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ENTREVISTA
“A arte e a cultura têm um potencial social e econômico de transformar vidas”, diz ministra Margareth Menezes
- Foto: Filipe Araújo/ MinC
O primeiro bloco afro do Brasil, o Ilê Aiyê, completou 50 anos. Muito mais que uma agremiação de carnaval, o grupo se tornou um dos maiores símbolos de representatividade, afirmação da cultura afro-brasileira e luta contra o racismo. Por meio da música, arte e dança, o Ilê Aiyê já transformou vidas no bairro da Liberdade, em Salvador (BA), como apontou a ministra da Cultura (MinC), Margareth Menezes, em entrevista ao Globonews, no último domingo (4).
“O Ilê Aiyê foi idealizado para ser um bloco de Carnaval, mas para a comunidade era a possibilidade de visitar outras formas da cultura e poderes do povo negro. Nas músicas e danças o povo teve a autoestima elevada. A arte e a cultura tem um potencial social e econômico de transformar vidas”, explicou a ministra.
Ainda na entrevista, Carlinhos Brown, cantor e multi artista, falou que a criação de um bloco somente com negros, mostrou à população que “os negros também tinham um lugar para convivência”, disse.
Representatividade
Ao longo de sua trajetória, o Ilê Aiyê se consolidou como um dos blocos afro mais importantes do Carnaval baiano. Com uma estética que destaca a beleza e a ancestralidade, seu repertório é composto por canções que exaltam a história e a resistência do povo negro, com letras que abordam temas como a luta contra o preconceito, a valorização da cultura africana e a busca pela igualdade.
Durante a entrevista, Vovô do Ilê, presidente do Ilê Aiyê, explicou que as músicas do grupo têm função educativa e transformam como as pessoas vivem e se relacionam com a cultura. “A música educa! Quando a gente trata de um tema, falamos da África, falamos da juventude negra. É uma contribuição para a sociedade cantar músicas de blocos afro”, explicou.
Social
Além dos desfiles durante o Carnaval, o Ilê Aiyê realiza ao longo do ano uma série de atividades culturais e sociais, incluindo projetos educacionais, oficinas de percussão, literatura, canto e dança, e eventos que promovem a integração da comunidade. “Em todos os lugares que tem diáspora negra, existe uma revolução acontecendo e o Ilê é essa revolução. As pessoas que construíram o Ilê Aiyê são heróis do nosso povo”, disse a ministra.