários para responder ao desafio do futuro da energia.
Cinemateca Brasileira
A Cinemateca Brasileira é um órgão vinculado à Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura. Maior acervo de filmes da América do Sul e membro pioneiro da Federação Internacional de Arquivo de Filmes – FIAF, foi inaugurada em 1949 como Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, tornando-se Cinemateca Brasileira em 1956, sob o comando do seu idealizador, conservador-chefe e diretor Paulo Emílio Sales Gomes. Compõem o cerne da sua missão a preservação das obras audiovisuais brasileiras e a difusão da cultura cinematográfica. Desde 2022, a instituição é gerida pela Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade criada em 1962, e que recentemente foi qualificada como Organização Social. O acervo da Cinemateca Brasileira compreende mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da produção nacional. Alguns recortes de suas coleções, como a Vera Cruz, a Atlântida, obras do período silencioso, além do acervo jornalístico e de telenovelas da TV Tupi de São Paulo, estão disponíveis no Banco de Conteúdos Culturais para acesso público.
Serviço
Mostra A Cinemateca É Brasileira
Data: 23 de novembro a 05 de dezembro
Local: Cine Brasília - Asa Sul EQS 106/107
Entrada gratuita
Retirada de ingresso para a sessões de cinema: uma hora antes do início de cada sessão