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“Participação social deve ser aliada nas campanhas de saúde pública”, diz presidente do CNS em evento internacional
Foto: CNS
Convidado a participar de encontro promovido na terça (22/08) pela Americas Society Council of the Americas (AS/COA), organização dirigida por empresários e financistas internacionais, o presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto, destacou que a participação e o controle social no enfrentamento à pandemia de Covid-19 trouxeram importantes lições que devem ser consideradas em futuros eventos de igual porte.
A AS/COA tem como fundador o banqueiro David Rockfeller (1915-2017) e entre os atuais dirigentes da entidade estão Andrés Gluski, presidente da AES, e Susan Segal, executiva financeira com passagens por bancos multinacionais.
Um dos pontos de discussão propostos no encontro foram as estratégias de comunicação e informação adotadas no Brasil durante a pandemia. Outros participantes, representando laboratórios, hospitais privados e sociedades médicas, haviam criticado os desencontros, fake news e exageros que marcaram o fluxo comunicacional no país em torno da Covid-19.
Por sua vez, Pigatto, depois de condenar o negacionismo do governo anterior, afirmou que a comunicação, quando envolve a participação das comunidades em seus próprios territórios, tende a ser mais eficiente.
“Não se deve comunicar apenas para as pessoas, mas com as pessoas. No Brasil, há exemplos exitosos de como, quando a comunidade participou e ajudou a elaborar estratégias de comunicação, a pandemia foi mais bem enfrentada e a população se protegeu melhor”, disse Pigatto.
“A cultura local e suas manifestações, quando interligadas à comunicação, obtêm maior engajamento das pessoas no processo de vacinação, por exemplo”, completou o presidente do Conselho. Segundo ele, os canais de comunicação, tanto oficiais quanto privados, terão mais apelo popular se adotarem estratégias baseadas nos saberes locais. “”Uma roda de samba, uma apresentação teatral, por exemplo, ajuda a ganhar a confiança da comunidade”.
Outra parceria importante a ser desenvolvida para informar e engajar a sociedade, na opinião dele, deve vir da rede de ensino.
Pigatto também ressaltou que as desigualdades sociais foram grandes obstáculos à saúde pública durante a pandemia. “Por mais que nós falemos em inovação tecnológica, desenvolvimento de pesquisas e tantas outras coisas, as pessoas precisam ter vida digna em seu dia a dia. A proteção social deve vir junto com o atendimento à saúde, para que as pessoas tenham acesso a trabalho, moradia digna, alimentação de qualidade”.
Por questões como essas, o presidente do CNS defendeu que o Brasil adote uma política de registro histórico da pandemia de Covid-19. “Nós precisamos ter a memória do que aconteceu, para que não aconteça mais”. O desafio se estende, segundo ele, aos desdobramentos pós-Covid, muitos ainda não conhecidos, mas que não podem ser ignorados.
Denúncia internacional
Em setembro de 2022, o CNS fez uma denúncia internacional e entregou à Organização das Nações Unidas (ONU) o relatório “Violações dos Direitos Humanos no Brasil: Relatório de Casos no Contexto da Pandemia da Covid-19”. O documento apresenta recomendações aos órgãos e instituições locais, nacionais e internacionais, aponta a responsabilização de culpados e reparação dos direitos violados.
O documento foi elaborado pela Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil (AMDH), sob coordenação do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH Brasil), do Processo de Articulação e Diálogo Internacional (PAD) e do Fórum Ecumênico ACT Brasil (FE ACT Brasil), com participação direta cem organizações e movimentos sociais.
Ascom CNS