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Primeira fase do projeto Citar inicia processo de independência espacial do Brasil
O espaço é visto por muitos como uma área de harmonia cósmica, mas a verdade é que é um meio inóspito de energias extremas, repleto de radiações capazes de matar um ser humano. Imagine, então, o que pode ocorrer com os circuitos eletrônicos de satélites, cujos dados podem ser alterados ou os equipamentos, danificados. A produção desses circuitos é extremamente sensível, regulada mundialmente para evitar que países utilizem satélites com fins militares e para restringir o número de governos com acesso a dados da Terra.
Para mitigar os efeitos dos embargos no fornecimento desses componentes ao Brasil foi criado o Projeto CITAR/FINEP, a fim de consolidar no Brasil a competência para o desenvolvimento do ciclo completo de Circuitos Integrados de Aplicação Específica (ASICs) tolerantes à radiação ionizante para uso em satélites com fins pacíficos. A iniciativa multi-institucional uniu cientistas do Centro de Tecnologia da Informática Renato Archer (CTI), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Agência Espacial Brasileira (AEB), Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP), Instituto de Estudos Avançados (IEAv), Centro Universitário FEI (FEI) e Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).
Neste ano, a primeira fase do projeto que levou dez anos de pesquisa, terminou com sucesso. “A primeira fase foi bem-sucedida em todos os quesitos. Houve a criação de infraestrutura laboratorial, que permitiu que nossos pesquisadores, unindo expertises de físicos e engenheiros, tivessem inserção na comunidade cientifica internacional e os laboratórios passassem a constar no mapa de testes de radiação. Passamos a existir nessa área diante da comunidade cientifica internacional na parte de infraestrutura laboratorial e no desenvolvimento de equipamentos eletrônicos resistentes à radiação”, afirma Saulo Finco, coordenador do Projeto CITAR e pesquisador do CTI Renato Archer.
Para o diretor do Inpe, Clézio Marcos de Nardin, o setor espacial precisa ser visto como infraestrutura básica do País, como são ruas, estradas, aeroportos e portos. “O país que tem um setor espacial forte, tem uma infraestrutura forte. Com essa premissa, é importante entender que o desenvolvimento dos componentes é uma parte sine qua non para garantir a independência do país de acesso ao espaço. E aí se encaixa o Projeto CITAR”, diz Nardin, em vídeo produzido para divulgar o projeto. Veja no vídeo abaixo a experiência de cada instituição na primeira fase do CITAR.