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CNEN apresenta Gestão do Conhecimento na AIEA
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), proponente do evento, foi representada por Daniela Rey Silva, que abordou a experiência do Laboratório de Poços de Caldas (LAPOC/CNEN), apresentando o tema “Brazil’s approach to Knowledge Management (KM)”. Incialmente, foi feita uma breve apresentação do setor nuclear brasileiro, que compreende, além da CNEN, a Amazul, a Nuclep, a Eletronuclear e a Indústrias Nucleares do Brasil (INB).
De acordo com Rey Silva, o principal desafio da gestão do conhecimento (GC) é não perder anos de experiências e saberes acumulados, sobretudo pelas dificuldades em contratar novos trabalhadores devido a políticas governamentais. “O conhecimento na área nuclear é difícil de adquirir, requer altos investimentos e longo tempo para ser desenvolvido, a perda desse conhecimento crítico pode resultar em impactos negativos na segurança. Ainda não é possível gravar o cérebro em dispositivos”, comentou.
Enfatizando que a GC na CNEN faz parte do planejamento estratégico da instituição, Rey Silva destacou que o referido programa tem como objetivo garantir a identificação, captura, disseminação, transferência, armazenamento e preservação do conhecimento crítico. Também mencionou o grupo de trabalho que está desenvolvendo uma Política de Gestão do Conhecimento, com foco na avaliação da maturidade da GC e no mapeamento do conhecimento crítico em cada unidade da Autarquia.
“Em 2021, com o apoio da AIEA, foi realizado o Knowledge Management Assist Visit (KMAV) – Nível 1 na CNEN, com a participação de todos as unidades técnico-científicas, com o objetivo de conscientizar e orientar a comunidade sobre GC”, destacou Rey Silva, adiantando que, em novembro, será realizado o KMAV - Nível 3, fruto de parceria entre a CNEN e a Amazul, novamente com o suporte da AIEA.
Para 2025 – prosseguiu Rey Silva – a intenção é estabelecer um Plano de Sucessão para o conhecimento crítico mapeado na CNEN. “E, até 2027, criar Comunidades de Prática (CoP) relacionadas a cada macroprocesso estratégico e desenvolver repositórios gerais e específicos para cada unidade”.
Na sequência, foi feito um overview da GC nas instituições que integram o ecossistema nuclear no país. Nas Indústrias Nucleares do Brasil (INB), a GC está integrada às atividades com o objetivo de promover um ambiente propício para o compartilhamento de conhecimento. Em 2018, uma avaliação de maturidade foi realizada, classificando a instituição no nível "Introdução" (práticas de Gestão do Conhecimento são observadas em algumas áreas da instituição).
A NUCLEP, por sua vez, conta com um procedimento padrão com diretrizes para GC, aplicável a todos os funcionários. Um grupo de trabalho foi formado para desenvolver e implementar ações nessa área. Tanto o Plano de Apoio à Aposentadoria quanto o Plano de Demissão Voluntária incorporaram essas diretrizes, exigindo a retenção de conhecimento como condição para a adesão dos colaboradores. Novos regulamentos internos estão sendo emitidos, com disposições explícitas para a transmissão de conhecimento a cada funcionário, com a participação ativa dos gestores, informou Rey Silva.
Assim como na CNEN, a Nuclep também integrou a GC ao seu planejamento estratégico, tendo sua eficácia avaliada por meio de indicadores medidos trimestralmente. Segundo Rey Silva, “a criação de um banco de talentos interno já está em andamento. O grupo de trabalho está estruturando o mapeamento do conhecimento estratégico da NUCLEP, baseado em seus objetivos institucionais e seu plano estratégico para os próximos anos”.
Case LAPOC
Ao apresentar o estudo de caso do LAPOC “Estratégias eficazes de baixo custo para mitigar a perda de Conhecimento Nuclear Crítico”, Rey Silva pontuou como a força de trabalho da LAPOC está diminuindo, devido, principalmente, ao envelhecimento da força de trabalho e ao fato de que uma parte significativa dos funcionários está se aposentando, resultando em uma redução gradual no número de colaboradores ativos.
O “gatilho” para a GC no LAPOC, segundo Rey Silva, foi o risco de perdas de (1) conhecimento acumulado por profissionais seniores, (2) capacidade analítica e (3) administrativa para gerenciar a unidade. “Então, a gente entendeu que era preciso cuidar do nosso conhecimento de forma estratégica, sistemática, integrada, abrangente e permanente”, disse. Além dela, trabalham no projeto Ricardo Alfenas, Humberto Nicanor Rios Carlos Soares dos Santos, “uma equipe coesa para um trabalho tão desafiador”.
Rey Silva também comentou sobre a evolução da GC no LAPOC, desde o primeiro treinamento realizado na Escola de Trieste, pela AIEA, em 2015, até a celebração dos cinco anos do grupo de trabalho, que culminou com os prêmios Intranet & Digital Workplace Awards e Davos Green Learning Awards. Por fim, mencionando o passo a passo do trabalho de GC na instituição, a palestrante apresentou um vídeo com amostras dos registros realizados.
A 68a Conferência Geral da AIEA está sendo realizada no Vienna International Center, sede da AIEA, vinculada à ONU, e termina nesta sexta-feira, 20.
Texto e fotos: Ana Paula Freire Artaxo/CNEN