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Pics: CNS participa de lançamento de frente parlamentar em defesa dos saberes tradicionais
Foto: CNS
Na última quarta (20/09), foi criada a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Saberes Tradicionais e das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde no SUS. Iniciativa das deputadas Ana Paula Lima (PT-SC) e Erika Kokay (PT-DF), a frente pretende contribuir, de dentro do Congresso Nacional, com a ampliação e fortalecimento da oferta de terapias integrativas na rede pública de saúde. Por ser mista, a frente reúne integrantes da Câmara e do Senado.
Na ocasião, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) foi representado pelo coordenador da Comissão Intersetorial de Promoção, Proteção e Práticas Integrativas em Saúde do CNS, Abrahão Nunes da Silva. Entre as equipes e militantes do SUS, as terapias integrativas e complementares são conhecidas pela sigla Pics.
A criação dessa frente parlamentar ocorreu no mesmo dia em que se completaram 17 anos de adoção da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC).
Desde então, são adotadas na rede pública práticas como Ayurveda, Homeopatia, Medicina Tradicional Chinesa, Medicina Antroposófica, Plantas Medicinais/Fitoterapia, Arteterapia, Biodança, Dança Circular, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Terapia Comunitária Integrativa, Termalismo Social/Crenoterapia e Yoga.
Como destacou a deputada Erika Kokay, essas terapias não têm por objetivo negar ou substituir os métodos científicos tradicionais. “Não estamos negando a ciência, e sim defendendo a promoção do olhar que enxerga a inteireza das pessoas, a complexidade existencial, a ciranda da vida”. Ou seja, a proposta é ampliar os cuidados para além da medicação e como apoio às intervenções clínicas.
Para o conselheiro nacional de saúde Abrahão Silva, apesar de já terem sido incorporadas às terapêuticas do SUS, essas práticas ainda precisam ser oferecidas a mais pessoas e chegar a mais unidades de saúde, já que as terapias integrativas são comumente adotadas por pessoas que podem pagar por elas na rede privada.
“O que mais me emociona quando falo de Pics é a alegria, a satisfação daquelas pessoas mais simples, que moram em ocupações urbanas e rurais, quando recebem um tratamento desse. Muitas pessoas não tinham a noção que o SUS poderia oferecer essas práticas, essas terapias, para os mais pobres. Hoje, infelizmente, a maioria da população que precisa, não tem acesso”, disse. “Muitas vezes, são intoxicadas com excesso de medicamentos”, completou.
Segundo Abrahão, o acesso às terapias complementares é também uma questão de democracia: “As pessoas têm direito de escolher como querem ser tratadas. O SUS precisa oferecer a toda a população esses tratamentos. Para nós, do Conselho Nacional de Saúde, é triste ver que após 17 anos de instalação dessa política, o espaço e o orçamento para as Pics ainda é pequeno. Peço ao Congresso que, junto com o governo, faça algo ousado e que leve essas práticas ao conjunto da população para melhorar a vida das pessoas, especialmente as que moram nas periferias”.
Meditação no Congresso
A sessão de criação da Frente Parlamentar foi encerrada de forma incomum aos ritos do Congresso. Numa demonstração viva das práticas integrativas e complementares em saúde, a psicóloga e terapeuta Doralice Oliveira Gomes, trabalhadora do SUS no Distrito Federal, convidou os presentes no plenário Ulysses Guimarães a experimentarem um exercício de relaxamento e meditação.
“A gente pode falar teoricamente sobre o que é uma terapia, mas a gente só sabe o que é quando deixamos ela passar por nossa vida, por nossa existência”, disse ela. Da tribuna, com a ajuda de uma música relaxante de fundo, Doralice pediu que todos adotassem um momento de introspecção, em pé, sentindo-se como uma árvore, cujas raízes os conectassem com a terra, com os antepassados, com o trabalho e consigo mesmos. Após pouco mais de três minutos de exercício, Doralice pediu que as pessoas pensassem em alguém querido ou que as tivesse ajudado em momentos difíceis.
Ao final, depois de aproximadamente seis minutos de exercício – o tempo de fala na tribuna é limitado a quatro minutos –, Doralice foi muito aplaudida. Questionada se o ambiente da Câmara não teria energia negativa acumulada o bastante para atrapalhar o exercício que propôs, ela respondeu: “Não percebi, eu só conseguia pensar em meu filho e nas minhas amigas que estavam no plenário”.
Ascom CNS