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Tuberculose: Desigualdade social dificulta o tratamento da doença no Brasil
Fotos: CNS
Os desafios para tratar a tuberculose, reduzir o número de óbitos e zerar o número de famílias afetadas por “custos catastróficos” causados pela doença estiveram entre as principais discussões realizadas pelos conselheiros e conselheiras nacionais de saúde, na quarta (15/03), durante a 340ª reunião ordinária do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
O assunto foi tema da mesa Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Microbactérias não tuberculosas da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, com participações da secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, e do ex-coordenador do Grupo de Trabalho (GT) do CNS pelo fim da tuberculose, Jair Brandão de Moura Filho.
A tuberculose é uma doença transmissível que atinge o pulmão, mas também pode acontecer em outros órgãos do corpo, tendo como principal sintoma a tosse persistente. O tratamento é longo, de no mínimo 6 meses, mas tem cura quando realizado até o final. A única vacina disponível contra a doença é a BCG, usada para proteger crianças contra formas graves da doença.
Segundo o WHO Global Report, estima-se que 10,6 milhões de pessoas adoeceram por tuberculose em todo o mundo, em 2020. Antes da Covid-19, a tuberculose era a doença infecciosa que mais matava pessoas em todo o mundo. Estima-se que para se controlar o avanço da doença no mundo, seria necessário investimento de US$ 13 bilhões, no entanto o valor investido atualmente é de aproximadamente US$ 5,4 bilhões.
O Brasil integra a lista dos 30 países com maior número de casos de tuberculose, concentrando um terço de toda a doença na região das Américas. Segundo Ethel Maciel, o fim da tuberculose no país é uma agenda prioritária do Ministério da Saúde.
Atualmente, existem 36 casos de tuberculose para cada 100 mil habitantes e a cada ano, são mais de 78 mil novos casos da doença no Brasil, sendo 63,3% em pessoas pretas. O número de óbitos causados pela doença chega a 5 mil. “Morrer por tuberculose em pleno século 21 é uma falha gigantesca do sistema de saúde. Nossa meta é reduzir, até 2035, a incidência do número de casos novos por ano para 10 casos por 100 mil habitantes. Também queremos alcançar menos de 230 óbitos. Temos um enorme desafio pela frente”, afirma Ethel.
Desigualdade
Apesar do tratamento ser gratuito no Sistema Único de Saúde (SUS), combater o avanço da tuberculose ainda é uma dificuldade. Segundo o Ministério da Saúde, 48% das famílias afetadas pela tuberculose no Brasil gastam mais de 20% da renda familiar para tratar a doença, o que é chamado de custos catastróficos.
“Infelizmente, muitas pessoas que vão até a unidade de saúde e não tem acesso à raio-x, por exemplo, e precisa gastar com transporte e alimentação para realizar o exame em outro local. As pessoas são pobres e a tuberculose as deixa mais pobres ainda. Nossa meta é zerar o número de famílias afetadas por estes custos”, afirma Ethel.
Mesmo quando infectadas, não são todas as pessoas que desenvolvem a doenças, sendo que as mais vulneráveis são as pessoas que moram juntas em ambientes com pouca ventilação, insalubres, sem condições de ter alimentação adequada, o que diminui a imunidade. A tuberculose afeta desigualmente a população brasileira e aqueles que vão desenvolver a doença são as populações em situações de rua, no sistema prisional, indígenas e pessoas abaixo da linha de pobreza.
GT
Em agosto de 2022, o CNS criou o Grupo de Trabalho (GT) para atualizar a Resolução CNS n° 444, que trata das ações de combate e prevenção à tuberculose no SUS. O documento será apresentado aos conselheiros e conselheiras nacionais de saúde para aprovação. “É uma resolução que existia há mais de dez anos e é tida como referência por pesquisadores, gestores e sociedade civil nas discussões que envolvem a tuberculose”, afirma Jair Brandão.
O Ministério da Saúde deverá lançar, ainda em março, uma campanha publicitária para alertar a população sobre a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento. No dia 24/03 é comemorado o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, a data foi criada 1982 pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Assista a 340ª Reunião Ordinária
Ascom CNS