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“Essa exposição trata de amor à vida e vitórias, de mistérios e transformação”, afirma ministra na abertura de Dona Fulô e Outras Joias Negras
Foto: Maiara Cerqueira
Belíssima e impactante. Foi assim que a ministra da Cultura, Margareth Menezes, definiu a Exposição Dona Fulô e Outras Joias Negras, lançada na noite desta quarta-feira (6), no Museu de Arte Contemporânea da Bahia. A mostra é uma realização do Centro Cultural Banco do Brasil Salvador e será aberta ao público amanhã.
Com curadoria de Carol Barreto, Eneida Sanches e Marília Panitz, a exposição é inspirada numa coleção de joias brasileiras conhecidas como Joias de Crioula. A partir de uma fotografia em que uma mulher negra aparecia ricamente vestida e ornamentada, revela uma prática implementada pelas mulheres “escravas de ganho” e mulheres libertas, que evocavam sua história ancestral africana.
“A primeira vez que tive contato com essas joias, me fixei nas imagens que adornavam as mucamas africanas. Anos depois, tive a oportunidade de ser convidada a conhecer uma história inusitada de mulher negra instalada numa cadeira, irradiando uma energia magnética e uma doçura calma e profunda no olhar, carregada de ouro, mas, com tanta naturalidade com tudo aquilo. E se pararmos para pensar, é o ouro que a carrega”, contou a ministra.
A exposição é dividida em três núcleos, que mostram a história de mulheres como Florinda, Quitéria, Rita, Tia Ciara, Mãe Menininha ou Mãe Senhora, que compraram sua liberdade com o trabalho nas ruas.
“A imagem de dona Florinda nos traz um sinal de que aquelas mulheres negras, de alguma forma, forjaram um caminho a despeito das dores”, completa Margareth Menezes.
Dona Fulô tem curadoria de Carol Barreto, Eneida Sanches e Marília Panitz. E conta com obras de 22 artistas baianos contemporâneos - fruto da vasta e rica coleção de Itamar Musse.
“Itamar, você está contribuindo, efetivamente, com um novo olhar sobre o que significam os colecionadores. Sua contribuição extrapolou o hobby e o desejo, mas mostrar à Bahia e ao Brasil uma mulher negra que tem uma história fascinante”, saudou o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues.
Tarciana Medeiros, presidenta do Banco do Brasil, afirmou que essa é “muito mais do que a celebração estética e cultural, é um ato de resistência, resgate e afirmação da memória negra. Principalmente da mulher negra, numa sociedade que por tanto tempo tentou silenciar e tornar invisíveis suas histórias, lutas e conquistas”.
“Ao trazermos à tona essas figuras e suas histórias, estamos fazendo justiça. Justiça à memória daquelas que ao longo dos séculos moldaram nossa cultura”, concluiu ao afirmar que esse é o propósito da exposição, honrar essas mulheres e evidenciar seu protagonismo.
Flores Negras. Flores Lindas
O lançamento do livro Florindas – dividido nos volumes Joias na Bahia e Preciosa Florinda – completa a homenagem a essas mulheres. Textos e imagens contam a história de Florinda Anna do Nascimento e apresentam toda a coleção de joias do acervo de Itamar Musse.
Organizado pelo próprio colecionador, a obra conta com versos de Gilberto Gil. E ele próprio declamou o poema escrito especialmente para a publicação no ato que marcou o lançamento da exposição.
Serviço
Exposição Dona Fulô e Outras Joias Negras
Data: 7 de novembro de 2024 a 16 de fevereiro de 2025
Dias/Horários: terça a domingo, das 10 às 20h
Local: Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC) - Endereço: Rua da Graça, nº 284, Graça, Salvador (BA)