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Tecnologia para arte:
Pesquisadora do CTI coordena desenvolvimento de ambiente para criação e expressão artística
Há muito tempo, a arte contemporânea tem sido um cenário proeminente de práticas híbridas, intermediárias, envolvendo, som, imagem, performance. Motivada por esse cenário, a pesquisadora do CTI Renato Archer, Artemis M. F. Sanchez Moroni, coordenou o desenvolvimento do Disc-Rabisco, uma instalação interativa que – com base na Inteligência Artificial -possibilita a criação de composições audiovisuais.
O projeto foi finalista da primeira fase da OpenCV-AI 2021, evento internacional que busca difundir globalmente técnicas de Inteligência Artificial, realizado em março deste ano. “A ideia da equipe neste projeto foi a de criar uma instalação interativa que proporcionasse - até para um usuário sem familiaridade com técnicas artísticas - uma experiência criativa e expressiva por meio de uma forma de interação baseada em estudos de movimento”, conta Artemis.
Como funciona
O Disc-Rabisco funciona capturando o movimento da mão direita do visitante e apresenta sua trajetória na tela do computador, em diferentes cores e efeitos visuais, em analogia com um rabisco. “As tecnologias de detecção de movimento permitem o projeto de interfaces gestuais, onde um interator move o corpo no ar” sem manipular ou entrar em contato com um objeto físico. ´
No Disc-Rabisco, as composições acontecem sobre as faces de um “cubo conceitual” que tem associado a cada uma de suas faces um sistema diferente de cores e uma trilha sonora associada ao movimento”, explica a pesquisadora do CTI.
O usuário pode escolher entre três formatos de traços diferentes para exibir o rabisco. Além disso, cada face do cubo tem uma orientação diferente, ou seja, o mesmo gesto realizado em outra face do cubo tem um resultado diferente. “Como em um jogo, esse recurso é explorado e causa surpresa, induzindo o usuário a mudar seu comportamento quando ele passa a atuar em outra face do cubo”, esclarece.
Artemis afirma que a instalação pode ser utilizada também por pessoas com deficiência visual, para criação de composições visuais e como para ferramenta em Terapia Ocupacional.
A pesquisadora desenvolveu o projeto junto com a com a equipe Re-Drawing Campinas, formada pelo pesquisador do CTI , Pedro Paiva, e pelos professores da Unicamp, Jônatas Manzolli (IA-NICS) e Tiago Tavares (FEEC). Além dos pesquisadores do CTI e dos professores da Unicamp, a equipe contou com os alunos PIBIC/CTI Cássio Dezotti, Elton do Nascimento, Thiago Lacerda e Gabriel Kuae, e as alunas voluntárias Marcela Medicina e Daniele Gonçalves. Cássio Dezotti desenvolveu o primeiro protótipo do Disc_Rabisco durante a sua Iniciação Científica no CTI, orientado por Artemis Moroni.
Mais sobre a interatividade, tecnologia e arte
Desde a década de 1960, a barreira tradicional entre observador e obra artística também se diluiu. O pintor Jackson Pollock foi um dos precursores da quebra dessa barreira quando, impaciente com os métodos convencionais artísticos, colocou sua tela no chão respingando tinta para formar configurações surpreendentes. Pollock foi aclamado como um dos iniciadores de um novo estilo conhecido como "action painting" ou Expressionismo Abstrato. ( exemplo de quadro ao lado)
Com o advento da interatividade baseada em computador, um novo tipo de experiência surgiu também no processo de criação artística. A pesquisadora do CTI explica que a interação, nesse caso, proporcionou uma nova forma de relação entre o artista e o dispositivo. “Na arte interativa baseada em computador, a atividade é não apenas psicológica, mas também constituída por meio de trocas que ocorrem entre uma pessoa e um dispositivo. Essa outra forma de interação possibilita novas formas de expressão humana, maior acessibilidade ao desenvolvimento artístico e até mesmo a utilização desses dispositivos como ferramentas terapêuticas”, finaliza Artemis.
Conheça o Disc-Rabisco no vídeo abaixo: