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RIO
Armazém da Utopia será o maior equipamento cultural para múltiplas funções do Rio de Janeiro
Foto: Ricardo Stuckert/PR
Fechado para obras de restauração e modernização por mais de um ano, o Armazém da Utopia reabriu as portas nesta quinta-feira (12), com a participação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O equipamento cultural localizado na Zona Portuária do Rio de Janeiro é considerado símbolo de resistência para a comunidade cultural do país, já que passou por tentativas de desmonte e apagamento em gestões passadas.
Ao lado do secretário-executivo do Ministério da Cultura (MinC), Márcio Tavares, Lula afirmou que o acontecimento faz parte do retorno da democracia ao país e que a cultura deve ser vista como investimento e não como gasto. “A cultura é uma das formas de você fazer com que 203 milhões de brasileiros e brasileiras se manifestem da forma que são, da forma que querem, para que a gente possa compreender o comportamento da sociedade brasileira e o resultado do povo que nós somos".
Márcio lembrou que o setor cultural gera 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, gerando quase 7 milhões de empregos. “Põe comida na mesa, mas, sobretudo, traz identidade, símbolos e valores que são muito maiores do que qualquer contabilização financeira".
"Presidente, sob a sua orientação, nós agora investimos em cultura em cada cidade desse país. Não há rincão desse país que não tem investimento público, dinheiro do governo federal que está no orçamento, verba obrigatória que não pode ser cortada nem retirada, em função do engenho dos fazedores de cultura que ajudaram a construir essas políticas que temos a honra de executar, transformá-las, qualificá-las nessa gestão. E o mesmo acontece com a Lei Rouanet, que é responsável pela realização desse teatro. Nós aumentamos o investimento a partir da determinação do presidente Lula, de que cultura não é gasto", completou o secretário.
O novo Armazém se transformará em um porto aberto para coletivos artísticos de trabalho continuado do Brasil de todo o mundo. O equipamento é composto por dois armazéns construídos no início do século 20, com mais de 5 mil quadrados.
Os artistas Tuca Moraes e Luiz Fernando Lobo foram os responsáveis pela condução da cerimônia. A dupla fundou a Companhia de Teatro Ensaio Aberto e dirige o espaço, que é a casa da Companhia.
Eles se revezaram contando como tudo começou. “A importância do restauro é evidente, um armazém portuário centenário, construído em 1910, na grande reforma de Pereira Passos, no momento em que a cidade do Rio de Janeiro se preparava para ser um dos portos mais importantes do mundo. Momento histórico da cidade onde se buscava esconder nossa herança negra e criar uma cidade à imagem e semelhança das cidades europeias, especialmente Paris. Hoje a Unesco reconhece essa área que estamos como a Pequena África, memória da cidade negra, memória de inúmeras lutas de libertação, memória do maior cais escravagista que o mundo conheceu, o Cais do Valongo. Nesta nova forma de ver e contar a história se insere a Companhia Ensaio Aberto e o Armazém da Utopia”.
Tuca contou que o Armazém da Utopia tem um foco inovador para a cultura e que será um espaço para provocar políticas públicas ao setor. “Que é o foco de se fazer uma rede para companhias de trabalho continuado, companhias longevas do Brasil, da América Latina e do mundo todo. Acho que esse é o grande desafio, porque esse é um segmento do nosso setor teatral desassistido de políticas públicas, historicamente, e que a gente vê que o governo federal tem um olhar diferenciado para os coletivos de trabalho continuado”, disse.
“E não vai beneficiar uma companhia, vai beneficiar companhias longevas do Brasil inteiro. É muito importante uma companhia do Rio poder trocar com uma companhia do Norte, do Nordeste, do Sul. Essa troca acho que vai ser bastante importante para esse segmento”, conclui Tuca.
Investimentos
Os investimentos do governo federal no Armazém foram de R$ 36 milhões. Destes, R$ 12 milhões foram investidos por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O restante do valor foi captado por meio de incentivo via Lei Rouanet.
A cerimônia também contou com a presença da primeira-dama, Janja Lula da Silva; a gerente de Patrocínios e Projetos do Instituto Cultural Vale, Marize Mattos e Nazz; da diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello; do presidente da Shell Brasil, Cristiano Pinto da Costa; e da atriz Bete Mendes.