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Seminário da CISI celebra 33 anos de história na luta pela saúde indígena e defesa da democracia
Foto: CNS
A Constituição de 1988, frequentemente chamada de "Constituição Cidadã", foi um divisor de águas para os povos indígenas do Brasil. Em suas palavras de abertura no Seminário dos 33 anos de Existência e Resistência da Comissão Intersetorial de Saúde Indígena (Cisi), Clóvis Ambrósio, do Conselho Indigenista de Roraima, ressaltou a importância desse documento histórico. Ele enfatizou que, sem a proteção e os direitos assegurados pela Constituição, a luta pelos direitos indígenas seria ainda mais árdua. “Se não fosse a constituição cidadã não estaríamos aqui.”, destacou.
Luiz Penha, coordenador-adjunto da Cisi e representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) no Conselho Nacional de Saúde (CNS), ressaltou a significância das três décadas de história das instituições envolvidas. Ele destacou o esforço coletivo das lideranças de todo o país na organização e na busca por direitos, incluindo o acesso à saúde indígena, que se tornou uma das prioridades. Penha também apontou para o desafio crescente das mudanças climáticas, que afetam diretamente as comunidades indígenas e sua relação com o ambiente.
Cisi
Nos seus 33 anos de história, a Cisi tem se constituído em um espaço de controle social democrático de debates, reivindicações, denúncias e encaminhamentos sobre a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas.
“Nesses mais de três décadas, construímos uma história com pautas expressivas, demandas dos territórios e dos indígenas que vivem nos centros urbanos e que merecem ser lembradas e contadas para incentivar e fortalecer as lutas atuais e futuras dos mais de 1.600 mil povos indígenas do nosso país, lembrando que, de 1.500 até agora, mais de 70% dessa população foi dizimada”, ressaltou Vania Leite, coordenadora da CISI.
Uma História de Resistência e Conquistas
O Seminário dos 33 anos da CISI reuniu líderes indígenas, representantes de organizações da sociedade civil e autoridades governamentais para discutir os desafios enfrentados pelos povos indígenas, bem como as estratégias para fortalecer suas lutas e garantir seus direitos. A presidenta da Funai, Joênia Wapichana, expressou a alegria em participar do evento e destacou a importância de retomar políticas indigenistas que respeitem e valorizem a diversidade cultural e territorial desses povos.
"Esses 33 anos são apenas parte da história que a Cisi vai construir para ajudar o movimento indígena. A Cisi se fez com parceiros e atua junto com eles", disse Rildo Mendes, coordenador da Cisi, enfatizando a colaboração e a importância da parceria na busca por melhores condições de saúde para os povos indígenas.
A interculturalidade e a diversidade foram temas centrais das discussões, com ênfase na importância de incorporar práticas e medicinas tradicionais indígenas na política de saúde. Para Lucinha Tremembé, da Sesai, a Cisi desempenha um papel crucial no controle social e na promoção da saúde indígena na ponta, garantindo que as vozes e necessidades dessas comunidades sejam ouvidas e atendidas. A gente tem que estar sempre demarcando território.
Urgências climáticas
O presidente do CNS, Fernando Pigatto, natural de Rosário do Sul (RS), agradeceu a solidariedade que os gaúchos vem recebendo. Pigatto enfatizou a relevância dos 33 anos da Cisi e sua conexão intrínseca com o enfrentamento das urgentes questões climáticas, bem como com a saúde e a demarcação dos territórios indígenas.
Ele mencionou um vídeo de uma reunião ministerial durante a pandemia, no qual o ministro do meio ambiente falou em aproveitar o momento para fazer mudanças drásticas em diversos setores. Pigatto ressaltou a importância de relembrar esse vídeo como um símbolo das ações incentivadas pelo governo brasileiro durante a pandemia, que em vez de ajudar a resolver os problemas, agrava as situações. “O momento que a gente vive e a iniciativa que a Cisi teve de propor esse seminário apontam a sensibilidade que a gente precisa ter neste momento significativo”
Segundo Pigatto, o Conselho estará atento aos desdobramentos das decisões tomadas, buscando transformar a realidade do país. Ele ressaltou que há muito a ser feito, mas expressou confiança na contribuição contínua da Cisi nesse processo. Parabenizou os 33 anos de existência da Comissão, reconhecendo o papel essencial que ela desempenha na história, e desejou vida longa ao Sistema Único de Saúde, onde a Cisi tem desempenhado um papel fundamental desde sua criação.
Documentário e Linha do Tempo
Durante o seminário foi lançado o documentário “33 Anos de existência e resistência na garantia de uma saúde indígena com ética e étnica nos territórios indígenas”. A produção traz depoimentos de conselheiras e conselheiros nacionais de saúde e demais integrantes que atuam ou já trabalharam na Cisi desde sua criação. O filme retrata os desafios para a participação social no âmbito do SUS na construção e avaliação das políticas de saúde para indígenas.
Confira o documentário:
Ascom CNS