Notícias
PATRIMÔNIO
BNDES lança Iniciativa Valongo em evento com MinC e MIR
Foto: Filipe Araújo/MinC
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, acompanhou, nesta terça-feira (23), o lançamento da Iniciativa Valongo. O projeto destinará R$ 20 milhões à região da Pequena África, no Rio de Janeiro (RJ). Importante ponto de memória da diáspora negra, o local abriga espaços como o Cais do Valongo e o edifício Docas II.
O anúncio foi feito pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, durante o seminário Empoderamento Negro para a Transformação da Economia. O evento marcou as celebrações do Dia Mundial da África e debateu os impactos positivo da diversidade étnico-racial nas finanças, no empreendedorismo e no desenvolvimento sustentável.
A iniciativa engloba iniciativas no curto, médio e longo prazos. O rol de ações inclui a criação de um arcabouço de governança, a realização de obras de restauro e a implementação de equipamentos culturais. “Hoje a cultura gera mais emprego – e emprego de qualidade – do que boa parte da indústria. Não tem país desenvolvido sem indústria, mas nós precisamos de mais cultura”, defendeu Mercadante.
A ministra Margareth Menezes afirmou que projetos como a Iniciativa Valongo são um passo civilizatório fundamental para o Brasil. “Tudo que eu construí foi fazendo um ʽsimʼ a partir do ʽnãoʼ. E essa é a trajetória do nosso povo: criando o ʽsimʼ e a oportunidade. A construção desse memorial – que é importante não só para o povo negro do Brasil, mas também para a diáspora negra do mundo – é importante demais. É um momento muito valoroso, pois podemos revisitar toda a memória”, celebrou.
A preservação da memória como caminho para o futuro também foi um ponto de destaque na apresentação do projeto. Para João Jorge Rodrigues, presidente da Fundação Cultural Palmares, “o novo governo do Brasil tem uma responsabilidade enorme: corrigir as distorções do passado, agir no presente e construir definitivamente agora, o futuro”. Já a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, enfatizou que “vamos construir novos tempos. O Ministério da Igualdade Racial está à disposição. Onde tiver povo preto, aqui ou lá fora, estaremos cuidando”.
O secretário de Cultura do Rio de Janeiro, Marcelo Calero, reiterou o compromisso do município em se tornar uma referência entre cidades antirracistas. “O nosso compromisso é total. Não apenas com essa iniciativa, mas também em garantir que ela permaneça”, reiterou.
A programação foi encerrada com uma apresentação cultural da Estação Primeira de Mangueira. Em participação especial, a ministra Margareth Menezes cantou o samba-enredo As Áfricas que a Bahia Canta, apresentado em parceria com a escola de samba no carnaval de 2023.
Cais do Valongo
O Cais do Valongo foi construído em 1811, pela Intendência Geral de Polícia do Rio de Janeiro. Passaram por ele cerca de um milhão de pessoas em situação de escravidão ao longo de 40 anos, tornando o cais o principal local de entrada de africanos escravizados de todo o continente americano.
O bem cultural foi revelado em 2011, durante as obras do Porto Maravilha. Em março de 2017, foi reconhecido como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Atualmente, faz parte do Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, ao lado do Jardim Suspenso do Valongo, do Largo do Depósito, da Pedra do Sal, do Centro Cultural José Bonifácio e do Cemitério dos Pretos Novos.