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“Ninguém está livre dos agrotóxicos nos alimentos”, alerta pesquisadora em debate do CNS
Fotos: CNS
O impacto dos agrotóxicos nos alimentos para a saúde da população brasileira foi tema de debate na 338ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde (CNS). A reunião acontece nesta quarta e quinta (25 e 26/01), durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre -RS.
Vanda Garibotti, representante do Centro Estadual de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (SES/RS), explica que o maior volume dos agrotóxicos utilizados no Brasil está na atividade agrícola. “Agrotóxicos como o glifosato estão nas porções de alimento nosso de cada dia, ninguém está livre. Toda a população pode estar exposta a resíduos presentes tanto na água como nos alimentos.”
Vanda chamou atenção para a necessidade das ações de saúde e políticas que reduzam o uso de agrotóxicos na agricultura, além de ressaltar a falta de notificação nos sistemas oficiais. “Precisamos sensibilizar a rede de saúde para o risco e para os diagnósticos adequados. Não é possível que municípios passem décadas sem nenhum registro de intoxicação.”
Já Janine Giuberti Coutinho, Coordenadora do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), expôs sobre a presença de agrotóxicos em alimentos ultraprocessados. “Pesquisamos dados de mercado para investigar produtos com alta demanda de consumo. Verificamos que 51% dos produtos apresentaram glifosato e glufosinato."Produtos à base de carne e para alimentação diária de crianças também apresentaram altos índices de agrotóxicos, muitas vezes de diferentes substâncias tóxicas.
Janine também chamou atenção para a urgência da retomada do PARA - Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, programa promovido pela Anvisa desde de 2001 e descontinuado durante a pandemia da Covid-19.
Leonardo Melgarejo, da coordenação do Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, afirmou que é preciso tratar o problema de forma ampla. “É possível produzir sem veneno. Mas é necessário a atuação da sociedade civil e de representantes políticos, para promoção e estímulo de atividades adequadas à redução de agrotóxicos.”
A mesa também contou com a participação Márcia Leopoldina Mantanari Correa, Professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso, que apresentou a situação do uso de agrotóxicos no estado, maior consumidor dessas substâncias no Brasil.
Conselheiras e conselheiros exigiram medidas mais energéticas para redução dos agrotóxicos nos alimentos, como a revogação do PL 6299/2002, conhecido como PL do veneno, e a retomada da atuação do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).
Ascom / CNS