“Quando democratizamos o acesso à cultura, reduzimos as desigualdades”, destaca ministra na abertura do 1º Encontro do MovCEU

Uma solução inovadora e criativa vai democratizar o acesso à cultura no país. Trata-se do MovCEU, uma van adaptada com biblioteca, estúdio de produção audiovisual, cinema de rua, que leva a arte às populações vulnerabilizadas, ribeirinhas, quilombolas e indígenas. Na manhã desta terça-feira (27), aproximadamente 120 gestores culturais de MovCEUs e CEU das Artes se reuniram, em Brasília, para participar do 1º Encontro do MovCEU. O encontro promovido pelo Ministério da Cultura (MinC) vai até dia 28 de agosto.

Na abertura da atividade, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, enfatizou a importância do programa e o papel dos MovCEUs na promoção da justiça social por meio da cultura.

"Com os MovCEUs damos mais um passo na democratização e universalização do acesso aos bens e serviços culturais, porque esses equipamentos culturais conectam os territórios e comunidades menores por meio da mobilidade. Quando democratizamos o acesso à cultura, reduzimos as desigualdades. Esse evento reafirma a nossa compreensão de que as políticas públicas da cultura não podem ser feitas de cima para baixo, mas em diálogo e escuta com a sociedade”, declarou a ministra.

A van circula por diversas localidades, garantindo a elas atendimento, ao menos, uma vez por mês. Todos os municípios e estados, suas autarquias e fundações públicas podem adquirir um MovCEU. O MinC deu início em julho deste ano à entrega de 36 veículos adaptados a 32 municípios brasileiros. 

Até o momento, 20 MovCEUs já foram entregues em 16 estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraíba, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

Cada um demandou investimento de R$ 615 mil, com recursos do Fundo Nacional de Cultura (FNC) e do Orçamento Geral da União (OGU).

Para Cecília Sá, subsecretária de Espaços e Equipamentos Culturais (SEEC) do MinC, os MovCEUs são instrumentos para as políticas culturais inclusivas. 

“Esses equipamentos culturais são muito mais do que simples veículos; são verdadeiros agentes de transformação social e de ativação das potencialidades culturais. Funcionam como pontes, conectando comunidades diversas e enriquecendo as relações entre centros urbanos e regiões interiores. Esses MovCEUs foram concebidos para romper barreiras e levar infraestrutura cultural onde a efervescência da nossa diversidade muitas vezes não chega. Sabemos que são essas pequenas localidades que mais carecem de acesso a equipamentos culturais", afirmou.

Também na mesa de abertura, o secretário-Executivo do MinC, Márcio Tavares, lembrou que o projeto amplia as plataformas de produção cultural e espaços para a expressão das diversidades locais. "Os MovCEUs surgiram como uma ideia genial e transformadora. Eles são, ao mesmo tempo, equipamentos para levar a cultura e produtores de cultura. Esses veículos garantem que o direito à cultura, inscrito na Constituição, possa ser exercido em todos os territórios do Brasil", ressaltou.

Diálogos

O evento foi marcado por duas mesas de debate que trouxeram reflexões sobre políticas culturais e o fortalecimento das ações de inclusão em diversas regiões do país. Na primeira mesa, intitulada: Experiências Inspiradoras, representantes de três projetos compartilharam suas vivências transformadoras: o CineSolar, a Biblioteca de Extensão (Bibex), e o Instituto A Cidade Precisa de Você. A mesa foi mediada por Maria Carolina Prado Lage, coordenadora-geral de Articulação e Parcerias.

Experiências

Cynthia Alário Rodrigues dos Santos, sócio-fundadora da Brazucah Produções Culturais, narrou a trajetória do CineSolar, um cinema movido a energia solar que percorre o Brasil, levando a Sétima Arte às comunidades que, muitas vezes, nunca tiveram acesso a uma sala de cinema. "Estou muito feliz de estar aqui hoje, compartilhando nossas histórias e experiências. O CineSolar completou 11 anos de estrada, viajando pelo Brasil e levando a magia do cinema para comunidades que, muitas vezes, nunca tiveram acesso a uma sala de cinema. Nosso objetivo é mais do que entreter, é fazer sonhar", contou Cynthia, destacando o impacto cultural e social do projeto.

Parcerias

A segunda mesa, mediada por Cecília Sá, teve como tema as Políticas Culturais do MinC: territorialização, ação em rede e parcerias. O debate abordou a importância de criar redes culturais integradas e a relevância das parcerias entre os diferentes níveis de governo e a sociedade civil para fortalecer as políticas culturais em todo o Brasil.

Márcia Rollemberg, secretária da Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC), destacou a amplitude das políticas culturais sob sua gestão. "A Cultura Viva é a base comunitária que dialoga diretamente com os territórios, promovendo pertencimento e identidade. É por isso que o MovCEU se torna uma ponte vital entre as diferentes culturas e comunidades, respeitando as singularidades de cada território e fortalecendo a gestão pública participativa", afirmou.

Além dela, compuseram a mesa Jéferson Assumção, diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas da Secretaria de Formação, Livro e Leitura (Sefli);  Márcia Lucena, diretora de Articulação Fomento e Educação (Dafe) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan); Laís Almeida, diretora de Projetos da Fundação Nacional de Artes (Funarte); e Teresa Cristina Rocha, diretora de Fomento Direto da Secretaria de Economia Criativa e Fomento Cultural (Sefic).

O evento também permitiu a troca de experiência com gestores dos CEUs das Artes, equipamentos multifuncionais que promovem a cidadania em territórios de alta vulnerabilidade.  

Os CEUs das Artes começaram a ser construídos em 2012, pelo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), e integram, em um mesmo espaço, programas e ações culturais, práticas esportivas e de lazer, formação e qualificação para o mercado de trabalho, entre outros serviços. Atualmente, existem 291 espaços culturais em funcionamento pelo país e as últimas obras estão sendo entregues pelo Novo PAC.

Apresentações culturais

Durante a programação do evento houve apresentações culturais: A Carroça do Mamulengos, conduzida por Maria Gomide e Ana Gomide, e Gaivota Naves, do Distrito Federal.

A Frente Nacional de Mulheres do Hip-Hop, representada por Ravena Carmo, Dj Ketlen, Aline Mc, Nimsai e Afro Honey, trouxe a batalha de rimas.  

No fim do dia, o Cine MovCEU exibiu uma série de curtas-metragens selecionados pela Secretaria do Audiovisual (SAV), incluindo Dois Riachões: Cacau e Liberdade, Meu Nome é Maalum, O Intronauta e A Árvore Já Foi Plantada.

Portal

Durante o encontro também foi lançado o portal do programa Territórios da Cultura. A nova plataforma, acessível por meio deste link, disponibiliza informações abrangentes sobre os diversos projetos culturais coordenados pelo Ministério da Cultura (MinC), destacando suas ações e impactos em todas as regiões do Brasil.